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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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07.09.20

A Singularidade De Um Eterno Amor...


Filipe Vaz Correia

 

 

 

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Duas almas entrelaçadas caminhando junto ao rio, de mansinho engatilhadas nessa imensidão de vazio que se apresenta como destino. Nesse caminhar soa o piano como compasso de um e outro contratempo, outro e mais outro adeus, no desesperante fervor que se amarra em cada entrelaçar de dedos, a alma, discretamente, intensamente presente. Duas almas, sempre as mesmas, de olhar perdido em si, num buscar que se pretende único, singular, singularmente belo. Como é bela a incerta certeza de se sentir amado, amada, estupidamente temendo esse arrefecer de tempo no pulsar maior dos grandes contos. Quantas vezes será possível fechar os olhos e sentir que alguém sente por ti? Quantas? Sentir a tua dor, antes mesmo que o teu corpo a sinta, antecipando o grito da alma, a dor desse amor que se agiganta na turva esperança da singularidade... a singularidade de um eterno amor. Mas escrever sobre o amor, amar, pode representar o mais trivial e comezinho sentido de uma fábula menor. Mas como escapar do amor? Como pode ser grandiosa a aventura de um grande amor, daqueles desabitados, desencontrados, mais forte do que a realidade, do que as desventuras de um momento, resistindo época após época, sharia ou inquisição, ferro ou fogo. Esse amor, que descrevo, passa pelas lágrimas ardentes de uma profunda bem querença, pelas palavras não ditas de um piscar de olho, pelas gotas de desejo presas em cada parte de saliva. Esse amor sobrevive ao esboço da letra, ao pó da palavra, ao conjunto de frases feitas que espartilham o tempo...

Esse amor é a intrínseca pincelada de um poeta, a verdadeira esperança num mundo melhor.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

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