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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

30.12.20

Presidentes made in comunicação social


Sarin

O meu Presidente nem sempre é aquele em quem voto. Mas, a partir do momento em que o candidato mais votado é investido, passa a ser meu e de todos os meus concidadãos. Para o bem e para o mal, uma figura que nos representa a todos.

E que é quase decorativa. Quase, não fossem o poder constitucional de nomear o Primeiro-Ministro e de dissolver a Assembleia da República, e o poder mediático de cada indivíduo que desempenha a função.

Deste último poder, ou capacidade, depende a maior visibilidade do nosso Presidente. As acções políticas para as quais está investido pouco contam, por discretas - um veto aqui, uma aprovação ali, a muito importante função de nos representar junto de outros Estados... e tudo o mais será ingerência, mesmo que travestida de boa intenção. Como o foi a muito mediática reunião do actual PR com o Director Nacional da PSP para falar sobre um assunto que envolveu o SEF, entre várias, demasiadas, outras, estas também acções políticas mas à revelia dos seus deveres.

São estas atitudes indeterminadas que nos deveriam preocupar: porque dependem inteiramente da personalidade do indivíduo, as suas simpatias político-partidárias e religiosas pesando menos do que a sua fotogenia mas ajudando a virar o sol para o ângulo que lhe será mais doce. E a Comunicação Social faz a fotografia com tal produção e aparato que se diria preparado para a audiência. Por vezes é e disso não passa. Mas vende, e perpetua um vício do nacional sistema eleitoral, pois que vende por na CS quererem vender, caíssem sobre o PR quando se desvia das suas funções, apontando-lhe as falhas e indicando as limitações, e atentassem os cidadãos nestes desvios, e outro vício haveria, talvez, mas não este, tão reles, tão redutor da tão importante figura presidencial.

Que nos desvia do essencial: a personalidade do candidato deveria importar, sim, mas para projectarmos a maior ou menor dignidade que dará às suas acções enquanto nosso representante, por dignidade cada um cidadão entendendo o que quiser. 

Para aquilatarmos a maior ou menor facilidade, o maior ou menor rigor com que o futuro incumbente desempenhará os seus deveres, avaliemos a preparação ou impreparação para o cargo, e por preparação leia-se o conhecimento da Constituição e a compreensão da relação entre Poderes. Que, julgando pelas entrevistas a que tenho assistido, é afinal é o que menos importa. Só assim consigo perceber os entrevistadores confrontando os entrevistados com algumas perguntas, até questões, que ultrapassam as competências de um PR, enquanto escrutinam algumas opções políticas elevadas a uma importância desmedida - pelo menos, não certamente medida como etapa de um percurso.

Esta mesma comunicação social que marca entrevistas com seis dos oito candidatos, dos quais três apresentaram agora irregularidades na candidatura, mas que não explica porque deixou os outros dois de fora.

O tempo de antena falseia-se assim. O que, somado ao tal poder mediático de cada um, desvirtua toda a análise que queiramos fazer.

Bem sei que é fim de ano e deveria talvez ter feito um balanço de 2020. Mas não me apeteceu, as retrospectivas servem para melhorar o futuro e esta pandemia ainda vai a meio do adro, como a procissão de crises que nos surgem por todo o mundo, em catadupa. E faltam 25 dias para as eleições, é mais do que tempo de atentarmos na máquina de fazer e desfazer presidentes que é a nossa Comunicação Social. É mais do que tempo, também, de deixarmos de aplaudir as manobras populistas de alguns candidatos.

Voltaremos a falar sobre estes. Mas, antes disso, boa viragem de página no calendário, e que 2021 vos comece risonho.

E fiquem muito bem. Com muita Lena D'Água e muito pouca demagogia.

 

Lamentando ter-vos falhado na semana passada, desejo que tenham tido o melhor Natal possível. E, desta vez mais do que nunca, que possamos celebrar o Natal quando quisermos e com quem pudermos.

28.12.20

Palavras À Solta


Filipe Vaz Correia

 

Nem sempre um texto faz sentido, nesse entrelaçado sentir que tantas vezes se assoma, apresenta, arrebata.

O amor...

Tantas vezes se aproxima, de mansinho, soletradamente chegando para desenlaçar essa solitária solidão que nos amarra, para descontinuar o desatinado destino que se tem como seguro.

Esse amor que fere, magoa e arrepende, que conquista batalhas e acelera vertigens...

Essa espécie de querer que sendo sincero vence montanhas, desvia rios, aproxima horizontes longínquos.

No palpitar da alma, vezes sem conta, esse ferro que mata é aquele que brandindo ecoa nas distantes paragens, esse eco que fica para a vida, de toda, por todas elas.

No olhar desse amor se sente o ferver do sentir e também nele se desvanece esse mesmo querer que magoa...

Tantas vezes, todas elas, numa só.

Escrever, escutar, olvidar, tanto terreno bravio a palmilhar, nesse deserto que sobra depois de tamanha desilusão...

Morri por dentro...

Mas por fora continuarei a sorrir.

Um Bom Ano Novo Para Todos Vós...

Nós!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

25.12.20

(Des)Humanizar por aì


JB

 

 


  Bom Natal caros navegantes deste mar que é a net. Aqui pelas Sardinhas celebra-se o Natal mas o mundo não pára e existem sempre muitas coisas para falar, por isso vamos a isto.

 O Natal é sempre uma época muito especial, sei que falo apenas por mim (é o que acontece habitualmente quando cada pessoa fala) e que para muitas pessoas é uma altura problemática. Cada pessoa é diferente e interpreta as coisas à sua maneira, seja porque morreu alguém próximo nessa altura ou porque detesta os sogros... Existem muitos motivos compreensíveis para não se gostar do Natal. Este ano fiquei a conhecer mais um. Imaginem que iam passar uns dias a outro país, só para se divertirem e matarem a tiro cerca de 540 animais e de repente tinham fotografias vossas na internet por todo o lado, a dizer que eram uns assassinos. Estraga o Natal a qualquer pessoa não é? Se compreende aquilo que falo, se consegue imaginar facilmente o desconforto que acabei de descrever então adeus e até à próxima, o melhor é ficarmos por aqui porque eu estava a ser irónico. 
 Agora vou dizer o que realmente penso:
 Detesto a humanização de animais, existem primeiro as pessoas e depois os animais; há muitos anos atrás, os nossos antepassados decidiram que os animais estavam 'ao serviço' dos humanos e ainda não vi nenhum bom motivo para discordar. Ainda assim, é inegável que os animais têm características humanas, ou, na verdade, nós temos muitas características animais. Talvez por isso, eu que valorizo tanto a empatia, sinto-a mais por umas centenas de veados e javalis que estão encurralados num terreno aberto e murado a serem alvejados e a verem-se morrer, do que pelos outros animais que estão a disparar e a regojizarem-se com a matança. Tão limitados e alheios ao mundo que os rodeia que acham que este é composto por semelhantes que os vão elogiar e dar likes nas fotografias que documentam os fuzilamentos, onde eles pousam triunfantes sobre as carcaças cheias de chumbo. Dois dias a dar tiros a animais encurralados. Isto não é caça. Isto é outra coisa: é o prazer sádico de matar.

  Sei do que falo, eu próprio já matei moscas e sinto-me triunfante e poderoso. Mas nunca mais de 500 e muito menos em dois dias. 
  Este caso da matança interessou-me; no mundo de hoje em que se humaniza tanto os animais (muitas vezes de forma exagerada) este caso gerou revolta. Para além dos contornos chocantes que já expus, ainda existe o dinheiro que foi ganho com esta matança e os alegados motivos financeiros que lhe deram origem. Por tudo isto, o país demonstrou estar contra este tipo de 'actividade lúdica' e condenou publicamente os envolvidos.

  Considero adequada e justa a reação, no entanto, há algo que considero muito mais perigoso do que a humanização de animais: a desumanizaçao de humanos. Possivelmente não está relacionado com este tema e até estou a ser injusto com as pessoas que participaram na matança. Mesmo cometendo essa injustiça não consigo deixar de pensar: e se deixarmos de considerar "os outros", humanos? Provavelmente haverão também pessoas que conseguiriam disparar noutro tipo de 'animal' encurralado. Já aconteceu antes. Ao mesmo tempo vejo supostos líderes, aqui e no mundo inteiro a fazer um esforço concreto para desumanizar tantos grupos diferentes: Judeus, negros, mexicanos, ciganos... E porquê ficar pelas etnias? O fascista, o comuna, o emigrante, o banqueiro, o sportingado... Ou porque não alvos ainda mais fáceis? O criminoso, o violador, o drogado, o pedófilo... 

 Enfim talvez seja da minha cabeça, mas acho mesmo que esta mistura de sede de matar e demagogia populista não pode dar bom resultado. Fico contente que este caso tenha gerado a indignação que gerou. Também a senti. Espero que quem foi responsável não ganhe nenhum dinheiro com a matança mas a minha sede de justiça fica por aqui. Que aprendam a lição e não repitam. Não os considero homicidas nem nada que se pareça, apenas falei neles porque personificam de forma inequívoca e clara esse 'prazer sádico de matar', esse instinto primário que ainda habita em tanta gente, até em mim quando mato uma mosca. Quanto aos discursos de desumanização, esses são mais difíceis de resolver, são nesses que nos devemos focar e não dar tréguas. 

 Agora mudando completamente de assunto (ou talvez não): já viram "o contabilista de Auschwitz"? Um documentário na Netflix muitíssimo interessante. Recomendo o visionamento e ainda com Auschwitz no pensamento desejo a todos um bom natal e termino com um...

Nunca mais.

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JB

 


  

24.12.20

Boas Festas para Todos


Triptofano!

Queridos amigos,

este ano foi atípico, desgastante, sufocante, assustador, péssimo para a pele e para a sanidade mental, mas conseguimos ultrapassar tudo e aqui estamos, prontos para celebrar dentro das limitações que nos impuseram e para enfardar meio mundo e o outro, porque há sempre espaço para acumular mais meia dúzia de quilos.

Os próximos tempos não vão ser mais fáceis, por muito que custe temos de ser realistas, e perceber que a nossa vida não vai voltar à normalidade tão rapidamente como gostaríamos.

Mas temos de continuar a viver, a apaixonar-nos e sermos apaixonantes, a sorrir com os olhos e com a alma, a mentalizar-nos que mesmo com toda as dificuldades continuamos a ser privilegiados e que não vai ser a porcaria de um vírus que nos vai mandar abaixo.

Que nos continuemos a encontrar aqui, para partilharmos histórias, alegrias, chatices, risos e receitas de compotas para oferecer no Natal de 2021.

E o mais importante, que nós, e os nossos, continuemos com saúde, dinheiro no bolso para vivermos com dignidade e com energia para lutar pelos nossos sonhos, mesmo quando os dias são enublados.

Boas Festas para todos, é o que desejam as sardinhas, ricas em vitamina D e HDL como se quer, que navegam por estes mares de palavras, opiniões e por vezes delírios de escrita.

Um grande abraço para todos, do tamanho inqualificável da felicidade que todos merecemos!

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