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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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09.02.23

O futuro já chegou


The Travellight World

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Um dos assuntos de que mais tenho ouvido falar nos últimos tempos é de um tal de ChatGPT. Confesso que de início não fazia ideia do que seria, mas rapidamente percebi que é uma ferramenta de inteligência artificial, já amplamente utilizada na Internet para, entre outras coisas, obter ajuda para programação e respostas a todo o tipo de perguntas. Consegue escrever e ilustrar livros, escrever poemas, gerar música num estilo ou género específico, ou até mesmo compor música no estilo de um artista ou de uma banda pré-definida.

É uma criação da OpenAI, uma empresa que diz ter reunido os pesquisadores e engenheiros mais talentosos no campo da IA, com o intuito de desenvolver um sistema de inteligência artificial geral "seguro e benéfico”, ou ajudar outros a fazê-lo.

E parece que vai no bom caminho— o analista do UBS, Lloyd Walmsley, estimou que o ChatGPT alcançou 100 milhões de utilizadores mensais em janeiro deste ano, realizando em dois meses o que o TikTok levou cerca de nove meses a conseguir e o Instagram dois anos e meio!

Claro que imediatamente acenderam-se as luzes de alarme e, como acontece com qualquer nova ideia ou tecnologia, muito boa gente começou a perguntar-se se isto seria uma coisa boa, já que potencia o plágio, os esquemas de phishing e o malware.

Não digo que não… Tal tecnologia com toda a certeza trará alguns problemas, mas não será este mesmo o futuro?

Quando foi inventada a calculadora de bolso, as escolas não permitiam que os alunos as usassem nas aulas e nos exames, mas hoje já não é assim. Durante décadas, estudantes de todos os níveis de ensino, pesquisaram e copiaram informações de enciclopédias, depois copiaram do Google e da Wikipédia e agora usam o ChatGPT. Não me parece que seja assim tão diferente…

Compreendo que assusta muito pensar que a criatividade e a originalidade podem estar condenadas. Que jornalistas, artistas gráficos, escritores, bloggers, criadores de software, e tantos outros podem ser substituídos por um bot, mas eu quero ser otimista e pensar que o humano sempre vai prevalecer, porque 

o ChatGPT não sabe exatamente nada. É uma IA treinada para reconhecer padrões em vastas extensões de texto recolhidas da Internet e depois treinada para fornecer algo melhor e mais útil. As respostas que obtemos podem parecer plausíveis e até confiáveis, mas podem estar totalmente erradas, como adverte a própria OpenAI.

Com o tempo é natural que a ferramenta evolua e se torne melhor. Que se converta numa verdadeira ajuda para estudantes e profissionais de todas as áreas, mas penso (quero acreditar) que aquilo que o humano consegue transmitir com o que faz e com o que cria — a emoção — essa nunca poderá ser substituída.

 

06.02.23

Rendas de Casa: Alguém Arranja Um “Quartinho”?


Filipe Vaz Correia

 

 

 

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Esta semana, em conversa com um amigo, fui confrontado com o preço das rendas de casa em Lisboa.

Perante o que ele me contava não pude acreditar, fiquei incrédulo, mas ao mesmo tempo desconfiado que o que ouvia fosse a realidade, sendo assim, resolvi fazer uma simples pesquisa no Google pelo mercado de arrendamento em Lisboa...

Fiquei absolutamente estupefacto.

Nada se encontra por menos de 1500, talvez 1300, que seja minimamente condigno, estou a falar de T1 ou T2 e claro que não no centro de Lisboa.

Vi casas em Benfica ou Algés em valores a rondar os 2000 ou 3000 Euros, algumas casas nos 6000 ou 8000 Euros.

Será possível?

Sim.

Mais...

Alguns senhorios, acho que a maioria, pedem actualmente 5 ou 6 meses de renda adiantados, leram bem, 5 ou 6 meses de renda adiantados.

Isto está tudo louco?

Rendas do nível de Paris ou Nova Iorque com os ordenados da Bulgária ou da Roménia?

Isto não é lei de mercado, é imoralidade gananciosa.

Como podem as pessoas, num País onde a média de ordenados deverá andar pelos 1000 Euros, pagar este tipo de preços?

Que tipo de esperança podem ter os jovens para construírem uma vida com este cenário de desventura?

O descongelamento feito pela Ministra Assunção Cristãs, das rendas, era necessário e até vital para um mercado que, há muito, asfixiava os senhorios, no entanto, feito desta forma selvagem inverteu o processo mas não retirou a injustiça e irracionalidade...

O mercado regula-se a si próprio.

Afirmação errada e várias vezes comprovada, este tem de ser minimamente regulado pelo Estado prevenindo que os abusos e a ganância se tornem a lei que levará ao definhamento da solução.

Já aqui escrevi em diversas situações que caminhamos para um cenário que me recorda o livro de Boris Pasternak, " Doutor Jivago".

Infelizmente parece que nada se aprende, nem com o tempo, nem com o ódio e muito menos com as cicatrizes que despoletaram, vezes sem conta, convulsões sociais de proporções inenarráveis.

E os vistos gold que ajudaram a esta crise imobiliária, inflacionando e retirando do mercado imensas casas, na lei da oferta e procura, permanecem sem um reflexão governativa.

Não sei para onde caminhamos, somente sei que não é por aí.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

05.02.23

A ignorância na beatice


O ultimo fecha a porta

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De vez em quando surgem umas indignações que me surpreendem, tal o seu carácter retrógrado e fútil.

A mais recente foi a de um teste de Português que colocava os alunos a refletir sobre a prostituição e o proxeneta.

 

Caiu as sais às beatas do convento luso, que à falta de melhor, lembraram-se de criticar o tema (o efeito Cristina Talks já se diluiu na semana).

 

Primeiro, estamos a falar de adolescentes de 15 anos que já conseguem perfeitamente fazer essa reflexão.

Segundo, nesse mesmo ano letivo (9º ano), estuda-se obrigatoriamente o Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente onde a personagem Brigida se enquadra nesse perfil.

Terceiro, o lenocínio faz parte do código penal. Está na lei que qualquer pessoa pode ler.

Quarto, quanto mais abrtura houver na reflexão, mais evitação e informação se atinge.

 

Leva-me a crer que a ignorância e a ânsia do clique/like levantaram a polémica e com isto se faz a espuma dos dias. Gostava de ver esta beatice doida com o bullying que existe nas escolas e que é silenciado pelas próprias direções que até perseguem os professores denunciantes ou com a violência contra docentes de alunos e pais. 

Ahhhhh, esqueci-me, isso não rende cliques....

03.02.23

Coisas que o meu avô contava…


JB

 Era uma vez um homem que só tinha três cabelos, e certo dia, decidiu ir ao barbeiro.

 Entrou, cumprimentou toda a gente e sentou-se logo numa cadeira que estava vazia. O barbeiro olhou admirado para a cabeça e para os três cabelos e depois olhou para o recém chegado cliente pelo espelho que estava à frente de ambos, como que a perguntar: "mas o que é que é suposto eu fazer com isto".

 O cliente olhou para ele e disse:

- É só para pentear se faz favor.

- Eu peço desculpa, mas pentear como? O Senhor só tem três cabelos.

- Então, penteie de risca ao lado, dois cabelos para a direita e um para a esquerda.

O barbeiro que nunca tinha tido um pedido semelhante, encolheu os ombros e foi buscar o pente. Com muito cuidado começou a pentear os três cabelos. Os cabelos era muito fraquinhos e assim que o pente tocou no primeiro cabelo, esse cabelo caiu!

- Peço imensa desculpa - disse o barbeiro - mas caiu-lhe um cabelo, o senhor agora já só tem dois. 
-O que?!? Está a falar a sério?! Que maçada, tenha mais cuidado se faz favor!!

- Tem toda a razão, peço muita desculpa, mas agora já não consigo mesmo fazer o penteado que pediu, e agora?

- Epá agora faça risco ao meio pronto, um cabelo para a esquerda e outro para a direita... - Dizia o homem preocupado a olhar para o espelho a avaliar os estragos feitos pela queda do seu cabelo.

- Pois sim, como queira. - e o nosso barbeiro começa com cuidados redobrados a preparar-se para fazer a risca ao meio. Mesmo com esses cuidados, assim que o pente do barbeiro toca no outro frágil cabelo para fazer a risca ao meio, este também cai... Já só resta um, o barbeiro está em pânico.

- Meu caro Senhor, peço desculpa, mas caiu outro cabelo, o Senhor já só tem um, não é possível fazer a risca ao meio. Quer que eu faça o quê?

O homem olha para o espelho furioso e responde-lhe aos gritos enquanto se levanta:

- Você hoje não me faz mais nada! Não fico aqui nem mais um segundo, paciência, vou-me embora assim mesmo, todo despenteado.

 

 

 

JB

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