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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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28.12.24

Feliz 2025 Equipa SARDINHASEMLATA!


Ana D.

dez_gratidão.jpgDesde há cerca de dois anos que passei a fazer parte do SARDINHASEMLATA e tem sido um privilégio. Confesso que ainda hoje me interrogo sobre os motivos que originaram este convite, já que considero que estou muito aquém da excelência da restante equipa.
Hoje peço desculpa a todos os leitores do blog mas permitam-me agradecer e enaltecer os Colegas do SARDINHASEMLATA e dizer-lhes que tem sido um gosto caminhar por aqui.

A todos, bem hajam e os votos de um Feliz Ano Novo!

25.12.24

O Soldado de Madeira: Um Conto de Natal na Neve


Marco

 

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Era manhã de Natal. A neve caía suavemente sobre os telhados da aldeia, cobrindo tudo com um manto branco e silencioso. Marco, um rapaz de 12 anos, acordou cedo, como fazia todos os anos. Mas este Natal era diferente. Não havia árvore decorada na sala, nem presentes à espera. A crise que afetava a aldeia não permitia luxos.

 

Calçou as suas galochas azuis, vestiu um casaco quente e saiu para explorar os arredores. Marco adorava as manhãs geladas, quando tudo parecia mágico e novo. Na mochila, levava um pedaço de pão endurecido, o restinho de chá morno numa garrafa e um caderninho onde gostava de desenhar.

 

Caminhou até à clareira da floresta, onde costumava brincar antes de tudo mudar. Lá, encontrou o senhor Nicolau, o velho lenhador da aldeia, a cortar madeira.

— Feliz Natal, Marco! — disse Nicolau, com um sorriso caloroso.

Marco sorriu de volta, mas sentiu um aperto no peito. O que havia para celebrar? Este Natal parecia vazio.

— Feliz Natal, senhor Nicolau — respondeu Marco, tentando parecer alegre.

 

Nicolau pousou o machado e sentou-se ao lado do rapaz.

— Sabes, Marco, o Natal não é só sobre presentes ou festas. Às vezes, é nos momentos mais simples que encontramos o verdadeiro espírito natalício.

 

Marco assentiu em silêncio. Não tinha a certeza se compreendia o que Nicolau queria dizer, mas as palavras do lenhador tinham algo de reconfortante.

 

Enquanto conversavam, Nicolau pegou numa pequena caixa de madeira que estava ao seu lado e entregou-a a Marco.

— Toma, fiz isto para ti.

 

Marco abriu a caixa com cuidado. Lá dentro estava um pequeno soldado de madeira, pintado à mão. Era simples, mas perfeitamente detalhado.

— Fui eu que o fiz — explicou Nicolau. — Para alguém especial.

 

Os olhos de Marco encheram-se de lágrimas. Era o primeiro presente de Natal que recebia em anos. Apertou o soldado contra o peito e agradeceu emocionado:

— Obrigado, senhor Nicolau. Nunca vou esquecer isto.

 

Ao regressar a casa, Marco sentiu algo mudar dentro de si. Decidiu que, mesmo sem muito para oferecer, também podia fazer algo especial para os outros. Pegou no seu caderno de desenhos e começou a criar pequenos cartões de Natal para os vizinhos.

Cada cartão tinha um desenho único: árvores de Natal, estrelas brilhantes e mensagens simples, mas sinceras. Quando terminou, saiu pela aldeia a distribuir os cartões. Muitos vizinhos ficaram surpresos e emocionados com o gesto. Mesmo nas dificuldades, Marco trouxe um pouco de luz a este Natal.

Naquela noite, ao voltar para casa, Marco encontrou algo inesperado. À porta da sua casa estava um cesto grande, cheio de frutas, pão fresco, queijo e uma manta de lã. Um bilhete simples estava preso à alça:

"Obrigado por nos lembrares do verdadeiro significado do Natal. Com carinho, os teus vizinhos."

Marco não conseguiu conter o sorriso. Nunca imaginou que um gesto tão simples pudesse ter tanto impacto. Sentou-se à mesa com a mãe e partilhou o que haviam recebido.

— Vês, Marco? — disse a mãe. — O espírito do Natal está em partilhar o pouco que temos e espalhar amor.

 

Naquela noite, Marco adormeceu com o soldado de madeira ao lado da cama. Sentiu-se grato por ter aprendido que o Natal não depende de coisas grandes, mas de pequenos gestos feitos com o coração.

 

E assim, naquela pequena aldeia coberta de neve, Marco trouxe de volta a magia do Natal.

 

23.12.24

Portugal: Ser Racista Tornou-se FIXE?


Filipe Vaz Correia



 

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Deparei-me nesta semana com a noticia da operação da PSP no Martim Moniz e com aquela triste imagem de uma quantidade indescritível de pessoas, rua acima, na Rua do Benformoso, encostadas à parede num cenário que poderia ter saído de um qualquer gueto de Varsóvia em plena Alemanha nazi.

Dir-me-ão que estou a exagerar, pois julgo que talvez não, não só pelos números pífios da dita operação, assim como pela postura do actual Governo, assim como, pelo seu discurso oficial.

Montenegro e o PSD disseram Não ao Chega, mas pelos vistos não o disseram aos seus princípios e valores, tentando a todo o custo captar um eleitorado extremista e populista...

E se para isso tiverem de adoptar um discurso securitário, desfasado da realidade, carregado de preconceito e discriminação, tanto melhor.

A utilização da PSP para este tipo de acções, carregadas de intenções políticas, incorre num perigo que muitos não entendem, é que aquilo que Pedro Nuno Santos disse, é mesmo verdade:

"Primeiro fazem aos imigrantes e depois será aos Portugueses."

Este momento levou-me a um poema de Martin Niemoller, no tempo da Alemanha Nazi:

" Primeiro eles vieram buscar os socialistas, e eu fiquei calado;

porque não era socialista.

Então, vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado;

porque não era sindicalista.

Em seguida, vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado;

porque não era judeu.

Foi então que me vieram buscar, e já não havia ninguém para me defender."

Neste momento, este tipo de acções policiais reside em cidadãos estrangeiros, de etnia diferente, sobretudo do Industão, no entanto, mais tarde e limpa deste tipo de "escumalha", certamente se erguerão vozes de bem a apontar outros focos da impureza em Portugal.

Porque não os Maricas?

E depois a esquerdalha?

E os pretos?

E os ciganos?

Esses serão certamente lembrados.

Na Alemanha Nazi este fervor terminou nos deficientes, pois mesmo que estes tivessem nascido Arianos não representavam a raça perfeita do III Reich.

E pensar em Goebells...

Esta operação policial, feita com braço político e com intuito racista e xenófobo, leva-nos a questionar até que ponto não estamos a assistir a uma perigosa deriva autoritária que poderá corroer o regime democrático...

Não nos insurgirmos contra este tipo de actos, sejamos de esquerda ou de direita, é demitir-mo-nos da nossa obrigação de lutar pelos valores democráticos que nos deveriam guiar como Pátria.

Ao ouvir o regozijo de alguns trolls da extrema direita Portuguesa em relação a estes actos, com apelos quase Nazis, persiste em mim uma questão:

O que pensariam os Arianos do III Reich ao olhar para os puros Machados ou Venturas?

Que, certamente, seriam Marroquinos, pela tez ou a barba mal amanhada.

Traje às riscas e comboio marcado rumo à Polónia.

Mas explicar isto a quem vergonhosamente não sabe, ou se calhar sabendo opta por desconhecer.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

 

22.12.24

A minha galinha é melhor que a tua


O ultimo fecha a porta

Já o escrevi e torno a escrever: não extremistas melhores do que os outros. 

Sejam de esquerda, sejam de direita, sejam vegan, sejam vegetarianos, sejam feministas, etc. 

Parece que chegamos à fase em que se impõe a superioridade moral do politicamente correto.

As pessoas podem ter opiniões diferentes das nossas. Temos que as respeitar, desde que não prejudiquem ninguém. Se chegarmos às redes sociais, não faltam perfis desses: se concordamos temos o like, se discordarmos, levamos logo com o insulto gratuito. Aconteceu-me esta semana. 

Uma resposta educada a uma story e um insulto como resposta. E nisso o Twiter é ainda pior - já desisti. De facto, parece que vivemos num mundo onde temos que ficar por cima. Aqui nas redes, há um conhecido anónimo para o qual nada tem interesse. Respeito a sua opinião. Opto pelo silêncio neste blog e pela moderação do meu blog pessoal. Afinal tenho o direito de publicar os comentários que quero, mas não insulto nem falto ao respeito.

 

Desabafo feito, venho o domingo.

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