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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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03.10.20

Caldeirada Com Todos... “Vorph Valknut”


sardinhaSemlata

 

 

 

 

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Num dia desvalido julguei achar-me numa pedra,
 
de uma Fraga frestada, esquecida. 
 
Tentei aninhá-la comigo,
 
trazê-la fechada, num saco, (exalou quando lhe toquei), com o resto de alguma comida.
 
Enrolada, então, no papel de prata de umas bolachas, os restos escondi-os num lenço amarelo-assoado.
 
Fria como morta.
 
E tu, meu eu? 
 
Que diferença haveria?
 
Quantos dias sumidos, somados em anos cada vez menores,
 
de uma perseverança inútil, numa esperança fútil.
 
Sangrada a vergonha, jogando-me ao peito,
 
Como de uma escarpa,
 
dentro dumas águas negras e baptismais,
 
sem ninguém. Só.
 
Pesadamente, só.
 
Olho-me, numa poça, como de longe, afogando-me o pensamento no absurdo,
 
nas vontades fétidas de uma criança inchada.
 
Um gelo infernal desponta,
 
ao ter a certeza de no vivido achar este futuro de hoje,
 
como coerência de fantasia.
 
Nascido sem aprovação, num amor fora de jogo,
 
fui embalado na sarjeta,
 
tendo visto numa garrafa vazia o reflexo partido de uma mãe
 
e num enorme rato preto, um pai.
 
Tantos sonhos tragados, tanto tempo estragado.
 
Delirado pelas sezões ganhas do desencontro,
 
julguei possível a esperança de um outro, meio de mim.
 
Verme ou bicho, não importa.
 
Mais tarde, na estrondosa e clara derrota
 
fui obrigado ao vislumbre de uma exótica vitória,
 
mantendo-me acordado numa qualquer estranha razão,
 
nessa doentia curiosidade,
 
por um final sabido e inicial.
 
Bizarro indulto,
 
Criado num género de óbito,
 
numa vida desculpada.
 
A um género de doença me apeguei.
 
Fincado (as causas perdidas, as minhas favoritas) nos desassossegos,
 
Calcei num casaco sem força a alma extinta.
 
E no Sol pus feitiço (que sabes tu da vida, que sabe a gelo?),
 
na Lua, um tipo de oração.
 
"Vim ter contigo, quero-te feliz"
 
"Desaparece. Vê como brinco ao abismo".
 
Quem fez esta vida, esta comédia isolada?
 
(O coração da noite enche-me de sangue as veias e as nuvens umbrosas dão-me o meu manto).
 
 
 
 
 
 

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