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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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28.02.22

Ucrânia, Num Destemido Grito De Bravura: Vão-Se F****!


Filipe Vaz Correia

 

 

 


O mundo mudou em uma semana, de segunda passada até hoje tudo se alterou, tantas e tantas premissas foram apagadas.

Vladimir Putin, um autocrata aterrador, deixou de lado qualquer tipo de timidez e mostrou ao mundo a sua verdadeira face, não que disfarçasse bem, a face de um facínora, assassino sem refreio, capaz de tudo para atingir os fins que a sua mente entende como essenciais.

De Putin tanto se poderia dizer mas nada seria surpreendente, inovador, para lá da constatação da pequenez de um homem vulgar, de um ser humano mau.

No entanto, muito está por escrever sobre o povo Ucraniano e a sua reacção a esta tamanha tragédia, sobre os seus soldados, homens comuns, mulheres e crianças, sobre o seu Presidente...

Sobre os actos de coragem transcritos em tantos pedaços de TikTok, de Instagram, de Youtube.

Cenas gravadas na pedra da memória, através desse mundo digital que se atravessa neste novo tempo e que servirá para glorificar a resistência Ucraniana, assim como, para crucificar a Rússia de Putin.

Nessas aguarelas de coragem se eternizam os 13 da Ilha da Cobra, por entre, vão-se f****, palavras enigmáticas e perfeitas para um último momento de resistência, para um sublime momento de estoicismo.

Nos traços de um soldado, Vitaly Skakun Volodymyrovych, que perante a chegada do comboio de veículos Russo, se precipitou em direcção a uma ponte para accionar manualmente os mecanismos de detonação.

Nas entrelinhas de um comediante que se transformou em Presidente, ao invés de outros que após se transformarem em Presidentes deixam revelar a sua essência de palhaços, no mais triste significado desta palavra.

Tanta tristeza e receio, medos e fantasmas que se levantam nesta equação, num mundo que insiste em não aprender com o seu passado, com o tamanho sofrimento descrito em tantos textos, canções e imagens.

Diante destes factos, cada vez mais acredito que a melhor solução para a resolução deste problema terá de partir da própria Rússia, de dentro do sistema...

E para isso seria essencial o surgimento de um Carl Von Stauffenberg, com a sua coragem, a sua bravura e desprendimento, no entanto, com melhor pontaria.

Citando o meu querido, sardinha,  JB:

"Somos Ucrânia"

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 



 

 

27.02.22

E num instante tudo muda


O ultimo fecha a porta

Ainda agora saímos de uma pandemia e nem um mês depois temos uma guerra à porta.

Uma guerra absurda de um ditador e onde quem vai sofrer é o povo invadido. A proposta de Putin é trocar uma Ucrânia livre, próspera e a gerir os seus recursos pela subserviência a um regime ditatorial que vai depenar os seus recursos.

Para a maioria de nós, é a primeira vez que vemos e sentimos uma guerra de perto, aqui no nosso continente. 

 

Do Ocidente vêm-se sanções tímidas onde há muito a perder, desde logo a dependência russa dos recursos naturais - gás e petróleo e as exportações.

Será preciso fazer escolhas: sofrer os custos financeiros ou deixar o "bicho"bcrescer deixando um país destruído e na miséria. 

Cá estaremos para ver.

25.02.22

Somos Ucrânia 🇺🇦


JB


  O impensável aconteceu: Estamos em guerra.

  Putin decidiu invadir a Ucrânia e o mundo assiste a tudo em direto. As estações noticiosas estão num ciclo de ' breaking news' imparável e os mortos de um lado e de outro vão-se acumulando.

 É assustador como as coisas de repente mudam e à hora que escrevo já se fala que a Ucrânia pode ser apenas o início de várias invasões por diversos países. 
 Estou perplexo e preocupado, não consigo antecipar o futuro e percebo em como toda esta situação tão grave é complicada para todos os países. Estamos a falar de um louco que tem armas nucleares e quer aniquilar um país, pelo menos. 
 Não sei o que dizer a não ser isto: 

- Admiro muito o povo Ucraniano representado em Portugal pela sua embaixadora que hoje com o ar mais determinado do mundo agradeceu o apoio de Portugal e pediu mais armas para se defenderem. Determinada e corajosa, como eu imagino que são todos os Ucranianos.

 - A Putin começou uma guerra num mundo novo. No mundo da internet e dos Tik Toks. Numa altura em que todos têm opinião e informação incluindo os Russos. Acredito\espero que a maioria esteja contra ele.
 
= Acredito que esta guerra é de Putin e não da Rússia e o povo russo não vai aceitar isto calado. Bem sei que Putin tem o próprio país controlado e não hesita em mandar prender, envenenar ou fazer desaparecer quem quer que seja mas vai ser cada vez mais difícil. Cada vez estará mais sozinho.

 -Muito bem António Costa, solidário como a altura exige. Somos Portugal logo, também somos Ucrânia.

 

JB

24.02.22

O Sangue das Palavras


The Travellight World

fullsizeoutput_63dfFoto: Travellight | Auditório do Casino Estoril | Cenário de "O Sangue das Palavras" 

 “Prefiro que as pessoas me ouçam, que me leiam… Porque não vão ler.”

 

A citação é de José Carlos Ary dos Santos e talvez ele não estivesse errado. Basta assistir à peça “O Sangue das Palavras”, atualmente em cena no Auditório do Casino do Estoril, para lhe dar razão. A sua poesia não teria chegado a tanta gente se não tivesse sido cantada.

Esta produção da Artfeist convida o público a recordar a genialidade do maior nome entre os poetas de canções em Portugal. Foi o autor de mais de 600 poemas musicados. A ele devemos a “Desfolhada” de Simone de Oliveira, “Os Putos” de Carlos do Carmo, a “Tourada” de Fernando Tordo e tantas outras músicas que ainda hoje são fortes e fazem parte da nossa memória coletiva.

A peça começa por nos pedir para imaginar que Ary dos Santos ainda está vivo, e tem Facebook e Instagram… Seria o mesmo? Teria o mesmo sucesso?

Certamente. Afinal ele era um personagem subversivo, dado a excessos e polémicas. Ter-se-ia adaptado bem à "selva" que hoje são as redes sociais.

Ao longo de hora e meia somos transportados por episódios da vida do poeta, pelos seus poemas e pelas letras, que cantadas, fazem parte da banda sonora da vida de tantos de nós.

Muitas vezes, durante a peça, senti-me tentada a acompanhar baixinho os magníficos atores/cantores, outras vezes fui (eu e o resto do público) incentivada a fazê-lo. “Lisboa, menina e moça”, por exemplo, teve um coro alto. É a prova de que poucos descreveram a beleza de Lisboa como Ary dos Santos, e poucos cantaram as suas personagens e lugares como ele: “O homem das castanhas”, “Alfama”…

O espetáculo que Henrique Feist, Valter Mira e Diogo Leite nos apresentam é uma ode ao dom da palavra do Ary. Às suas palavras fortes, ensanguentadas que sem dó nem piedade põem o dedo na ferida, denunciam a injustiça e reclamam a liberdade, indo bem para lá da sua conhecida orientação política.

Uma vez por outra o próprio poeta surge num ecrã, com toda a sua teatralidade e voz vibrante. Depois há momentos de tristeza, amargura, inquietude, solidão, que tanto marcaram a obra de Ary dos Santos. Mas há também humor, o seu humor negro: “Quando eu morrer - afirmou um dia - vai ser em glória. Vai a classe operária toda ao meu funeral, e eu sentado no muro do cemitério, a vê-los passar. Isto é que me convém, po**a! Pagam-me o funeral, pagam-me o caixão e levo a bandeira que me aconchega. É que eu sou um gajo friorento!”.

Recomendo muito, para quem quer recordar, para quem quer conhecer melhor e para quem não conhece, mas gostaria de conhecer.

 

Em cena até 27 de Março no Auditório do Casino do Estoril

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