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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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17.02.22

A Violência no Namoro


The Travellight World

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“No ano passado, a PSP recebeu 2215 denúncias de violência no namoro. Faixas etárias até aos 18 anos e dos 18 aos 25 anos constituem mais de um terço das denúncias feitas nos últimos três anos. Vítimas são sobretudo do sexo feminino.”

Jornal Público | 14/02/2022

 

A notícia entristeceu-me, mas infelizmente não me surpreendeu. Acho até que os números reais devem ser muito  mais elevados, mas não chegam a público por medo/vergonha de denunciar.

Muitos pensam que o crime de violência doméstica é algo que ocorre apenas entre marido e mulher, mas a verdade é que desde 2013, passou a integrar também a violência no namoro, deixando de ser necessária a coabitação para se configurar o crime. Uma alteração necessária já que os relacionamentos abusivos entre namorados são muito mais comuns do que se esperaria e acontecem em faixas etárias cada vez mais jovens.

Quero acreditar que o aumento de denúncias resulta dos adolescentes estarem melhor informados sobre os seus direitos e reconhecerem melhor quando uma situação “passa das marcas”, mas temo que assim não seja, já que em todo o mundo, estudos recentes parecem comprovar que, efetivamente, o que está a aumentar é a violência…

O fenómeno não é novo, mas a sua persistência, e pior, o seu aumento, tem necessariamente de nos preocupar a todos.

Um adolescente sem experiência em relacionamentos pode facilmente assimilar exemplos errados do que é “amar alguém”, do que é “ser romântico” e até do que é “fazer amor”. Seja porque foi isso que sempre viu em casa, porque é isso que assiste na tv e no cinema ou porque aquilo que sabe sobre sexo aprendeu na internet em filmes pornográficos hardcore, antes mesmo de ter maturidade para perceber o que estava a ver.

A violência no namoro adolescente pode assumir várias formas. Pode ser violência física direta, mas também pode ser pressão psicológica para realizar atos sexuais com os quais o adolescente não se sente confortável ou generalizar-se, como qualquer outro tipo de violência doméstica, num controlo total do outro através de críticas, humilhações e ofensas, destinadas a destruir a sua auto-estima e auto-respeito.

Comportamentos de agressão, crítica, ciúme e sentimento de posse são normalizados e interpretados como “amor”.

Muitas vezes os adolescentes não reconhecem logo o abuso e ficam em silêncio. Pensam: “ele/ela comporta-se assim por que me ama muito”.

Se isso já é grave em adultos, em adolescentes é dramático, porque ao se calarem, ao não procurarem ajuda por não conseguirem identificar a situação como anormal e perigosa, eles nunca vão aprender o que é um relacionamento saudável, o que é o consentimento, o respeito pelo outro e a importância dos limites. Resultado? Agressores livres de responsabilidades e vitimas traumatizadas para o resto da vida. É a perpetuação do ciclo de violência. Homens e mulheres que chegados à vida adulta vão continuar a repetir os mesmos padrões de comportamento.

É por isso, extremamente importante que a sociedade civil no geral, e os pais em particular, fiquem atentos aos sinais de alarme.

Precisamos de aumentar a consciencialização e a educação para que no futuro as estatísticas sejam outras.

 

Para mais informação sobre este tema e ajuda, consultem o site da Apav Para Jovens 

 

2 comentários

  • Muito obrigada querido Filipe.
    Beijinho e boa semana.
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