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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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Um espaço de pensamento livre.

30.05.20

Caldeirada Com Todos... “Miss X”


sardinhaSemlata

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A pandemia fica-lhes tão bem
 
 
 

O mundo e a sua stand up comedy têm sido um excelente entretenimento não fosse este pormenor chato de haver cada vez mais pobreza e este pequeno detalhe de pessoas a morrer à mercê de uma pandemia, que nenhum oráculo político ou económico previu.

Trump e Bolsonaro têm vivido profundas crises temperamentais, polvilhadas pela mais absoluta estupidez humana. Não haveria espaço suficiente para enumerar todos os seus teatrinhos que perseguem os direitos constitucionais dos cidadãos, que alegam representar democraticamente.

A coerência ditatorial de Kim Jong-un e Nicolás Maduro seria de fazer inveja a estes líderes que fingem a democracia todos os dias, não fosse a chatice da sua obsessão por "disciplinar a sociedade" com os mais abjectos actos contra os direitos humanos.

Em terras de Camões não andamos à caça de gambozinos, mas de peregrinos que andam a espalhar a Fé, esta sim, verdadeiramente contagiosa e um perigo para a saúde pública. Há que abalroá-los e atirá-los ao chão da forma mais cinematográfica possível, porque os maus e os vilões têm de ser apanhados custe o que custar. 

Se a realidade fosse como a ficção, Tyrion Lannister diria: "A morte é tão aborrecida, especialmente agora com tanta animação que há no mundo". 

 

 

Miss X

 

29.05.20

Morte à tolerância


JB


  Sou contra a tolerância.

  Argumento que a tolerância é a razão de muitos males. 
  Não foi certamente a tolerância a culpada de um polícia, nos Estados Unidos (where else?) esmagar o pescoço de um cidadão durante vários minutos, enquanto era filmado e ainda se ouviam pedidos de socorro. Não foi a tolerância que provocou a morte desse cidadão de origem africana. Não foi a tolerância a responsável pela sequência dantesca de imagens, em que um psicopata, com as mãos nos bolsos (que para mim, por algum motivo, torna tudo mais chocante) e com o ar mais tranquilo do mundo, aplica uma pressão constante e assassina  em George Floyd. 
  Não posso garantir que foi racismo, assim como existem muitas outras coisas igualmente óbvias que não posso garantir, mas para mim isso não é importante, foi um assassinio a sangue frio e que deixará ondas de choque durante muito tempo. Ondas de choque que já se sentem, discussões sobre a alegada  resistência da vítima,  virem à tona muitos vídeos onde os polícias são ensinados essa 'técnica de esmagar pescoços', mais uma vez, cada um veste a camisola do seu clube e vai para o respetivo lado da bancada mandar bitaites. 

  O que pensarão, os vizinhos, os amigos, os sobrinhos, todos os de etnia africana que conheciam o George Floyd, o medo que devem sentir, a raiva e a frustração. 
  A esses a grande promessa da sociedade é, 'nós vamos melhorar, seremos mais tolerantes!'

  Odeio a palavra tolerância, afasta-nos, torna-nos menos empáticos. Como ter empatia por alguém que me pedem para tolerar?

 Detestável.

 Quando foi a última vez caro leitor, que recebeu um convite para ir a qualquer lado e a pessoa que o convidou disse, 'bora ir ao café central? Estão lá uns primos meus, mas podes vir na boa que eles toleram-te'. Ou imagine que é calvo e antes de entrar no El Corte Inglês vê um cartaz 'toleramos carecas, bem vindo'.

Alguém tem a ambição de ser 'tolerado'?  

Será que pode haver palavra mais paternalista (no mau sentido)mais carregada de superioridade e denotadora de ausência de empatia? Não me ocorre nenhuma. 
  Eu tolero a música alta do vizinho, a mau cheiro do pinheiro  do taxista pendurado no retrovisor e as embirrações dos meus filhos. Tolero coisas, que considero desagradáveis, não pessoas.

  Menos tolerância, mais empatia. Em vez de olhar para os outros com o pensamento pretensioso de 'sou um excelente gajo, tolero toda a gente', vamos olhar pelo outro, tanto no sentido literal como figurado. No sentido literal como sugeriu outra sardinha deste cardume no dia de ontem  (props triptofano)  denunciando, filmando e até intervindo se for caso disso. No sentido figurado desafio eu, pelo olhar do outro, imaginar durante uns segundos apenas, estarmos no lugar daquele homem que certamente nunca quis ser tolerado, só queria que o ouvissem e que o deixassem respirar.
  Houve um inominável ser, que provavelmente diria de si mesmo que tolera muito bem pretos e ciganos, um polícia cujo o lema é 'to protect and serve' que não o deixou, não o ouviu.  Como não ter empatia por alguém que pede para respirar? 

Morte à tolerância.

 

JB


  
  

 

 

 

28.05.20

Human Lives Matter


Triptofano!

Não é o mundo que muda, somos nós que mudamos o mundo!

Em Orange is The New Black, uma das personagens morre numa rixa após ser esmagada por um guarda prisional. E se infelizmente a realidade das prisões em muitos países está a milhares de anos-luz da nossa imaginação nunca pensei que tamanha violência fosse possível, num auto-proclamado país de primeiro mundo, em plena luz do dia com inúmeras testemunhas.

Existe um episódio de Black Mirror onde as pessoas desenvolvem uma obsessão doentia por filmar tudo e todos, independentemente se a pessoa está a definhar mesmo aos seus pés, e foi isso que aconteceu no polémico caso do homem que morreu depois de ser neutralizado durante longos minutos pelo joelho de um polícia posicionado no seu pescoço.

Se por um lado a brutalidade policial foi levada ao seu extremo sem justificação (não existe justificação possível para um pescoço ser esmagado durante longos minutos) a cobardia humana mostrou a sua pior cara.

É verdade que as testemunhas que estavam a filmar pediram várias vezes que o polícia parasse com o acto de violência, mas de que valeu isso? Quando vemos um ser humano em agonia, um ser humano a suplicar às mãos de outro, um ser humano que perde os sentidos e acaba por morrer, conformamos-nos que não temos poder perante uma força policial e ficamos do nosso lado a gravar tudo e a proferir reclamações?

Do que é que vale a gravação, do que é que vale a indignação, do que é que vale ter-se muita razão se aquele homem está morto? Os polícias podem ter sido despedidos, culpabilizados, presos, o que quer que seja, mas aquele homem está morto.

Morto porque ninguém teve a coragem de interromper o que se passava. De salvar aquele homem. De se preocupar primeiro com outro ser humano, independentemente do que ele pudesse ter feito para estar a ser detido, em vez de ficar encolhido num canto com medo de ir parar à prisão por fazer o mais correcto.

Se houve crime de quem matou não houve também crime de quem viu e não actuou?

Human Lives Matter

Que a coragem nunca nos falte, que a voz nunca se nos cale, que nunca desistamos de lutar por aquilo que torne o mundo um lugar mais justo!

27.05.20

Falling: Um Pedaço De Espanto...


Filipe Vaz Correia

 

Aqui estou, novamente, numa quarta-feira a preencher este espaço de Sardinhas...

A nossa Sarin está quase pronta para voltar a escrevinhar mas ainda precisa de mais um pedaço de tempo.

 

Como a cultura não se resume apenas a letras soltas numa folha em branco, quero aqui deixar um pedaço de melodia de um dos novos talentos que mais me surpreendeu nos últimos tempos...

Um jovem que nesta canção conseguiu aliar, na minha modestíssima opinião, o poder da letra, o deslumbre assombroso da sua voz e uma qualidade cénica absolutamente fascinante.

Senhoras e Senhores...

Harry Styles.

 

 

Cultura!

Sempre cultura, seja ela em Português, Inglês ou Francês...

Num novo ou velho tempo, no papel ou em voz.

Libertamente livre.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

25.05.20

Boçalnaro...


Filipe Vaz Correia

 

 

 

Versão abreviada de um circo de horrores

 

Tenho acompanhado com apreensão toda a situação no Brasil, nessa terra de samba e alegria, letras e poesia, pedaço de alma nossa.

Acompanho diariamente as palavras de Marco António Villa, um comentador e historiador, professor universitário, que escuto sempre com a maior das atenções.

Sou um incondicional apaixonado pela cultura Brasileira, seja na literatura ou na música, de Vinicius de Moraes a Carlos Drummond de Andrade, de Miguel Fallabela a Jô Soares, de Martinho da Vila a Alcione, de Roberto Carlos a Tim Bernardes, de Fábio Porchat a Bibi Ferreira.

Quem acompanha os meus escritos sabe o meu "amor" por Vinicius ou Cazuza...

A minha ligação cultural ao Brasil é imensa, desde tenra idade, imensamente entregue a essa língua que nos une e a esse destempero carregado em cada pedaço de palavra que, sempre, invadiu o meu imaginário.

Neste tempo em que vivemos descubro um Brasil desconhecido, para mim, um cinzento desmesurado que invade todos os recantos de uma sociedade polarizada, dividida em facções, numa batalha que ameaça destruir uma Nação.

Não vou entrar aqui em análises profundas, em dissertações aprofundadas sobre o que identifico neste novo poder no Palácio da Alvorada, no entanto, não posso deixar de pontuar uma questão...

A cultura!

Esse pedaço de nós que sinaliza a essência de um povo e a vitalidade de um Regime.

Este Brasil, da actualidade, tem horror à Cultura, àqueles que a construíram e à genialidade que se amarra a essa liberdade de pensar.

Isso verdadeiramente me inquieta.

O primeiro sinal que observei foi na atribuição do Prémio Camões, decidido pelos dois Países, Portugal e Brasil, e que foi atribuído a Chico Buarque...

Ideologicamente Chico está nas antípodas do meu pensamento, tão distantes que nos encontramos, porém a sua qualidade poética, musical, cultural, está acima das diferenças ideológicas que nos possam separar.

Não deveria ser assim?

Quando Bolsonaro, não o cidadão mas o Presidente do Brasil, se recusou a assinar o documento que ratificava o Prémio Camões, por este ser entregue a Chico Buarque, logo se acenderam as minhas luzes de alerta que ainda se encontravam desatentas.

No momento em que vivemos, olhando para as terras de Vera Cruz deste cantinho Lusitano, me deparo com a ignorância no poder, esse susto que deve amedrontar todos aqueles que sonham com o livre pensamento, boçalidade essa que se explana em cada palavra Presidencial ou de seus apoiantes.

Olavo de Carvalho, o expoente máximo da Cultura Bolsonariana, percorre as redes sociais insultando aqueles que pensam diferente, em pequenos pedaços de aulas que nos levam por entre Terraplanistas e seguidores de seitas evangélicas.

Será possível que o País de Caetano Veloso, Assis Pacheco, Aldir Blanc, Elis Regina, Renato Russo ou Cartola possa ter chegado ao ponto de ser comandado por um conjunto de pessoas que não conseguem construir uma frase sem a ela acrescentar um palavrão?

Já viram a reunião Ministerial do Governo Bolsonaro?

Uma vergonha.

Neste misto de tristeza e revolta parto, por este mar carregado de sardinhas, sabendo que uma Nação que não respeita a sua cultura estará, sempre, mais perto do abismo.

E como respira Cultura o Brasil...

Que possa ser ela, a fantástica Cultura Brasileira, a dar o grito do Ipiranga.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

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