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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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Um espaço de pensamento livre.

30.01.21

Caldeirada Com Todos...”V”


Filipe Vaz Correia

 

 

 

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Eco

 

a)

O Pêndulo de Foucault (1988), de Umberto Eco, conta a história de três amigos que tendo lido – e intelectualmente desprezado – muita literatura ocultista, estudos cabalísticos e teorias conspirativas, decidem por mero gozo e exercício da inteligência inventar “O Plano”. Acontece que esta ficção foi de tal forma bem construída, que outros adeptos de teorias da conspiração a levam a sério. “O Plano” passou a existir a partir do momento em que houve pessoas suficientes a acreditar nele, a falar nele, a aceitá-lo como real: nem os seus criadores tinham poder para agora o desmentir. Algo não podia ser falso se o outro também o validava, reconhecia e partilhava.

 

b)

Na casa de V ninguém se interessava por futebol. Discutiam-se energeticamente muitos assuntos, mas nenhuma pessoa da família tinha clube, nem havia memória de terem assistido a um jogo. Assim, V (que só anos mais tarde soube o que era um “fora de jogo”, ou “uma carga de ombro”) assistia ignorante, silencioso e confuso às longas discussões que os amigos gritavam no recreio da escola: a retórica sobre penaltis, a dialética sobre a arbitragem ou as teses e antíteses sobre mão-na-bola vs. bola-na-mão. Aquilo que intrigava V era que apesar da energia, da paixão, dos argumentos e – às vezes – de um par de estalos, nada produzia mudança: a narrativa dos derrotados contava histórias sobre faltas por marcar, árbitros comprados e interesses ocultos; a narrativa dos vencedores assegurava que só por azar não ganharam por mais. Na vez seguinte a discussão prosseguia, mas as personagens poderiam trocar de papéis apesar de manterem o guião. O mais curioso para V era o sentido tribal assumido pelos seus amigos impermeáveis à mudança: “nós” era uma ligação que juntava malta que fora o clube nem se dava muito bem e a realidade dependia de ser lida por “nós” ou por “eles”. Em rigor, apesar de V assistir ignorante, silencioso e confuso, poderia antecipar quem iria desempenhar qual papel, mesmo antes da discussão se iniciar.

 

c)

Em 2001 a mãe de V telefonou indignada: “Nem vais acreditar neste despautério!”. A palavra “despautério” existe; significa disparate e poucas pessoas – para além da mãe de V – ainda a usam. V estava fora de Portugal e não sabia que tinha caído uma ponte, com carros e pessoas atrás. Foi uma tragédia que matou quase 60 pessoas, mas para a mãe de V o despautério era outro. Um jornalista entrevistou um oficial dos fuzileiros que explicou as dificuldades técnicas de mergulhar em segurança e recuperar cadáveres submersos num rio bravo e enlameado. Depois entrevistou o Tozé (chamemos-lhe assim para fins ilustrativos) que afirmou que os fuzileiros estavam a fazer tudo mal, que o mergulho devia ser mais além e que coiso e tal. Apesar do jornalista ter perguntado se o senhor era dali e se conhecia bem o rio e a resposta ter sido “não, vim só cá ver”, a mãe de V estava indignada. O tempo, a forma, o modo, a palavra, a via, o ritual... tudo tinha sido igual para os dois entrevistados. A realidade, os factos, a informação, a autoridade, a verdade, o conhecimento... dependiam agora do espectador.

 

d)

Casablanca estreou em 1942 (fui ao Google, não sei estas coisas de cor). Para além de ter produzido uma quantidade impressionante de frases clichê, tornou familiar o nome desta cidade marroquina. Durante décadas, milhares de turistas foram a Casablanca tendo no filme a única referência e memória daquele espaço. Acontece que as cenas foram todas rodadas nos estúdios de Hollywood, tornando a experiência turística decepcionante. Quando V foi a Casablanca, deu por si a preferir a versão que não existia. O mais estranho – quase um despautério – era o facto de nem sequer haver um lugar chamado Rick's Cafe, o lugar mais icónico daquela cidade. A insistência da ficção fez inventar o real: em 2004 foi inaugurado um espaço com esse nome, com um pianista residente (chamado Sam?) e o mundo voltou a sincronizar-se.

 

e)

Durante muitos anos V deu aulas de história da arte no ensino superior. Propositadamente evitou sempre mostrar a Mona Lisa, de Da Vinci. Só em 2008 lhe fez  – o que pensava ser – uma breve referência, mostrando um recorte de jornal onde se informava ter sido encontrado, na margem de um documento, uma nota de encomenda: quem tinha pago o retrato, quem tinha sido retratado, em que ocasião e por que valor. Os alunos de V ficaram visivelmente desiludidos. Todas as teorias que conheciam e partilhavam (algumas impossíveis ou contraditórias), pareciam esfumar-se como os tons da paisagem naquela pintura. Então não é Leonardo vestido de mulher? Então e o Graal? Então e os Templários? Um aluno mais indignado disse que a notícia era apenas “mais uma opinião, mais uma versão e que cada um poderia continuar a acreditar no que lhe parecesse melhor”. Nesse momento V sentiu-se a baloiçar no pêndulo de Foucault: afinal “O Plano” existia e as palavras tinham perdido o poder de repor a verdade.

 

f)

As plataformas digitais nivelaram todos os discursos. Aquilo que entendemos como realidade, os factos que a sustentam ou a informação que a confirma; chega-nos cada vez mais por uma via estreita, única e uniforme: no ecrã do telefone todos são iguais. Acontece que um algorítomo, desenhado não para nos fazer mal, mas apenas para nos fazer ficar ali suspensos, absortos, entretidos... percebeu que gostamos mais de ver as nossas opiniões validadas do que confrontadas. O MIT publicou um estudo onde conclui que as notícias falsas se espalham seis vezes mais depressa que as outras. “Mas o que é que esses gajos sabem”? – perguntaria o Tozé. A nossa versão do mundo pode ser tão forte que se torna real. Porque nos faz sentir especiais ao saber de um plano desconhecido pela maioria, porque nos faz sentir parte de uma tribo que confirma e valida as nossas crenças, porque nos faz sentir do lado certo. A “nós”. E depois há os “outros”. Se discutirmos o mundo como discutimos futebol, se desprezarmos factos como sendo opiniões, se nos considerarmos especialistas em todos os assuntos, se escolhermos o Tozé como a nossa fonte; reentramos numa era de dogmas obscuros: a verdade pode ser alternativa, os outros vivem à nossa custa, eles também são racistas, já não se pode dizer nada, deviam ir para a terra deles, agora elas ofendem-se com tudo, a juventude está perdida, há quem diga que isso é um mito, eles são todos uns corruptos, se fosse ao contrário não havia problema, ele só diz o que nós pensamos, aquela gente só vem para cá roubar, antigamente é que era bom, se fosse eu a mandar... Para todos os nossos dogmas encontramos um eco. Que pena não ser o Umberto.

 

V

 

 

 

 

29.01.21

Ironia


JB

 

 
 
 
 


substantivo feminino
  1. 1.
    RETÓRICA (ORATÓRIA)
    figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empr., para definir ou denominar algo [A ironia ressalta do contexto.].
  2. 2.
    m.q. ASTEÍSMO ('uso sutil').

      Não estou a ser irónico quando digo que aprecio muita a ironia. Não há arma contra ela, a não ser mais ironia. Freud disse em tempos que "toda a gente se pode defender de um insulto, mas contra um elogio não há defesa". Acrescentaria que contra um elogio irónico também não. Digo isto porque também aprecio o sarcasmo que afinal não é mais  do que uma ironia cáustica.
    Hoje quero falar das ironias clássicas.
    Para provar que este meu interesse pelas ironias é antigo relembro que em tempos escrevi sobre a manifestação do André Ventura, Maria Vieira e Mário Machado a dizer "Portugal não é racista".     Ainda se lembra da definição? (figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender). Parece-me que encaixa como uma luva. André Ventura sabia bem o que estava a fazer e que estava a passar para os seus seguidores precisamente a mensagem contrária. Neste caso a ironia permitiu-lhe dizer que não é nada racista enquanto manda uma deputada negra para a terra dela e faz a saudação nazi para regojizo dos seus admiradores. Foi uma ironia consciente e bem aplicada (do ponto de vista do André obviamente). Apreciei e desmascarei na devida altura.
    Agora sou confrontado com uma ironia muito mais interessante. Mais interessante porque é involuntária, ao contrário da do André.
      Numa altura em que o Chega de Ventura soma e segue. As pessoas decentes não ignorantes estão preocupadas com cerca de meio milhão seres humanos portugueses que acha boas as políticas do Chega ou, no mínimo acha bem votar nelas. As pessoas decentes não ignorantes de direita ficam ainda mais preocupadas quando olham para Rui Rio e percebem que o 'banho de ética' que ele dizia que ia dar é afinal a mentira do século. Quando olham para o CDS e vêem lá o Chicão a liderar e ... Penso naqueles dias em que uma escola é convidada para ir à AR e os miúdos podem fingir que são deputados. Acho sempre que o Chicão afinal é um chiquinho que fugiu à 'stora'  e vai ser apanhado a qualquer momento. Não há uma solução decente e humana à vista. Ou será que há?
     
      Quando a direita em Portugal está infectada pelo vírus da xenofobia, quando as ideias antigas do  nazismo começam a querer e a conseguir ocupar espaço no panorama político português... Eis que alguém se chega à frente para dizer que não tolera isto, que abdica do conforto para ir para o meio da lama lutar com porcos, que dá esperança a uma direita humana e decente. E digam-me lá se não é deliciosamente irónico, que a nossa esperança seja um político chamado... Adolfo.

      Tenho grande consideração pelo Adolfo Mesquita Nunes e acima de tudo tenho a certeza que Portugal consegue fazer muito melhor do que isto que temos atualmente ao nível da classe política. Espero que o AMN vá para a frente na sua intenção de se candidatar a líder do CDS e que demonstre que existem alternativas à incompetência do Costa e ao populismo de Ventura que, depois do discurso de 'vitória' do Rui Rio nas presidenciais, se tornou no representante oficial da direita nacional. "Se a direita quer governar terá que contar com o Chega" gritou Ventura na noite dos resultados presidenciais, como o menino gordo que recebeu uma bola de futebol no Natal e agora finalmente vai poder ser escolhido para uma equipe porque a bola é dele. Finalmente, e só agora com este político chamado Adolfo, ouviremos alguém a dizer ao André Ventura em voz alta e sem receio: 'Com o Chega, nunca. Temos valores e princípios que não o permitem'. 
    É essa a minha esperança.
    Isn't it ironic?
     
     
    JB
     
     
28.01.21

De quem é a culpa?


Triptofano!

Num mundo binário, onde o certo e o errado, esses conceitos tão maravilhosamente subjectivos, fossem extremamente bem delineados e sem margem para segundas interpretações, quem tivesse comportamentos errados deveria ser punido por colocar a harmonia multinível onde se insere em perigo.

Sim, porque ao contrário do que muitos querem acreditar, as nossas acções estão sempre intimamente ligadas a repercussões na comunidade onde nos inserimos. Mesmo quando acreditamos que aquele cigarro ou aquela noite mal dormida só nos vai trazer impacto a nós, é muito frequente que toda uma rede de conexões mais ou menos esquecidas seja afectada. É a velha história da borboleta que bate as asas em Marrocos e causa uma Black Friday nos Estados Unidos.

Mas voltemos ao mundo binário do certo e do errado, que pode ser uma forma apetecível para muitos de lidar com a pandemia Covid e mandar todas as estratégias de promoção da saúde às urtigas.

Imaginem que a vossa vizinha velhota do andar de cima todo o santo dia vai ao Pingo Doce (atenção que este blogger ainda não tem estatuto para ser patrocinado por esta cadeia de supermercado - quanto mais ia fazer umas danças com argolinhas de chocolate em nome do Minipreço) comprar um papo-seco e dois iogurtes naturais sem açúcar, que a diabetes aguenta o papo-seco mas o açúcar do iogurte já é um ver se te avias.

Ora a vossa vizinha velhota numa das idas ao supermercado apanha o Covid. Comportamento Errado gritam vocês da vossa perspectiva binária das coisas, já com um chicote nas mãos para lhe dar umas bem dadas no lombo, que já que ela tem que ir sobrecarregar os serviços de saúde uma pessoa aproveita para lhe deixar mais algumas mazelas.

O problema é que esta visão simplista das coisas - e um bocadinho simplória às vezes, desculpem-me o desabafo - incide num nível micro, ignorando toda a dimensão subjacente ao problema.

Talvez a vossa vizinha saísse todos os dias para combater a solidão, depois de estar confinada há não sei quantos meses em casa sem receber a visita de ninguém. Talvez o comportamento errado tenha sido do Estado, por não providenciar uma rede de assistência contra o isolamento e obrigar esta cidadã a colocar-se em perigo de infecção por Covid para fugir do perigo da degradação psicológica das quatro paredes caiadas de silêncio. Talvez o comportamento errado seja na verdade vosso, vizinhos que sabiam que tinham alguém abandonado ao vazio e nada fizeram para proporcionar algum bem-estar emocional, refugiando-se sempre nas desculpas de falta de tempo ou demasiado cansaço.

É fácil apontar o dedo, acusar, encontrar bodes expiatórios. É mais difícil perceber que o comportamento humano é como um iceberg: o que está visível aos olhos dos outros é apenas uma parte muito pequena da sua verdadeira dimensão.

 

De quem é a culpa?

27.01.21

De volta à normalidade


Sarin

Um mês inteiro a escrever tarde e más horas sobre as eleições presidenciais, e agora que estas passaram e o mês se finda nem sei bem por onde começar a análise séria e ponderada que os seus resultados convocam. Quero dizer, a análise tenho-a feita, não está é escrita. Por isso, coloco o tema de lado. Por agora. Por hoje.

Prefiro abrir-me convosco. Ou explicar-me. Só um pouco. Não se habituem.

Em Junho afastei-me por questões de saúde. O sistema imunitário implorava descanso, muito mais descanso do que eu alguma vez lhe consegui dar, e os olhos ameaçavam embaciar a distância. Assumi um duro tratamento: entre outras artes, tive de restringir o tempo dedicado a olhar os ecrãs, qualquer ecrã, tentando diminuir os estímulos sensoriais e aumentar as horas de sono - parece que o sistema imunitário precisa de umas 6 horas e daqui levava 5 nos raros dias de muita vontade de dormir.

Ganhei umas horitas ao sono, mas demorou meses - e bastou uma noite de pouco sono para voltar quase ao mesmo. Quase, a média de sono diário aumentou perto de uma hora, os olhos aguentam mais luminosidade e o sistema imunológico só me falhou meia dúzia de vezes - se por mérito próprio ou do confinamento é desconfiança que não aprofundarei, prefiro ver a árvore do que a floresta. De qualquer maneira, a árvore é minha, a floresta fica longe e eu ganhei uma hora de sono, não baixei as dioptrias.

Nos primeiros meses cumpri escrupulosamente as regras. Depois, comecei a sofrer do síndrome da privação: ouvia vozes (eram afinal da rádio), as mãos tremiam-me (quando ouvia as notícias e não podia cruzar fontes), a boca secava-se-me (de tanto falar sozinha). À socapa, meti-me no Twitter. Doses pequenitas, que aquilo é toca-e-foge... mas deu para acalmar. Um olhar fugaz escapando-se pelo canto do olho e aterrando no ecrã do telemóvel - "aquilo é pequenito, certamente fará menos mal do que o do computador, não?" [sim, eu sei, mas com uma qualquer justificação a infracção torna-se moralmente menos dolorosa, e não estamos em tempo de grandes moralismos]

(interrompo para publicar. já volto) (desculpem, mas estava quase na hora do Triptofano!)

Enfim, por lá andei durante uns dias até que achei estar capaz de voltar aos blogues, embora contra os avisados conselhos de quem sabe mais destas coisas. Por um motivo simples: navegar implica ler e comentar e escrever e responder, o que não é lá muito compatível com o tal tratamento. Mas voltei ao pé-coxinho, como que a experimentar, e foi quando o sistema imunitário recomeçou a fazer nhanhanha - pouco se preocupou se eu tinha saudades de ler ou de escrever, não ligou peva ao meu esforço e não quis saber das minhas necessidades de comunicação. Não. Irritou-se, bateu-me e chegou mesmo a mandar-me para o hospital!

Aqui entre nós, posso especular que, sem ser Presidente da República, devo ser das pessoas confinadas sem covid que mais testes fez. Não que o quisesse, mas o protocolo mandava-me seguir para as Urgências Covid - da primeira vez ainda expliquei à atenciosa enfermeira da Linha 24 que 38ºC de febre não me é caso de alarme e o problema seria outro, mas não me ligou. No lugar dela também não me ligaria, saúde pública em pandemia não se pode condoer de idiossincrasias perante quadros clínicos parecidos com o da infecção em causa. Portanto, à segunda vez calei-me bem calada e arrostei bravamente com a zaragatoa nariz acima. À terceira sorri, à quarta deu para fazer piadas, na quinta não achei piada nenhuma porque estava cheia de dores. A sexta, foi mais na base da rapidinha: dêem-me lá os resultados negativos para eu poder voltar para casa dos meus pais a tempo do Natal, que lá sempre há a tal floresta que não vejo [antes que me apontem a "facilidade do Natal", chamo a atenção para o verbo "voltar", usado não por acaso. A terrinha tem sido refúgio de confinada]

Bem sei: talvez se não tivesse abusado o tratamento fosse mais eficaz. Mas, e a comunicação, onde ficava? E valeria a pena o benefício perante tamanho e tão prolongado esforço?

Confrontada com estas evidências, confrontei também quem me mandou cumprir abstinência. E o veredicto é: se não a podes adormecer, atura-a e habitua-te. Bom, habituada já eu estava, portanto voltarei à rotina. Com algumas regras adquiridas neste tempo, e que manterei: não blogar ao telemóvel. não blogar ao telemóvel. não blogar ao telemóvel. Se as conseguir cumprir todas, terá valido a pena. 

 

Queridos Sardinhas e Sardinhas-leitores:

Tenho-vos deixado ficar mal. Mal vos leio, não comento nem respondo... Não garanto não o voltar a fazer, mas pelo menos, e doravante, se o fizer será apenas por um motivo, não por dois.

 

Sei que este postal é muito diferente dos meus habituais, mas mereciam-me uma explicação mais profunda do que as dadas até aqui. E, sinceramente, às 23h20 também não me ocorria muito mais para dizer, devedora que estava desta explicação. 

Confesso-vos não ser fácil, a fluidez depois de um interregno. Tudo o que escrevo me sabe a pouco, a demasiado ligeiro face à profundidade e ao peso que os temas exigem. E são tantos, os temas que me assolam! 

Não fogem. Aliás, mesmo que o postal estivesse curto, à hora que termino já é o amanhã da quarta-feira de ontem que me cabia em sorte aqui pelo sardinhaSemlata, e há uma quarta regra que assumi tentar cumprir - não ficar ao PC até depois da 1h00. 

Fevereiro está à porta. Cá estarei com ele, uma semana depois deste dia em que se comemoram os 76 anos da libertação de Auschwitz pelo Exército Vermelho. Há que comemorar, para não esquecer. E para que não volte a acontecer.

Cuidem de vós, cuidemos de todos.

E fiquem bem. Fiquem muito bem e durmam melhor. Com The Pogues.

Sentem-se à fogueira

e contar-vos ei uma história

para vos mandar para a cama

Letra )

 

25.01.21

Marcelo Rebelo De Sousa... “O Professor Presidente”


Filipe Vaz Correia

 

 

 

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Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito Presidente da República de Portugal, reunindo o apoio de mais de 60% dos Portugueses que ontem votaram.

Uma reeleição robusta, principalmente neste tempo pandémico, capaz de traduzir a imensa popularidade que Marcelo Rebelo de Sousa granjeia na maioria da população.

Votei Marcelo, sem hesitações, sem receios ou temores...

Numa época perigosa onde se escondem nas entrelinhas bafientas expressões de experiências de outrora, importa não hesitar, não esquecer, não desvalorizar.

Por essa razão, a vitória do Professor Marcelo é um garante de dimensão Humana, de saber estar, de decência.

Destes resultados podemos extrair alguns pontos:

. O desabar do BE e do PCP em vários locais do País.

. A surpresa extraordinária que foi Tiago Mayan Gonçalves, Iniciativa Liberal, capaz de agregar, incluir e demonstrar uma direita civilizada, inovadora e Humanista, como alternativa ao tradicional "status Quo".

Para terminar um singelo apontamento...

11% dos votantes, nestas eleições, optaram por votar num candidato de um partido estilo Nazi,  trauliteiramente mafioso, impregnado de uma "bazófia" popularucha, especialista em malabarismos  requentados que seduzem alguns míopes.

O candidato CMTV, onde se formou, vai agora demitir-se do seu Partido para depois se recandidatar, num espectáculo tão medíocre como a indecência Humana que, provavelmente, caracterizará aqueles que nele depositaram o voto.

Sim, porque as palavras importam, os gestos e já agora a História...

E não existirão inocentes nesse votar em Homofóbicos, Xenófobos ou popularuchos ditadores...

Só cúmplices!

Parabéns, Presidente Marcelo...

O Presidente de Todos os Portugueses.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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