Caldeirada Com Todos... “Vorph Valknut”
sardinhaSemlata
Num dia desvalido julguei achar-me numa pedra,
de uma Fraga frestada, esquecida.
Tentei aninhá-la comigo,
trazê-la fechada, num saco, (exalou quando lhe toquei), com o resto de alguma comida.
Enrolada, então, no papel de prata de umas bolachas, os restos escondi-os num lenço amarelo-assoado.
Fria como morta.
E tu, meu eu?
Que diferença haveria?
Quantos dias sumidos, somados em anos cada vez menores,
de uma perseverança inútil, numa esperança fútil.
Sangrada a vergonha, jogando-me ao peito,
Como de uma escarpa,
dentro dumas águas negras e baptismais,
sem ninguém. Só.
Pesadamente, só.
Olho-me, numa poça, como de longe, afogando-me o pensamento no absurdo,
nas vontades fétidas de uma criança inchada.
Um gelo infernal desponta,
ao ter a certeza de no vivido achar este futuro de hoje,
como coerência de fantasia.
Nascido sem aprovação, num amor fora de jogo,
fui embalado na sarjeta,
tendo visto numa garrafa vazia o reflexo partido de uma mãe
e num enorme rato preto, um pai.
Tantos sonhos tragados, tanto tempo estragado.
Delirado pelas sezões ganhas do desencontro,
julguei possível a esperança de um outro, meio de mim.
Verme ou bicho, não importa.
Mais tarde, na estrondosa e clara derrota
fui obrigado ao vislumbre de uma exótica vitória,
mantendo-me acordado numa qualquer estranha razão,
nessa doentia curiosidade,
por um final sabido e inicial.
Bizarro indulto,
Criado num género de óbito,
numa vida desculpada.
A um género de doença me apeguei.
Fincado (as causas perdidas, as minhas favoritas) nos desassossegos,
Calcei num casaco sem força a alma extinta.
E no Sol pus feitiço (que sabes tu da vida, que sabe a gelo?),
na Lua, um tipo de oração.
"Vim ter contigo, quero-te feliz"
"Desaparece. Vê como brinco ao abismo".
Quem fez esta vida, esta comédia isolada?
(O coração da noite enche-me de sangue as veias e as nuvens umbrosas dão-me o meu manto).