Nós e o outro e a empatia
Rita PN
Estranhos são os tempos que atravessamos, onde a capacidade empática parece assumir o comando das habilidades a desenvolver em cada um de nós, para que nos mantenhamos à tona e possamos auxiliar outros nesse processo.
Falar de empatia é, muito provavelmente, falar de uma das funções mais importantes da inteligência humana, intimamente relacionada com a maturidade de cada um e com a gestão das emoções.
Ser empático é usar da capacidade de se ter abertura para conhecer a realidade do outro e conseguir intepretar e compreender tudo o que é comunicado e expresso através de palavras, ou de formas de expressão não verbais.
Sem praticar o julgamento precipitado, um ser empático procura auxiliar e compreender o comportamento alheio numa dada situação, conseguindo também estabelecer um equilíbrio entre aquilo que se espera de alguém e aquilo que esse alguém lhe poderá efetivamente oferecer.
Colocar-se no lugar do outro não é tão fácil quanto possa parecer, embora nos seja muitas vezes imposto. Ao longo das História, a humanidade sempre apresentou dificuldade em lidar com as diferenças, criando, nas sociedades onde se insere, lugares cativos que apenas se crê serem destinados a outros (desde logo às minorias). Desta forma, tanto a alteridade como a empatia, por serem habilidades complexas com necessidade de desenvolvimento e trabalho ao longo da vida, dão lugar à facilidade e à necessidade recorrente de classificar cada um dos demais nesse seu lugar.
E que lugar é esse? É o lugar dos fracos, da mulher, dos pretos, dos brancos, dos homossexuais, dos inválidos, dos inteligentes, dos menos dotados, dos doentes, dos loucos, dos diferentes (resida a diferença naquilo que for).
Para que nos seja possível a colocação num outro lugar, que não o da nossa situação e condição, é-nos absolutamente necessária a abertura, a consciência e a racionalidade. Sem elas nunca nos será possível o auxílio, a compreensão de comportamentos, sentimentos e emoções.
Com clareza, não nos será possível saber nada a respeito de experiências nunca vivenciadas, porém, será sempre possível estar aberto, acolher e ouvir a experiência do outro, permitindo que a pessoa se mostre como é, seja quem é, aceitando que os resultados das acções e das experiências dependem de vectores diversos com influência no nosso caminho, e não só de factores individuais como a responsabilidade pessoal e a determinação.
E se fosse comigo?