Fim do mundo
Marco
Beatriz: Marco! O que é que é mais assustador que o fim do mundo?
Marco: O fim do mês.
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Marco
Beatriz: Marco! O que é que é mais assustador que o fim do mundo?
Marco: O fim do mês.
Bruno
Imagem: Bruno Nunes dos Santos
A moral, mesmo quando se renova, anda mais atrasada em relação à melhor inteligência de cada época do que os comboios em relação aos seus horários, quando os nevões obstruem as linhas.
Ferreira de Castro, in "A Experiência"
No cenário atual, o termo "Kakistocracia" torna-se cada vez mais um conceito/prática a ter em conta - até porque de novo nada tem. A Kakistocracia, não é mais que o sistema de governo/gestão no qual os incompetentes ou desonestos se encontram em posições de poder e influência, em detrimento do bem-estar da população, das empresas e do próprio Governo.
Existe um sério problema quando indivíduos sem competências (técnicas, sociais, pessoais...) chegam a posições que nem precisam de ser estratégicas e colocam em causa todo o sistema. Esse sistema pode ser uma equipa; um departamento; um ministério; uma organização; um país ou até o mundo. Nas organizações empresariais, por exemplo, a má liderança leva a decisões com sérios impactos: quedas na produtividade e na qualidade final, resistência à mudança, corrupção e quebras nos lucros. Na gestão de um Estado a Kakistocracia leva à corrupção, ineficiência administrativa e ao desrespeito pelos direitos mais básicos dos cidadãos face à falta de investimentos adequados e a má gestão dos recursos públicos. A título de exemplo, alguns serviços básicos como saúde, educação e segurança pública são comprometidos, deixando essa mesma população vulnerável. Alguns exemplos, bastante simples, podem passar por um mau serviço de saúde, uma educação de baixa qualidade e um sentimento de impunidade perante a justiça e as forças de segurança, sem esquecer as consequências para potenciais investidores. Ainda a propósito, a falta de competência e integridade dos indivíduos no poder leva a um aumento da corrupção e impunidade. A confiança nas instituições governamentais é posta em causa, o que acarreta um enorme sentimento de desilusão e descrença na política - e quando assim é, normalmente acabamos todos com a casa destruída e com direito a figurar nas páginas da História ou num qualquer mural.
A corrupção generalizada abala a confiança nas instituições públicas e compromete a eficiência administrativa. A falta de prestação de contas e de transparência gera um sentimento de impunidade e enfraquece qualquer iniciativa para a promoção de políticas públicas eficazes. Entramos na velha discussão da prevalência do interesse pessoal dos indivíduos sobre o bem comum. Em suma, quando indivíduos incompetentes ocupam cargos importantes, a voz dos cidadãos é silenciada e a participação dos cidadãos é reduzida, mesmo existindo a liberdade para exercer o direito de voto.
Uma nota também para outro impacto negativo da Kakistocracia que decorre da falta de oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Se a meritocracia é substituída por favorecimentos e indicações políticas, deixando os talentos e competências de lado, tendemos a ficar com uma sociedade estagnada, na qual o progresso é limitado e a desigualdade social aumenta.
Para o desenvolvimento económico, também a Kakistocracia tem uma influência deveras negativa, pois quando determinados indivíduos incompetentes ocupam cargos de liderança, as consequências acabam por ser sentidas em toda a organização. O processo de decisão é viciado e a falta de visão estratégica leva a um declínio na produtividade e eficiência. A isto junta-se a já mencionada corrupção e falta de integridade nos governos, pois uma má gestão dos recursos públicos acarreta uma maior e incomportável carga tributária para as empresas e para as pessoas, afetando não só o crescimento económico mas também a competitividade no mercado global. Já a falta de transparência e a instabilidade política acabam por levar um clima de incerteza e dificuldades para os investidores, afetando todo o setor privado: investidores e consumidores perdem a confiança nas organizações.
Não poderia também deixar de mencionar o papel do jornalismo, cujo papel é fundamental no combate a práticas menos claras, desde que não esteja também absorvido pelas mesmas. De uma forma clara e independente e sem enviesar, pode e deve agir como um contraponto ao poder, questionando as práticas e decisões dos indivíduos no poder. Ao realizar um jornalismo de investigação e imparcial, promove não só a transparência mas também o debate público.
Mas, porque é que se promove tanto a incompetência? Isabelle Barth, por exemplo, coloca a causa no Princípio de Peter (também conhecido pelo Princípio da Incompetência), que nos diz que os empregados competentes são promovidos até atingirem uma posição que não são capazes de assumir ou então o simples facto de que as pessoas mais incompetentes são sistematicamente colocadas em posições onde têm menos probabilidades de causar danos: as de gestores. Pela minha experiência sou levado a acreditar que tal, sobretudo em algumas localizações a norte e outras a sul da linha do Equador, tal acontece por puro compadrio, crime, sede de poder e de bens e também por total ausência de cidadania. E em alguns casos, até por uma certa ingenuidade, ou falta de capacidade, muitas vezes compreensível de muitas organizações perceberem o que está realmente acontecer.
Concluindo, a Kakistocracia é um sério problema para toda a sociedade com múltiplos impactos negativos nas pessoas, nas empresas e na coisa pública. Só uma sociedade atenta, aberta e educada, sem fanatismos de qualquer espécie pode ter sucesso na conquista de um sistema de governo (seja ele qual for) mais justo, transparente e eficiente. O preço a pagar pode ser caro, muitos planos de vida podem ficar adiados, mas no final do dia podemos estar tranquilos que fizemos aquilo que tinha de ser feito para construir uma sociedade mais justa e equitativa. Não será a sociedade perfeita e também não somos Demiurgo, deixemo-nos de idealismos e utopias que acabam sempre com covas cheias de cadáveres. Não obstante, é pelo menos a demonstração que em tantos anos de Humanidade, também o nosso cérebro acompanhou a evolução na tecnologia, cabe-nos a nós colocarmos a mesma questão que Steinbeck colocou naquele inverno de descontentamento, ou seja, se devemos viver pelos nossos princípios, ou pelo contrário, devemos deixar-nos arrastar.
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Para ler: admirador confesso de Pirandello, seja na prosa, seja na dramaturgia, vejo como uma boa leitura "O falecido Mattia Pascal". Quantos já não pensaram em ter uma oportunidade como Mattia. E quantos não voltariam?
Para ouvir: Os Genesis são um colosso na música do século XX e termos a oportunidade de estar com o Phil também ajuda a uma maior paixão. Poucos dias decorrem que não estejam na playlist do dia ou a acompanhar o jantar. Por estes dias, por mero acaso, na 105.4, uma daquelas que nos deixa em sentido e que me fez recordar todo um álbum: "Throwing It All Away". Vão por mim, Jesus, He knows me and He knows I'm right.
Para usufruir: Não tenho por hábito trazer para aqui o que não experimentei, mas tenho a certeza que vai ser bom. O KULTURfest - Festival de Culturas de Expressão Alemã. Cinema, literatura e música de raízes germânicas. Com a chancela do Goethe-Institut e para usufruir de 31 de janeiro a 5 de fevereiro. Tenho cá para mim que a "Festa Babylon Berlin" e "Ingeborg Bachmann- Viagem ao Deserto" vão-me arrastar.
Ana Mestre
A Arte Do Meu Povo
A terra que me viu nascer tem o mar como horizonte. Mar calmo e tantas outras vezes revolto, ganha pão de tantos homens e mulheres que fazem da arte xávega o seu oficio, a sua arte, a sua vida.
(Foto minha, a minha mãe de chapéu vermelho) Costa da Caparica, algures no fim dos anos 80
Lances, que depois de tanto esforço, traziam á praia uma mão cheia de nada, nem um peixe para contar a história. Outras noites havia, que o peixe era tanto, que na lota era quase "dado".
Recordo uma noite, em meados dos anos 90, em que se apanhou tanta sardinha, que ficaram quilos e quilos abandonados na praia.
Hoje em dia, as coisas são diferentes, já não é necessária tanta mão de obra. O que não quer dizer que não seja trabalhoso, claro que é, mas não como em tempos idos.
O que era feito manualmente, agora é mecanicamente, com esta peça chave, que dá pelo nome de alador.
Tudo muda, mas confesso que tenho saudades de um lance á moda antiga.
Ana Mestre
Filipe Vaz Correia
Dez anos se passaram desde que José Sócrates foi detido no aeroporto de Lisboa para ser inquirido pelas práticas de vários crimes, entre eles, corrupção e branqueamento de capitais...
Passada esta penosa década, atentar que estamos a falar de um ex-Primeiro-Ministro, temos uma decisão do Tribunal da Relação que recupera os crimes de corrupção deitados ao lixo pelo Juiz Ivo Rosa deixando assim de novo uma expectativa de "justiça" a pairar sobre o Senhor "Engenheiro".
Isto seria somente risível se estivéssemos a contar uma fábula trágico-cómica deste nosso Portugal, atinge patamares de tragédia Grega tratando-se da nossa penosa realidade.
José Sócrates terá agora direito, e bem, ao seu recurso para o Supremo Tribunal e só depois disso se poderá, finalmente, marcar a data para o início do julgamento...
Ora depois desta década caminharemos para o dito julgamento que poderá ter um tempo expectável de mais alguns anos, sendo que após este momento ainda teremos recursos para a Relação e para o Supremo que analisarão a sentença e dirão de sua justiça qual o desfecho para este caso.
Os tempos da justiça e a forma como ela é vivida em Portugal são escabrosos e escandalosos...
Isto é factual.
Tendo eu uma, breve, passagem pelas cadeiras do curso de Direito diria que concordo com todos os meios de defesa dos arguidos, com as etapas necessárias para que se reduza a possibilidade de condenações de inocentes, neste tempo onde a justiça é feita na praça pública, no entanto, os tempos entre estas etapas terão de ser encurtados, desburocratizados, deixando as névoas e artimanhas processuais capazes de emperrar os processos longe do espaço judicial e assim agilizando os casos que perduram durante décadas, desmoralizando o sistema e dando uma sensação de bandalheira aos olhos dos cidadãos.
Rui Rio ofereceu com o seu próprio sacrifício, dentro do seu Partido, uma oportunidade a António Costa para uma séria reforma judicial, dando um caminho que este desperdiçou e deixou escapar, adiando uma vez mais a resolução de um problema gravíssimo na nossa democracia.
Assim, assistindo a esta espécie de carnaval judicial, se vai degradando um pouco mais o sistema, se vai perdendo mais a confiança dos cidadãos em quem acusa, em quem é acusado ou em quem julga, beneficiando aqueles que desonestamente se aproveitam destes problemas para através de medidas e frases populistas cavalgarem a onda mediática ou demagógica.
Ou seja, permanece a novela do diz que disse, dos jogos entre microfones, das horas de telejornais com legendas estrondosas e certezas aterradoras...
Já da justiça, bem dessa, ficaremos à espera.
Filipe Vaz Correia
Ana D.
Hoje assinala-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Foi em 27 de janeiro de 1945 que ocorreu a libertação de Auschwitz pelas tropas soviéticas.
O Dia Mundial da Memória do Holocausto foi criado por ação da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1 de dezembro de 2005, para que se recordem os milhões de vítimas provocadas pelo genocídio nazi durante a II Guerra Mundial.
Volvidos cerca de 80 anos, o mundo volta a clamar pela Paz e pelo respeito dos Direitos Humanos.
Será que não se aprendeu nada?
Ainda neste contexto deixo uma sugestão de leitura: