Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

15.04.21

A saúde urbana que nos deixa doentes!


Triptofano!

A civilização é uma ilimitada multiplicação de necessidades desnecessárias

Mark Twain

 

Uma cidade de 1 milhão de habitantes consome diariamente 11500 toneladas de combustíveis fósseis, 320000 toneladas de água e 2000 toneladas de alimentos. No reverso da medalha, também diariamente produz 25000 toneladas de dióxido de carbono, 1600 toneladas de resíduos sólidos e 300000 toneladas de efluentes.

Antigamente procuravam-se as cidades para fugir da morte precoce das zonas rurais, mas a evolução levou a que as cidades não fossem mais do que armadilhas infernais, espaços de encontrão e geradores de sentimentos de insegurança, ao invés de serem espaços de relação.

Esquecendo o inesquecível isolamento que a pandemia nos impôs, as cidades são cantigas de embalar com promessas de um ecossistema privilegiado, perto de tudo e de todos, mas que na realidade nos fazem ficar cada vez mais sozinhos nos nossos metros quadrados muitas vezes pagos a preço de ouro e de sonhos de um futuro que seja mais que sobreviver.

As cidades aproximam-nos ao mesmo tempo que nos afastam, proporcionam-nos acesso à saúde ao mesmo tempo que nos adoecem. As cidades despertam a vontade ecológica que há em cada um de nós só para ignorarmos que no conjunto de todos os poluentes, as fontes de emissão automóvel e doméstica prevalecem largamente sobre as emissões ligadas à produção energética ou industrial, contribuindo para o agravamento do efeito de estufa e para o desequilíbrio climático mundial.

Estamos enfeitiçados pelas cidades, pelas suas promessas que nos encarquilham os ossos e a pele. Quantos de nós, com a possibilidade (assustadora) de um teletrabalho eterno equacionaram fazer o caminho inverso dos nossos ascendentes e regressar ao meio rural?

Regressar a um espaço onde a falta de ter tudo poderá tornar-nos mais completos do que alguma vez almejámos ser?

Ou será que a solidão das multidões já se entranhou nos nossos poros e preferimos a ratoeira não compreendendo que fomos apanhados sem sequer comer um pedaço de queijo?

O homem é o único animal que cora. Ou que precisa de corar.

Mark Twain

2 comentários

Comentar post