Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

11.10.21

A Triste “Justiça” À LA Carte…


Filipe Vaz Correia

 

 

 

88EE5F79-ABEF-43EC-B8E4-8B40F9AA5F38.jpeg

 

Esta semana desabafo nesta SardinhaSemlata sobre um tema que me causou inquietação e indignação.

A justiça, essa feita de letra pequena, sem preocupações com a forma ou a substância, apenas entregue a jogos mediáticos para o dito e momentâneo contentamento popular.

Depois do fiasco com a fuga de João Rendeiro, a justiça Portuguesa resolveu rever as medidas de coacção de outros arguidos e condenados neste processo BPP...

E muito bem.

Assim, notificaram o antigo administrador Paulo Guichard e ordenaram a sua presença em tribunal na sexta-feira, sendo que este se encontrava no Brasil há dez anos, tendo de regressar propositadamente para este efeito.

O dito senhor, que faço questão de salientar não conheço de lado algum nem a ninguém de sua família, regressou assim a Portugal na última quinta-feira a tempo de se apresentar para aquilo que todos sabíamos, inclusive o próprio, iria ser a sua prisão.

Saído do avião, no aeroporto do Porto, tinha à sua espera a Policia Judiciária para o deter e levar para os calabouços da PJ.

Questões que me ocorreram:

Porquê?

O senhor estaria atrasado?

Não tinha sido notificado para se apresentar no dia seguinte?

Não sabemos...

Estavam com medo do perigo de fuga?

Ai deste é que tinham medo do perigo de fuga!

Será que têm a coragem de alegar o perigo de fuga para alguém que regressa do Brasil para Portugal sabendo o que o esperava?

"Isto é tão estúpido como pequeno, tão indigno como estapafúrdio."  Apenas afirmação insistente que gritava pulmões a dentro num silencioso e gigante pensamento.

Esta tentativa de agradar à opinião pública, histericamente sedenta de sangue após a fuga de Rendeiro, leva a justiça ou melhor alguns juízes a serem capazes de tudo, numa incessante busca pela aparência de credibilidade.

O senhor Guichard não precisa que o defenda, aliás não o estou a fazer, não necessita que o desculpe pelos crimes que segundo o julgamento cometeu e por essa razão deve cumprir a pena que lhe foi decretada.

Agora transformar o acto de sua entrega, a legítima vontade de se entregar marcando a diferença para quem fugiu, num triste espetáculo de autoritarismo bacoco demonstra o quão podre está a nossa Justiça.

Infelizmente estes pecadilhos tornam tão indigno o acto de justiça como o acto de outros que ousaram fugir, pois confere uma certa legitimação da humilhação,  dando sustentação àqueles que olhando para a Justiça Comezinha preferem expressar bem longe a sua desconfiança do sistema.

Por fim uma questão não me deixou de inquietar:

Não sei se vindo através dos serviços prisionais do Porto para Lisboa não terá, o senhor Guichard, chegado atrasado ao Campus de Justiça na sexta-feira.

Se calhar mais valia ter vindo de Alfa Pendular...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

 

 

4 comentários

Comentar post