Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

28.10.24

Os Abutres Da Velha Democracia


Filipe Vaz Correia



 

IMG_0691.jpeg

 

Esta semana a sociedade Portuguesa foi invadida por tragédia, tumultos e desespero, por entre vitimas e vilões.

Sinceramente, no meio de tamanha turbulência, que levou à morte de um cidadão, ao ferimento de outro, um condutor de autocarro e a um jovem policia que se viu numa realidade que provavelmente jamais haveria imaginado, ou seja, um conjunto de vitimas numa ou noutra circunstancia, com diferentes graus de tragédia.

No entanto, muito já foi escrito e dito sobre estes acontecimentos, tristes e graves incidentes, desde o comportamento da policia, do preconceito, daqueles que revoltados respondem com desacatos, provocando assim mais conflitos e cometendo indefensáveis crimes...

Sendo assim prefiro inclinar-me sobre outro grave crime cometido à luz destes acontecimentos, o dos abutres que cheirando carniça se aproveitam desta tragédia para semear ódio, para cultivar uma cultura, passe a redundância, de guerrilha, do nós versus eles, do desprezo pela vida Humana desde que esta seja diferente da nossa, pela cor, pela raça, pela pobreza.

Falo do Chega e de André Ventura e Pedro Pinto, dois abutres "boçalizados" que, por entre, a capa de deputados vão semeando essa espécie de ódio profissional que cresce junto dos acéfalos preconceituosos que os seguem.

Admitir que esta narrativa possa ser defendida, difundida, sem quaisquer tipo de punição parece-me um erro primário da dita Democracia que em primeira instância tem de se defender daqueles que se perfilam para a destruir.

Este crime é mais grave do que qualquer outro, pois Odair talvez tenha fugido por receio, por medo, o policia talvez tenha atirado por falta de preparação para estar ali naquele terreno, naquela situação, agora estes...

Os que instigam o medo, saboreiam a tragédia, se vangloriam com a semente da desgraça alheia, estes não têm nem desculpa, nem perdão.

Somos hoje uma sociedade mais espartilhada e raivosa, em parte por culpa daqueles populistas que anseiam pela divisão para assim reinar, que se passeiam entre o esterco do seu ideário como consequência das suas ambições.

A sociedade tem de compreender que estaremos mais próximos do explodir de um barril de pólvora se alimentarmos estes discursos e aceitarmos esta narrativa como aceitável.

Não, o Chega não é um partido como os outros, não deve ser respeitado como os outros e muito menos ser aceite como os outros.

As televisões que aceitarem discursos como o de Pedro Pinto e não tomarem uma posição serão coniventes com o deteriorar do sistema Democrático...

E aí, apenas nos restará o Caos e com ele voarão os abutres de plantão que tanto ansiaram por esse momento.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

26.10.24

Os fins nem sempre justificam os meios


Ana D.

out_violência_euronews.jpg

A célebre frase atribuída a Nicolau Maquiavel de que "os fins justificam os meios" embora pareça sugerir que, em busca de um objetivo nobre, qualquer método ou ação é válido, exige delicadeza e parcimónia na interpretação.

Enquanto reflexão no âmbito do pensamento político de Maquiavel, a frase tem um contexto histórico de suporte, marcado pela fragilidade política de uma Península Itálica, que apesar de próspera, era formada por várias cidades-estado que não conseguiam uma união efetiva de modo a construir um estado maior e mais forte politicamente, tal como acontecia com outros Estados como a França e a Espanha, por exemplo. Mas este não é, de todo, o contexto que tem conduzido à escalada da violência em muitos bairros da Grande Lisboa.

O bem maior, seja ele qual for, não pode ultrapassar questões cruciais como os limites da moralidade ou da responsabilidade, e as ações que têm sido levadas a cabo só prejudicam o objetivo, por não serem justificáveis aos olhos da sociedade.

Meus senhores, os meios importam tanto quanto os fins. As ações que se tomam para atingir os objetivos devem ser consistentes com os valores que defendemos e com os princípios éticos da sociedade que queremos. Embora em algumas circunstâncias os fins justifiquem os meios, eles também devem ser justificáveis para a sociedade como um todo. Ignorar esse fato pode trazer consequências graves.
mai_diferença.jpg

25.10.24

Boçais, regojizem-se!


JB

"Um polícia que mata um cabo verdiano com cadastro deve ser condecorado" - A. Ventura líder do Chega

"Se a polícia matasse mais pessoas o país estava melhor" - Pedro Pinto líder da bancada do Chega

Às citações não são exatamente assim mas as mensagens foram estas.

Isto é incitar à violência, é crime além de ser abjeto e moralmente reprovável. Quem não vê isto é cúmplice e no mínimo não tem empatia.

Tenho mais uma série de adjetivos para qualificar quem se revê nestes ditos mas não vale a pena. Todos podemos imaginar quais são e quase todos estaríamos certos.

 

Bom fim de semana.

 

 

24.10.24

Agradecer o quê?


UmAnónimo

André Ventura veio dizer que se devia agradecer ao agente da PSP que baleou e matou uma pessoa na Amadora. E isto faz-me pensar... Agradecer o quê?

Segundo o site da PSP, esta tem como missão "A PSP tem por missão assegurar a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, nos termos da Constituição e da lei.​" Em que contexto foi aplicada esta missão? Assegurou a segurança interna e os direitos dos cidadãos?

Segundo li (uma vez que não tenho conhecimento direto da situação), a suposta arma branca que o cidadão baleado e com a qual ameaçou os agentes de autoridade, afinal não existe. O carro que supostamente era furtado, afinal não o era.

Mas, assumindo que tudo isto era verdade... Nos valores da PSP, está o seguinte "Permanente busca do ponto de equilíbrio nos conflitos de valor sempre presentes no plano da segurança interna, nomeadamente: liberdade versus segurança; e ordem pública versus direitos, liberdades e garantias." Há algum ponto de equilíbrio entre dois agentes e um cidadão não armado, mesmo que criminoso, mesmo que não obedeça às ordens da autoridade que justifique balear mortalmente um indivíduo? Noto que o agente não disparou para incapacitar. Não acertou num braço, num pé, num ombro, numa qualquer zona não vital. Não. O agente baleou mortalmente um cidadão, sem que este colocasse qualquer cidadão ou agente em perigo de vida. E isto é inaceitável.

Se o Senhor Deputado André Ventura quer viver num país em que um agente pode atirar para matar num cidadão, lamento, mas eu não quero.

21.10.24

O Tempo Passa, O Amor Resiste… “28 Anos De Saudade”


Filipe Vaz Correia

 

 

AC08DF5C-78F4-4E08-A890-E5A5028593F4.jpeg

 

28 anos!

Assim de forma crua se desnuda essa verdade que esmaga e corrói, acelera o tempo e compassa a saudade.

Faz hoje 28 anos que morreu uma das pessoas que mais amei em minha vida, um amigo de mão cheia, alguém que marcaria em dez anos cada pedaço de minha alma.

O Luís era corajoso e desbravado, o mais corajoso de todos nós...

Não pelo singelo murro numa briga ou pela força que o poderia caracterizar, nesse aspecto tanto o Nuno Pereira Campos ou eu éramos mais adequados para a função mas pelo que a vida nos obrigou a ver, nesse significado de  coragem através de uma realidade que aquele menino de 16 anos teve de confrontar.

Guardo a primeira conversa que tivemos sobre esse maldito cancro que te perseguia...

Guardo o teu olhar, o meu tremor, o nosso abraço, esse pequeno instante que se tornou eterno.

Guardo a minha espera à porta do Curry Cabral para ganhar coragem para entrar naquele famigerado quarto onde lutavas tão bravamente...

E era eu que precisava de coragem?

Nesse dia, esperei, hesitei e cobardemente fracassei.

Guardo cada silêncio que nos chegava, era o nosso mundo, cada vez que após uma sessão de quimioterapia te punhas a caminho, na tua BWS, para vir almoçar comigo ao Dom Pasolini em Picoas.

"Meu querido amigo!"

Guardo o olhar de minha Mãe no dia em que partiste, assim como as lágrimas de meu Pai.

Guardo a última vez que estivemos juntos...

Sendo que imaginar a tua morte seria para mim impossível, no intimo sabia aquilo que lutava para desvalorizar, acreditando que a maldita doença jamais te iria vencer.

Sempre a teu lado nesse campo de batalha acreditando que a nossa esperança seria a única verdade possível.

Perdemos.

Tenho saudades tuas, mesmo 28 anos depois, tenho saudades do tempo em que era possível pegar no telefone e ligar, ouvir a tua voz e desabafar, acreditar e sonhar num futuro carregado de ilusão.

Meu querido Luís Miguel sou hoje um homem com mais dúvidas do que certezas, com mais receios do que bravuras, com mais saudades e poemas, porém nesse viajar que se tornou esta vida, este continuar de dias e noites, tenho como certo que o nosso encontro, naquela sala de aula, pequenos e traquinas, se tornou num dos mais importantes momentos de minha vida.

Sem ti não tinha feito nenhum sentido.

Até um dia, numa outra vida, daqui a muitos anos...

Com amizade; do sempre teu,



Pipo

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Pág. 1/3