Nunca é demais pedir...
Ana D.
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Ana D.
JB
Hoje trago Pessoa, porque também eu me sinto saudoso deste verão que ainda não chegou...
Saudoso já deste Verão que vejo,
Lágrimas para as flores dele emprego
Na lembrança invertida
De quando hei-de perdê-las.
Transpostos os portais irreparáveis
De cada ano, me antecipo a sombra
Em que hei-de errar, sem flores,
No abismo rumoroso.
E colho a rosa porque a sorte manda.
Marcenda, guardo-a; murche-se comigo
Antes que com a curva
Diurna da ampla terra
Fernando Pessoa
Bom fim de semana caras sardinhas.
JB
The Travellight World
Foto: The Travellight World | Convento de Cristo, Tomar
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
— Fernando Pessoa —
Marco
Marco: Avó!? Está bem ?
Avó: Sim
Marco: Avó, o que estás a fazer à tanto tempo de pé em frente ao armário?
Avó: O Médico mandou-me ter atenção ao açúcar ... até agora o pacote ainda não se mexeu...
marta-omeucanto
No sábado, fiquei a saber que Irina Fernandes tinha morrido.
Apesar de a Irina ser da Ericeira (aqui ao lado), não a conhecia, nem à sua história, até ter assistido à série de episódios, dedicados a ela, na TVI, em Janeiro deste ano.
O lema da Irina, e que deu título à série, era "Amor Cura".
Eu sei que este pensamento e forma de vida é muito mais do que o seu sentido literal mas, assim de repente, só me apraz dizer:
"Não! O amor não cura coisa nenhuma!"
E tanto que não cura, que a Irina morreu.
A Irina, e tantas outras pessoas que, por mais rodeadas de amor que estivessem, perderam essa e outras batalhas, para a morte.
O amor pode ajudar a assimilar, a aceitar, a encarar com outra força a doença.
O amor pode atenuar, de alguma forma, os pensamentos mais negativos.
O amor pode fazer as pessoas quererem aproveitar o melhor, e o máximo, enquanto puderem.
O amor pode repôr alguma da esperança que se começa a perder.
Pode ser um motivo extra para lutar.
Ou seja, o amor pode ser fundamental em diversos aspectos.
Agora, curar?
Só se for uma "cura" espiritual.
E, lamento, mas ainda estou muito longe de olhar as coisas apenas por esse prisma.
As pessoas até podem tentar combater a doença de forma diferente.
Até podem optar por medicinas alternativas.
Podem mudar o seu estilo de vida, e dar uma volta de 180 graus.
Podem optar por viver o tempo que resta, suportando um eventual sofrimento, em detrimento de outro que lhes tiraria mais força e energia, e as deitaria mais abaixo.
Podem até convencer-se de que, fazendo tudo isso, um milagre pode acontecer.
Ou então, estão mais do que cientes da incurabilidade da sua doença e, por isso, acreditam que esta é uma forma de, não vencendo a guerra, ganhar as suas pequenas batalhas diárias.
Mas, no fundo, não passa tudo de uma ilusão para um único e triste fim que, salvo raríssimas excepções, é a regra: morrer.
Por mais que se ame. E seja amado.
Verdade seja dita, um dia todos morreremos.
Apenas é dado às pessoas um maior ou menor período de tempo, e a possibilidade de saber, ou não, quando acontecerá.
Agora, é um facto que enfrentar uma doença fatal sem qualquer apoio, ou amor na vida, torna tudo mais complicado para a pessoa, e mais facilitado para a morte.
Se é para passar por isso, que seja com amor.
E tanto que o amor pode fazer.
Mas, curar?
Infelizmente, não me parece...