Dias e noites ao frio, nesse gélido frio que corrompe a alma, cada parte dessa desalmada essência, essencial alma de uma vida.
Porque escrever me preenche, me invade e deixa espaçadamente contraditório, num vai e vem caminhar de encontros desencontrados, desencontros encontrados, amores e desamores compassados na voz de Bethânia e na pena de Vinicius.
Queria voar mais alto do que as nuvens, subir para lá do céu, buscar incessantemente as pedras preciosas que um dia sonhei.
Era pequeno, tão pequeno que ousava sonhar, minúsculo de mão dada com minha Mãe.
Às vezes neste corrupio que é a vida, neste passar do tempo que nos ultrapassa, escasseia a expressão maior dos nossos receios, essas rugas que ficam vincadamente na memória, na nossa história, na infinita querença de um passado.
Palavras soltas em noites de Verão, silêncios tortos em chuvosos Invernos, ventos frescos em reprises de Outono, arrepios calientes de tardes primaveris...
Tantos e tantos momentos, quiçá tormentos, que se repetem e anulam, em novas vidas, universos paralelos, algo maior do que nós.
Não sei o que escrevo nem sequer o que queria escrever mas porventura desabafar através deste canto, soltando o pranto desse mesmo recanto que tantas vezes questionei...
Quantas vidas nos sobram, entre olhares e mares, entre uma e outra viagem?
Quantas vidas caberão numa só?
Por vezes mais do que questionar, é preciso buscar algo em que acreditar.
Filipe Vaz Correia