Foto: Travellight | Ilha Terceira, Açores Na vista da Ilha Terceira, Longe de Ponta Delgada, Sua sede verdadeira. Nem Vila do Porto altiva, A mais velha da fiada, Em suas ruas cativa Como princesa encantada. De cimento a remendaram, Coroaram-na de aviões, Mas eternos lhe ficaram Os bojos dos seus talhões. — Vitorino Nemésio
Foto: Travellight | Guincho, Cascais Mar! Tinhas um nome que ninguém temia: Eras um campo macio de lavrar Ou qualquer sugestão que apetecia... Mar! Tinhas um choro de quem sofre tanto Que não pode calar-se, nem gritar, Nem aumentar nem sufocar o pranto... Mar! Fomos então a ti cheios de amor! E o fingido lameiro, a soluçar, Afogava o arado e o lavrador! Mar! Enganosa sereia rouca e triste! Foste tu quem nos veio namorar, E foste tu depois que nos traíste! Mar! E quando terá fim o (...)
Há um lugar sem nome onde moramos reféns: Cognome que substitui lugares antigos e que dilui, em si e no tempo, as cores e os sabores de uma identidade vivida em fotografias antigas, agora esquecidas entre o pó de objectos, sem cheiro de amor. Por temor de recuar no tempo e voltar a bater à nossa própria porta … sem ninguém para a abrir.
Somos lugares sem nome a viver entre flashes, presos por um fio de redes sociais e memórias instantâneas, que depressa se esvai p’lo buraco (...)