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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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Um espaço de pensamento livre.

25.05.20

Boçalnaro...


Filipe Vaz Correia

 

 

 

Versão abreviada de um circo de horrores

 

Tenho acompanhado com apreensão toda a situação no Brasil, nessa terra de samba e alegria, letras e poesia, pedaço de alma nossa.

Acompanho diariamente as palavras de Marco António Villa, um comentador e historiador, professor universitário, que escuto sempre com a maior das atenções.

Sou um incondicional apaixonado pela cultura Brasileira, seja na literatura ou na música, de Vinicius de Moraes a Carlos Drummond de Andrade, de Miguel Fallabela a Jô Soares, de Martinho da Vila a Alcione, de Roberto Carlos a Tim Bernardes, de Fábio Porchat a Bibi Ferreira.

Quem acompanha os meus escritos sabe o meu "amor" por Vinicius ou Cazuza...

A minha ligação cultural ao Brasil é imensa, desde tenra idade, imensamente entregue a essa língua que nos une e a esse destempero carregado em cada pedaço de palavra que, sempre, invadiu o meu imaginário.

Neste tempo em que vivemos descubro um Brasil desconhecido, para mim, um cinzento desmesurado que invade todos os recantos de uma sociedade polarizada, dividida em facções, numa batalha que ameaça destruir uma Nação.

Não vou entrar aqui em análises profundas, em dissertações aprofundadas sobre o que identifico neste novo poder no Palácio da Alvorada, no entanto, não posso deixar de pontuar uma questão...

A cultura!

Esse pedaço de nós que sinaliza a essência de um povo e a vitalidade de um Regime.

Este Brasil, da actualidade, tem horror à Cultura, àqueles que a construíram e à genialidade que se amarra a essa liberdade de pensar.

Isso verdadeiramente me inquieta.

O primeiro sinal que observei foi na atribuição do Prémio Camões, decidido pelos dois Países, Portugal e Brasil, e que foi atribuído a Chico Buarque...

Ideologicamente Chico está nas antípodas do meu pensamento, tão distantes que nos encontramos, porém a sua qualidade poética, musical, cultural, está acima das diferenças ideológicas que nos possam separar.

Não deveria ser assim?

Quando Bolsonaro, não o cidadão mas o Presidente do Brasil, se recusou a assinar o documento que ratificava o Prémio Camões, por este ser entregue a Chico Buarque, logo se acenderam as minhas luzes de alerta que ainda se encontravam desatentas.

No momento em que vivemos, olhando para as terras de Vera Cruz deste cantinho Lusitano, me deparo com a ignorância no poder, esse susto que deve amedrontar todos aqueles que sonham com o livre pensamento, boçalidade essa que se explana em cada palavra Presidencial ou de seus apoiantes.

Olavo de Carvalho, o expoente máximo da Cultura Bolsonariana, percorre as redes sociais insultando aqueles que pensam diferente, em pequenos pedaços de aulas que nos levam por entre Terraplanistas e seguidores de seitas evangélicas.

Será possível que o País de Caetano Veloso, Assis Pacheco, Aldir Blanc, Elis Regina, Renato Russo ou Cartola possa ter chegado ao ponto de ser comandado por um conjunto de pessoas que não conseguem construir uma frase sem a ela acrescentar um palavrão?

Já viram a reunião Ministerial do Governo Bolsonaro?

Uma vergonha.

Neste misto de tristeza e revolta parto, por este mar carregado de sardinhas, sabendo que uma Nação que não respeita a sua cultura estará, sempre, mais perto do abismo.

E como respira Cultura o Brasil...

Que possa ser ela, a fantástica Cultura Brasileira, a dar o grito do Ipiranga.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

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