Para minha tristeza tenho que aqui escrever que o Presidente da República perdeu o tino, não o Tino de Rãns, mas sim o seu tino, a capacidade de discernir o bom-senso da desmedida insensatez que frequentemente aparenta.

Marcelo perdeu a razão, tendo estes dois casos,  em poucos dias, sido uma espécie de sinopse que poderá abalar os alicerces da Presidência da República.

O primeiro, este caso das gémeas, tem uma gravidade absolutamente indesejável e indesmentível, pairando no ar um cheiro nauseabundo de corrupção e cunhas, no entanto, nada pode ser comparável ao que aconteceu com o alto representante da Palestina.

Marcelo comportou-se no Bazar Diplomático como uma criança numa loja de doces, ou seja, impulsivo, reactivo e sem controle das suas palavras, deixando a linha diplomática Portuguesa numa encruzilhada de insensatez.

O Presidente da República comporta-se, de há muito a esta parte, como um participante de um qualquer concurso de stand-up comedy, num misto de brejeirice e atrevimento, de estupidez e palermice.

Qual é o grande problema?

O imenso problema é que a presidência da república e o seu representante não podem estar sujeitos a este tipo de comportamento, a este tipo de desnorte  que marca o comportamento de Marcelo Rebelo de Sousa neste seu segundo mandato.

Mais do que indesculpável é incompreensível que este Presidente da República se comporte desta maneira,  pois a sua experiência, a sua inteligência e a sua capacidade para discernir cada momento da vida pública, deveriam ser suficientes para evitar todos estes momentos de arrepio institucional.

O que hoje vivemos, olhando para Belém, é uma incongruência institucional, uma incapacidade para compreender este tipo de personagem neste tempo que tantos desafios nos apresenta.

Votei em Marcelo das duas vezes em que concorreu para este cargo, no entanto, jamais o faria sabendo o que hoje sei, tendo como memória tudo o que tem ocorrido neste segundo mandato.

Assim e esperando que alguém ponha tino no desatino de Marcelo, não posso deixar de aqui expressar este repúdio absoluto do papel representado pelo "velho" Marcelo, que de tantos erros cometidos quase parece um jovial e imberbe novato na vida política.

Filipe Vaz Correia