Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

25.08.21

Sombras e Poeiras


Filipe Vaz Correia

 

AE2552E1-F7CC-4FAF-8348-23FDCE7257F1.jpeg

 

 

Silêncio que se faz tarde;

e em cada segundo o entardecer chega

essa dor encarpada se aproxima

numa mistura de espuma provocada

pelas ondas salgadas desse mar...

 

Mar ou maresia;

à luz do dia

na penumbra da noite

fingindo que sorria

quando dentro de mim nada sobrevivia.

 

Em cada pegada na areia;

a meus pés,

se desvanecia o trilho de um destino

esse querer sem tino

outrora efervescente.

 

Nada sobrou para além da espuma das ondas;

nada restou do que marcado ficara

nada permaneceu para lá das memórias

que agora me esforço por apagar.

 

No horizonte...

o futuro.

A meus pés...

neste instante, o presente.

Ao vento...

vão partindo as recordações,

os afagos, as ternuras,

as promessas.

 

E nesta poesia se cremam,

as lágrimas salgadas

os sorrisos escondidos

sobrando somente os silêncios que se ergueram entre nós.

 

Sombras e poeiras,

descendo a ladeira,

ardendo na lareira,

de uma despedida inteira.

 

Para sempre...

 

 

23.08.21

Até Nunca Mais… “Amor Meu”


Filipe Vaz Correia

 

DE5C6DB9-9CF2-4C58-858D-F4309AEABECE.jpeg

 

Tenho cartas na mente;

Nas noites em que estás ausente,

Nos dias dormentes,

Por entre, as dúvidas prementes,

Desse adeus presente.

 

Um adeus que se imortaliza;

Nunca desaparece,

Sobra na penumbra dos medos,

Pincelando os segredos,

Que sempre nos pertencerão.

 

Mas os gritos calados;

Surdos e mudos,

Vão se tornando os muros,

Autênticos murros,

Desvanecendo a querença.

 

E assim fica mais ténue a dor;

Essa espécie de ardor,

Voando nas asas de um condor,

Anunciando sem pudor,

O término do que um dia...

Foi amor.

 

Até nunca mais...

 

 

20.08.21

O Twitter é a favor dos incêndios e dos impuros.


JB


   Continuam a querer calar o chega! Suspenderam o grande líder André Ventura do Twitter novamente. Um deputado da nação, um líder partidário seguido por milhares e respeitado por dezenas. Claramente ordens do Antonio Costa (ou quem sabe até do Bill Gates) para silenciar a voz cada vez mais incómoda do quarto pastorinho.

 Portugal está dominado por uma esquerda comunista que quer impôr uma mordaça a todos os que pensam de forma diferente. Não existe outra explicação. Alguém compreende o motivo do André, dono da fofinha coelha Acácia ter sido suspenso do Twitter? Apenas por ter  publicado o seguinte texto:   

"Ver este país a arder destrói a alma de qualquer um. Um líder deve pensar bem as palavras, mas alguns dos incendiários, em vez de serem tratados como coitadinhos, deviam ser atirados às chamas. Talvez assim se purificassem"

 Claramente o Twitter está a favor dos incendiários, quer que eles sejam tratados como coitadinhos e não quer que eles se purifiquem (ou isso ou está ao serviço do Costa e dos comunistas "subsidiodependentes"). Que outra explicação alguém sensato encontra? Só mesmo as 'Joacines' e os 'Mamadou' desta vida é que podem concordar com esta decisão de censurar o puro André. Para provar o que afirmo vou dividir o 'tweet' em três partes:

1- "Ver este país a arder destrói a alma de qualquer um.

Como discordar disto? Só quem não tem alma ou não ama o país, provavelmente porque não nasceu  cá e é herege.

2- "Um líder deve pensar bem as palavras, mas alguns dos incendiários, em vez de serem tratados como coitadinhos, deviam ser atirados às chamas."

Diz que um líder deve medir bem as palavras na mesma frase que apela à sociedade para queimar pessoas vivas. Alguém mal intencionado e de esquerda pode achar que isto é contraditório, mas não é. Como líder tem que se ter coragem para sonhar e para queimar pessoas vivas é preciso alterar a constituição, algo corajoso e de quem quer resolver os problemas de fundo (como este e o dos ciganos). O André tem a coragem de assumir as consequências negativas de tal proposta mas tem esse sonho, como deveria ser o sonho de todos os portugueses de bem que queiram acabar com os incendiários; era queimá-los a todos! Resultou com as bruxas.

3- "Talvez assim se purificassem"

Apenas revela o desejo de que sejamos todos puros, todos os que são de bem, claro. Já repararam que entre tantos deputados só o devoto André foi fotografado numa capela? A rezar ainda por cima! O significado é óbvio: ele foi escolhido e abençoado por Deus para nos salvar. Esta linguagem só serve para termos isso ainda mais presente. 

Parece que agora, só porque uma pessoa não quer ser vacinada, quer pôr uns em guetos, castrar outros (fisicamente se possível) e agora queimar mais uns; é logo considerada maluca e dizem para ela ir falar para outro sítio. É inadmissível e não devíamos permitir esta censura maoísta!

 

 

PS (esta semana cheguei ao computador e vi que um homem (que parecia ser de Alfama) com um palito na boca estava a mexer nele e escreveu este texto. Já é tarde e vou deixar como está porque sou preguiçoso. Deixo apenas registado que acho que o Sr.  que escreveu está enganado e o Ventura é um populista rasca, do mais rasca que pode haver e que quem o segue devia ter vergonha. Repito, não subscrevo nada do que está aqui escrito. Que isso fique bem claro.)

 

JB

 

19.08.21

Apartheid de género


The Travellight World

RELIGION-RAMADAN/AFGHANISTAN

Como mulher, é difícil (para não dizer impossível) ficar indiferente às noticias que nos chegam nos últimos dias do Afeganistão.

A tomada de poder pelos taliban, ressuscita os medos de que, novamente, metade da nação afegã, seja obrigada a ficar na sombra, presa dentro de casa, sujeita a raptos, casamentos forçados e violações. Sem educação, sem direitos. Escravizada até morrer.

É um apartheid de género que gradualmente se transforma num genocídio de género…

Eu gosto de entender as coisas, de perceber porque acontecem, o que está na sua génese, e esta “cruzada” taliban contra as mulheres sempre foi incompreensível para mim.

É certo que a violência contra as mulheres, não é exclusiva do Afeganistão. É um problema em todo o mundo, Portugal incluído, basta ver quantas mulheres são assassinadas por ano pelos seus maridos e namorados.
Os movimentos #MeToo e Time’s Up destacaram os desafios que a maioria das mulheres enfrenta diariamente e começaram a mudar atitudes, mas ao mesmo tempo provocaram um backlash (uma reação contrária) com muitos homens a insurgirem-se e a gritarem “caça às bruxas” refletindo o medo de acusações falsas e injustas.

No ocidente o sexismo e a discriminação podem se ter tornado menos evidentes, mas o assédio sexual e a misoginia continuam a existir (frequentemente de forma mais subtil, mais complexa e por isso mais difícil de detetar), no entanto, nós mulheres temos direitos, podemos votar, apresentar uma queixa, sair à rua para protestar, ter uma vida profissional, escolher com quem casar e tantas coisas mais que neste preciso momento estão a ser negadas às mulheres afegãs.

As políticas segregacionistas dos taliban em relação às mulheres nada tem de subtil. Pelo contrário, elevam o ódio contra o género feminino a novos recordes.

Mas porquê?

Do que pude perceber, nas minhas recentes leituras sobre o tema, a sua política baseia-se numa versão distorcida das conceções tradicionais pushtunwali, e do lugar e papel da mulher na sociedade. Nas regiões pushtun (Este e Sul do Afeganistão e partes adjacentes do Paquistão), de onde vem a maioria dos líderes taliban as mulheres sempre levaram uma vida restrita, pois a sua virtude era considerada parte integrante da honra da família e do clã.

No Afeganistão, porém, mesmo fora das regiões pushtun, as mulheres sempre foram tratadas como inferiores aos homens, tanto económica quanto legalmente. Sob a sharia (lei islâmica), por exemplo, as filhas recebiam metade da herança dos filhos e o testemunho feminino contava metade do testemunho masculino no tribunal.
(Se pensarmos bem, na maioria dos países do mundo, incluindo Portugal, durante muito tempo, a situação não foi assim tão diferente. A mulher precisava da autorização do pai ou do marido para quase tudo, e nem direito de voto tinha…)

Entretanto as marés da secularização e a modernização trazida pelo século XX vieram abrir portas a um novo pensamento e proporcionaram maiores oportunidades para as mulheres afegãs participarem na vida pública, especialmente nas regiões norte e nas áreas urbanas.

Foi a conquista comunista do Afeganistão em 1978 que deu início ao processo que levou em última análise ao atual declínio do status das mulheres no país.
Durante o período de governo comunista (1978-1992), as mulheres em Cabul e em outras grandes cidades controladas pelo governo, desfrutaram de uma liberdade totalmente nova, enchendo as universidades (e ultrapassando os homens em número de alunos), servindo em unidades paramilitares, trabalhando em todos os setores profissionais e servindo em cargos de alto escalão no governo.

Ao mesmo tempo que isto se passava, os campos de refugiados do Paquistão proporcionaram refúgio para os mujahideen (guerreiros sagrados islâmicos) que lutavam contra a União Soviética e o governo afegão (a quem acabaram por derrotar) e transformaram-se num terreno fértil para a nova ideologia islâmica que, em combinação com as condições de vida dramaticamente diferentes das aldeias afegãs tradicionais, restringiu a liberdade de movimento das mulheres e levou a um recuo das mentalidades.

Os campos geraram uma nova geração que cresceu numa sociedade terrivelmente distorcida, onde o status das mulheres e o controle sobre o seu comportamento e atividades se tornaram o principal símbolo da diferença entre os governos comunistas e os seus oponentes mujahideen.

Quando chegaram ao governo, a política dos taliban em relação às mulheres também se tornou importante porque, praticamente, eles não tinham outra política. Não existiam governantes capazes, nenhuma ou quase nenhuma indústria, não havia preocupação com a saúde pública, infraestruturas ou educação. A principal razão da sua existência era lutar contra os seus oponentes do norte.
As únicas políticas que eles podiam introduzir eram então aquelas que simbolizavam a sua identidade cultural e religiosa.

Entretanto passaram-se 20 anos e a história volta a repetir-se…

Alguns observadores e especialistas em movimentos radicais dizem que, à medida que amadurecem, estes movimentos tendem a moderar-se. Será este o caso dos Taliban?

Será que depois da vitória na guerra interminável do Afeganistão, se forem reconhecidos pela comunidade internacional como um governo legítimo, eles finalmente vão fazer o que tantas vezes prometeram e moderar a sua postura em relação às mulheres e minorias étnicas?

É difícil (eu diria mesmo impossível) de acreditar, vendo as imagens e relatos que nos chegam diariamente do Afeganistão… E mesmo que esse cenário fantasioso ocorresse, a triste situação das mulheres no país continuaria como está, por muito tempo ainda… Tempo demais.

E até lá, quem as vai conseguir salvar?