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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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09.10.21

Nós e o outro e a empatia


Rita PN

Estranhos são os tempos que atravessamos, onde a capacidade empática parece assumir o comando das habilidades a desenvolver em cada um de nós, para que nos mantenhamos à tona e possamos auxiliar outros nesse processo. 

Falar de empatia é, muito provavelmente, falar de uma das funções mais importantes da inteligência humana, intimamente relacionada com a maturidade de cada um e com a gestão das emoções.

Ser empático é usar da capacidade de se ter abertura para conhecer a realidade do outro e conseguir intepretar e compreender tudo o que é comunicado e expresso através de palavras, ou de formas de expressão não verbais.
Sem praticar o julgamento precipitado, um ser empático procura auxiliar e compreender o comportamento alheio numa dada situação, conseguindo também estabelecer um equilíbrio entre aquilo que se espera de alguém e aquilo que esse alguém lhe poderá efetivamente oferecer.

Colocar-se no lugar do outro não é tão fácil quanto possa parecer, embora nos seja muitas vezes imposto. Ao longo das História, a humanidade sempre apresentou dificuldade em lidar com as diferenças, criando, nas sociedades onde se insere, lugares cativos que apenas se crê serem destinados a outros (desde logo às minorias). Desta forma, tanto a alteridade como a empatia, por serem habilidades complexas com necessidade de desenvolvimento e trabalho ao longo da vida, dão lugar à facilidade e à necessidade recorrente de classificar cada um dos demais nesse seu lugar.

E que lugar é esse? É o lugar dos fracos, da mulher, dos pretos, dos brancos, dos homossexuais, dos inválidos, dos inteligentes, dos menos dotados, dos doentes, dos loucos, dos diferentes (resida a diferença naquilo que for).

Para que nos seja possível a colocação num outro lugar, que não o da nossa situação e condição, é-nos absolutamente necessária a abertura, a consciência e a racionalidade. Sem elas nunca nos será possível o auxílio, a compreensão de comportamentos, sentimentos e emoções.
Com clareza, não nos será possível saber nada a respeito de experiências nunca vivenciadas, porém, será sempre possível estar aberto, acolher e ouvir a experiência do outro, permitindo que a pessoa se mostre como é, seja quem é, aceitando que os resultados das acções e das experiências dependem de vectores diversos com influência no nosso caminho, e não só de factores individuais como a responsabilidade pessoal e a determinação.

E se fosse comigo?

 

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08.10.21

Apologia do autoritarismo


JB

  Gosto de embirrar, sempre gostei. Aprecio mudar de opinião e poucas coisas me entusiasmam como uma troca mais acesa de palavras. Hoje poderia falar do ex-Juíz autoritário  e de como é positivo para todos nós enquanto sociedade que uma pessoa assim não esteja em nenhum cargo de poder. Resolvi não fazer isso. Farei precisamente o oposto, hoje farei uma breve apologia do autoritarismo. 
 Não me atrevo a contrariar tudo o que já aqui escrevi e disse noutros sítios, não vou defender um autoritarismo político ou qualquer outro regime que não seja o democrático. Falo de um autoritarismo a uma escala mais pequena, permitam-me exemplificar com a estória dos dois pais:

 -Um era um pai autoritário, dizia aos filhos o que fazer e eles faziam. Não dava explicações nem lhe eram pedidas. O Pai número dois era mais moderno, explicava aos filhos os seus motivos e tentava que eles o compreendessem. 
  Ambos os pais querem que os filhos visitem o respectivo avô aos domingos. 
  O pai número um resolve facilmente a coisa, diz aos filhos 'Aos domingos vamos visitar o avô.' e pronto. Os filhos podem não gostar, achar injusto, criar resistências, mas vão e não se fala mais nisso. Não dá aso a grandes angústias. Para o pai número dois é mais complicado. Ele explica aos filhos que o avô gosta muito deles, mas que eles não são obrigados a ir. Só vão se quiserem mas que ele gostaria muito que fossem, eventualmente até ficaria triste se não fossem. Esse vai complicar a vida dos filhos, os filhos se forem minimamente inteligentes vão perceber que não têm grande opção. Ao contrário dos filhos do pai número um, estes nem sequer podem dizer que não querem ir, pois isso iria entristecer o pai, são 'obrigados' a dizer que querem ir ver o avô, mesmo que seja mentira.

  Não é muito mais perversa a atitude do pai número 2? Mesmo que bem intencionada?

  Não será mais problemático para os filhos?

 O autoritarismo ganhou?!?

  Olho para o que se passa no mundo à nossa volta e penso se este pequeno exemplo nos ajuda a perceber alguma coisa. será que alguns ainda sentem a falta desse pai autoritário que nos diz o que fazer e a única explicação que dá é: 'porque é o que te estou a dizer e mais nada.'. Suponho que esses votaram no Trump e no Bolsonaro. É mais simples, não cria angústias. 
  Compreendo esse saudosismo do pai autoritário. Hoje em dia sou da opinião que, neste exemplo que dei da visita ao avô o pai autoritário é o melhor pai. Acontece que infelizmente para todos nós, já não somos crianças. Agora já somos adultos e por muito bem que esse hipotético pai autoritário possa fazer ir procurar uma figura com esse perfil autoritário para uma posição de poder acaba sempre mal. Sempre.

 Resumindo a divagação de hoje, autoritarismo sim, mas com moderação e só em casa.

 

JB

 

 

07.10.21

Memórias de Viagem


The Travellight World

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A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.
— Fernando Pessoa

As palavras são do grande poeta, mas expressam bem como as memórias de viagem podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento da nossa personalidade. São tesouros preciosos que guardamos com estima e têm um efeito tão intenso que permanecem connosco durante toda a vida.

Recordamos a água fria e transparente daquela praia fluvial ou de como era fina a areia naquele destino tropical. Lembramo-nos de sons, de cheiros, do sabor da comida. Da vista magnifica do topo daquela colina ou de como fomos enganados pelo táxista à saída do aeroporto… Transformamos as experiências de viagem em histórias emocionantes e especiais que gostamos de partilhar com os outros.

Pesquisas sobre o cérebro, como o estudo realizado pelo neurocientista cognitivo Lutz Jäncke em 2018, concluíram que as memórias de viagem são por regra  incomuns e diferem muito das nossas experiências quotidianas.
A vida quotidiana é amplamente (embora não de forma exclusiva) controlada por processos subconscientes. Isto significa que no dia a dia não damos tanta atenção ao mundo à nossa volta e só prestamos atenção quando tratamos de algo importante e especifico.
Já durante as férias e folgas as coisas são diferentes porque ficamos livres da rotina diária e podemos concentrar os nossos recursos cognitivos em coisas "periféricas".

Pode variar muito e depender de necessidades individuais, mas os estudos mostram que as pessoas tendem a lembrar-se melhor de experiências que envolvem a natureza. Monumentos famosos também estão lá, mas em termos de hierarquia de memórias de férias, é raro constituírem as memórias favoritas.

Também somos particularmente bons a recordar contactos sociais que estabelecemos em viagem. Sejam estes romances de verão ou simples interações com pessoas que conhecemos pelo caminho.

As experiências de viagem podem expandir o nosso conhecimento e ensinar-nos a ver o mundo de diferentes perspetivas. Neste sentido, estas lembranças são cruciais para o desenvolvimento da nossa personalidade.
Durante o estudo realizado pelo Professor Jäncke, mais de 40% dos britânicos disseram que já fizeram uma viagem que os mudou como pessoa, e 20% até disse que adotou um novo passatempo depois de viajar. Penso que os resultados não seriam muito diferentes se o estudo tivesse sido realizado em Portugal.

Gostamos tanto de memórias de viagem que a maioria das pessoas tira fotografias e faz filmes para se recordar desses momentos. O aparecimento da fotografia digital e mais recentemente dos smartphones facilitou essa tarefa, porém também teve o lado negativo de “agarrar” as pessoas a um ecrã.

De repente, em vez de estar a viver o momento, de o apreciar e festejar, as pessoas estão mais interessadas em fotografar, filmar e tudo partilhar…
Li há pouco tempo que uma experiência realizada com 24 viajantes revelou que quando estes se viram privados do smartphone, a “desintoxicação digital” foi de tal forma difícil e emocionalmente insuportável que alguns desistiram quando lhes pediram para viajar à moda antiga, sem telefone, redes sociais e usando um mapa impresso.
Aqueles que continuaram, acabaram por superar as emoções iniciais e começaram a aproveitar a experiência digital free. No fim disseram que criaram momentos mais memoráveis e autênticos com os seus companheiros de viagem e com as pessoas que conheceram no caminho e sentiram-se mais livres, felizes e aliviados por terem chegado tão longe sem tecnologia.

Eu comecei a viajar antes de existirem redes sociais, antes mesmo de todos terem telemóvel e lembro-me bem desses tempos mais "simples". 

De fotografar sempre gostei, e hoje talvez fotografe e filme mais do que antes, mas tento sempre manter um certo equilíbrio. Gosto de partilhar o que vejo e vivo em viagem (ou não teria um blog e uma página de Instagram), mas não faço disso o meu foco principal.

Tudo tem o seu momento e não deixo que o acessório roube o principal que sempre vai ser o prazer de viajar, de conhecer, de viver!

05.10.21

Aos meus anjos na terra


Ana Mestre

Descobri que os anjos existem, não aqueles anjos mitológicos ou da religião. Existem anjos disfarçados de pessoas, que por muitos motivos se aproximam de nós. Eu tenho a sorte de os ter na minha vida, que chegam no momento certo, quando parece que já nada há a fazer, os meus anjos disfarçados de pessoas chegam até mim! Para eles, o meu muito obrigada! Ana Mestre