50 anos do 25 de Abril de 1974
O ultimo fecha a porta
Na próxima 5ª feira comemoram-se os 50 anos do 25 de Abril.
Mais do que nunca, o que foi alcançado nesta data está em risco.
Sempre vivi em democracia, onde a liberdade e o funcionamento do Estado de Direito foi um direito adquirido. Nos últimos anos, impulsionado por Donald Trump e uma pandemia, temos vindo assistir à ascensão de discursos radicais, individualistas e de incentivo ao ódio. Esta radicalização vem da esquerda e da direita.
Há cerca de um mês atrás, assistimos ao povo português a afluir de forma anormal às urnas, com uma abstenção muito menor que em eleições anteriores. O resultado foi dramático: uma votação muito elevada num partido anti democrata, populista e xenófobo. Muitos dos votantes, acredito e quero acreditar, que votaram como protesto contra quem não respeita e abusa da democracia.
Nas últimas semanas e vou tomar estas representativas, vi um deputado do Chega a chamar de "tachos" a cargos democráticos, onde o seu próprio partido tem um vice presidente, perante a incredulidade da jornalista. Um discurso sem nexo, carregado de palavras feitas. Vi também o mesmo partido a roer a corda na eleição do presidente da AR, gerando um bloqueio democrático impensável e que promete ser um fator de destabilização, nao confiável e continuar a incentivar o ódio.
Do lado da esquerda, também há telhados de vidro. Um partido extremista ainda sem ver o programa de Governo, já tinha anunciado que ia reprovar. Uma ação também sem qualquer nexo e de bloqueio. Outro partido extremista, anti literacia financeira continua a apoiar anarquistas do "clima" e também reprovou o programa de Governo "porque sim".
Muitos atentados ao bom senso e à democracia, onde a liberdade de expressão dá origem aos extremos.
PS: Não percebo esta indignação de baixar a taxa de IRS aos rendimentos superiores. Se a taxa é progressiva e se quando houve um aumento, quem ganhava mais, foi quem pagou mais, é mais do que justo que agora seja beneficiado. Não estou incluído nesse lote, mas é de bom senso e justiça. Os rendimentos mais altos pagam 48% de IRS, ou seja metade do que ganha vai para o Estado. Mais, os mesmo partidos que defendem que Portugal devem reter os seus talentos e evitar a fuga pela emigração, são os mesmos que querem bloquear a descida de impostos nos rendimentos mais altos. Tanta incoerência...
PS II: Muito divulgado esta semana, o fecho de uma mercearia histórica na Baixa do Porto, cedendo-se à tentação das rendas elevadas às multinacionais que vivem do turismo. Será que todos os que partilharam e se indignaram fazem compras no comércio tradicional?