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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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31.10.21

Peditórios


O ultimo fecha a porta

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Estamos a chegar à altura do Natal e os tradicionais peditórios.

 

Vemos muitas causas e a nossa generosidade depende muitas vezes da nossa empatia pela causa, das moedas que temos à mão ou até pelos princípios que temos. Geralmente não costumo contribuir peditórios.

 

A razão é simples: não confio na idoneidade de quem recolhe as moedas ou quem as gere a seguir. A ausência dos controlos mina a minha fiabilidade e por isso não contribuo. Se formos consultar a grande maioria das instituições e causas que fazem peditórios, não têm site actualizado nem divulgam as suas contas. 

 

Há muita opacidade  sobre o dinheiro para trás e para a frente. O escândalo da Raríssimas é o maior e pior exemplo.

 

Geralmente contribuo para rifas, onde existe um controlo pelo menos do número e valor das contribuições e para uma instituição de recolha de animais onde faço por MBWay, pois é a forma de ficar por "escrito" o valor do contributo e ir para a conta bancária da associação. Naturalmente que depois pode haver desvio de fundos.

 

Posto isto, na lata desta semana, levanto o tema de onde entram os reguladores. Já que o nosso país é tão rápido a cobrar taxas para tudo e mais alguma coisa e colocar burocracia, porque não obrigar as instituições que fazem peditórios a ser mais transparentes e a divulgares publicamente as suas contas e donativos?

30.10.21

Lugar sem nome


Rita PN

Há um lugar sem nome
onde moramos reféns:
Cognome que substitui lugares antigos
e que dilui, em si e no tempo,
as cores e os sabores
de uma identidade vivida
em fotografias antigas,
agora esquecidas entre o pó
de objectos, sem cheiro de amor.
Por temor de recuar no tempo
e voltar a bater à nossa própria porta
… sem ninguém para a abrir.

Somos lugares sem nome
a viver entre flashes,
presos por um fio de redes sociais
e memórias instantâneas,
que depressa se esvai
p’lo buraco negro da solidão
que consome o sofá noturno.
Perdemos momentos,
ocultamos sentimentos,
desatentos à grandiosidade
do pequeno, à riqueza do detalhe
e à pureza do enamoramento da vida
que espreita à janela do coração.
Estendemos a mão
rodamos a chave
abrimos a porta,
mas não estamos lá…

Em nós, são tantas as ruas sem nome que levam os outros a lugar nenhum!

 

Assim me despeço, em Poesia, deste espaço e de um talentoso cardume que gentilmente me acolheu. Nada mais tendo para vos dar/deixar, além de mim, eis que sair em verso é a escolha mais acertada. 

Até já! 🤍

 

29.10.21

Alegrai-vos Portugueses!


JB

 
  

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  Caros compatriotas, estamos desgovernados. O orçamento chumbou e as eleições estão a caminho. Parece que vem aí o caos. Os comentadores não se entendem, será que Costa é um génio que acabou de assimilar toda a esquerda? Ou será que é um louco que, sedento de poder, abriu caminho para a direita radical de Ventura e de Rui (Susana Garcia) Rio? Como sempre, para aqueles que estão a ler este texto em busca de respostas, lamento dizer que não tenho nenhumas.

 Ofereço no entanto uma perspectiva diferente:

 E se em vez de nos preocuparmos tanto com eleições que ainda não aconteceram, ou com os verdadeiros motivos que deram origem à queda da geringonça, porque é que não olhamos com alegre optimismo para as coisas boas?

 Coisas que nos podem trazer alegria a todos sem excepção e unir os portugueses numa unanimidade sem precedentes. Coisas como os debates que inevitavelmente irão surgir.

 Alegrai-vos portugueses! Vamos ter mais debates na televisão e especialmente debates dos candidatos do Chega.

 Quem acompanhou os debates para as eleições autárquicas sabe bem do que eu estou a falar. Não fiz um levantamento exaustivo nas penso estar em posição segura para afirmar que todos os candidatos principais do Chega nestas eleições autárquicas eram... à falta de melhor palavra... tontos.

 Completamente impreparados e no entanto cheios de auto confiança; a dizerem disparates e a provocar uma profunda vergonha alheia. 
 Acho que isso é fantástico e motivo de alegria.

 Nesses debates, o país estará unido à frente da televisão com gosto e interesse.

 Os apoiantes do Chega, aqueles que não tiverem mesmo noção nenhuma nenhuma, irão gostar muito porque acham que o seu candidato esteve muito bem e 'disse umas verdades' ou qualquer outro desses chavões que eles tanto repetem. Nós, todos os outros, iremos gostar muito também porque fica à vista a total ausência de conteúdo e ideias que uma manta de retalhos de tão má qualidade apresenta. Provoca vergonha alheia é certo, mas também dá muita vontade de rir. Lembram-se de quando aquele hipnotizador foi a um programa do Hérman José, há muitos anos, e tentou hipnotizar membros da audiência em directo? "Firme e hirto como uma barra de ferro!" . Cada vez que vejo um debate com um destes candidatos parece que estou a ver este programa outra vez. Um tonto (ou tonta)  espalhafatoso que faz muito barulho, na tentativa vã de que ninguém o veja pela fraude que é, só que todos o vêem perfeitamente.

 

Já que falei nisso e porque recordar é viver, carreguem aqui se querem garantir dois minutos constrangedores mas muito engraçados e ter uma pequena amostra daquilo que (aos meus olhos) nos espera nos próximos debates com chegófilos e derivados:  AQUI

 

Bom fim de semana!

 

 

JB

28.10.21

DEMITO-ME!


The Travellight World

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Nos últimos meses tenho lido cada vez mais artigos na imprensa portuguesa e estrangeira sobre um movimento designado por “the great resignation”, que podemos traduzir muito livremente por “a grande vaga de despedimento voluntário”.

Já ouviram falar sobre isto?

O movimento, que parece ser uma espécie de efeito colateral da pandemia e dos seus confinamentos, deu inicialmente nas vistas nos EUA, mas rapidamente provou tratar-se de um movimento a nível mundial.

Quem começou a estudar este fenómeno diz que é fundamentalmente o resultado de dois fatores:

1- Pessoas confinadas em casa durante muito tempo.

2- Pessoas em teletrabalho pela primeira vez.

Ao experimentar uma nova realidade, parte da população começou a questionar o estilo de vida que levava até então e a perceber que dispensava os horários fixos, o stress diário do local de trabalho, as horas perdidas no trânsito e nos transportes públicos e a falta de tempo para a família e para as suas ambições pessoais.

Ao serem obrigados a regressar ao “padrão normal” reagiram mal e decidiram colocar um ponto final num estilo de vida que já não lhes satisfazia.

O resultado? Só nos EUA, milhões de despedimentos voluntários e milhares de empresas com dificuldades de arranjar novos trabalhadores.

Em abril deste ano, o U.S. Bureau of Labor Statistics assinalava quatro milhões de saídas por iniciativa do trabalhador e em maio e junho já contabilizava 11,5 milhões de saídas!

Com o passar dos meses o número de despedimentos por iniciativa do trabalhador não parece estar a abrandar e mesmo entre aqueles que continuam no emprego, muitos estão a repensar as suas opções. Estão a revelar-se mais intolerantes com as faltas de respeito no local de trabalho e mais exigentes nas suas reivindicações. Alguns trabalhadores relatam altos níveis de esgotamento (o chamado burnout) e sonham com uma nova carreira, outros, com mais de 50 anos, juntam-se a uma onda de reformas antecipadas pois afirmam que aprenderam com a pandemia que a vida é curta demais para não ser aproveitada.

Muitos sectores aumentaram os salários, na tentativa de atrair candidatos, mas nem por isso arranjam trabalhadores. As placas de “precisa-se funcionário” estão por todo o lado.

O número de novos negócios disparou e cada vez mais pessoas vendem os seus pertences para se dedicar a um estilo de vida nómada, trabalhando 100% online.

Vivemos historicamente um período de “grande reavaliação” como lhe chamou Heather Long jornalista do “The Washington Post”. Um momento de escolha e consequência — para funcionários e empresas.

Cada vez mais os trabalhadores perguntam-se o que querem fazer, para quem querem trabalhar e onde e como querem trabalhar.

….Resta saber se as empresas vão conseguir perceber estas ansiedades e dar uma resposta satisfatória a estas questões.

Muitos “patrões” encararam o período Covid-19, como um desvio temporário. Uma estrada secundária que tiveram de percorrer durante um certo tempo até conseguirem voltar à velha auto-estrada de sempre.

Mas todos os dados sobre as preferências, perceções, comportamentos e, o mais importante, ações dos funcionários, dizem-nos algo completamente diferente.

Os trabalhadores (na América do Norte, e aos poucos no resto do mundo) estão a dizer que essa “grande reavaliação” é, na verdade, o desencadear de um desejo antigo por melhores oportunidades, flexibilidade e novas formas de trabalhar.

Responder a esse desafio exigirá orientações e abordagens inteiramente novas por parte das empresas e das suas lideranças. Estarão elas à altura?

O salário continuará evidentemente a ser um grande impulsionador para a fidelidade do trabalhador à empresa, mas já não é o único, e muitas vezes nem está em primeiro lugar quando se toma a decisão de sair…

Não sei que expressão e força esta tendência terá em Portugal (apesar de um Estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa revelar, por exemplo, que o trabalho remoto de forma integral ou em regime misto era, um ano após o início da pandemia, a opção favorita da maioria dos trabalhadores), mas acredito… ou tenho esperança, que também no nosso país exista alguma evolução, alguma mudança na forma como o emprego é pensado e encarado.

Esta é uma oportunidade única de reconfigurar, entre outras coisas, o local de trabalho, para que ele possa responder de forma pró-ativa às necessidades dos trabalhadores e às exigências das empresas.

Vamos ver se não é uma oportunidade desperdiçada…

 

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