Debates presidenciais
Sarin
Eis-me aqui, amanhecida para um debate com os caríssimos leitores, a lançar um aperitivo muito antes do meio-dia... terão talvez, também aí desse lado, pensado que seria hoje que eu iria escrever e responder e... bom, falta meia-hora para me caírem as escamas e eu a teclar, um olho no Trump e outro no chegano, o debate suspenso como o Senado nos EUA...
As coisas nem sempre correm como se deseja, pois não?
Foi mais ou menos o que senti quando comecei a ver os primeiros seja-lá-aquilo-o-que for-mas-que-chamam-debates destas presidenciais. Já havia ficado apreensiva quando soube que seriam de meia hora. Meia hora dá para quê, exactamente? Se correr bem o que ainda falta correr mal, dará para terminar este postal... se me deixarem acabar o que estou a escrever. E não me interromperem com opiniões parvas. Nem me colocarem perguntas que nada a ver - caramba, estou a escrever um postal para o sardinhaSemlata, não uma reclamação para os CTT! Ufa, e sou só eu, imaginem se estivesse a escrever a quatro mãos! [nada garante que não esteja a escrever metendo os pés por estas, mas é por serem as botas mais quentinhas. adiante!]
Ultrapassado, porque irremediável, o temor pela duração, predispus-me a seguir todos os debates, abençoadas gravações automáticas. Sim, preciso mesmo de recorrer às gravações automáticas, os debates esgotam-me. Perco-me a tentar perceber que convidado está o moderador a entrevistar e depois tenho de andar para trás para ouvir melhor a pergunta. Seria mais fácil se esta fosse comum, mas o protagonista gosta de colocar perguntas diferentes. Além disso, todos os dias tem havido um candidato que parece assumir serem-lhe dedicadas todas as perguntas, não se cala. E as estrelas parecem apreciar tal atitude, pois só uma vez vi um moderador, que era moderadora, a tentar moderar. O som, e talvez a irritação.
Também achei piada a um cronómetro. Que não avança quando um candidato fala fora da sua vez.
Irritada fiquei eu quando descobri que 30 minutos serviam para entrevistas triangulares entre moderador e candidatos, mas 90 serviam para comentadores alardearem o que entendiam das propostas que os candidatos mal puderam defender, o que pensavam das prestações dos candidatos na conversa (pois que outro nome lhe dar?), como avaliavam o seu desempenho. Com notas.
Pois bem. Chumbo todos os canais. Mas como não tenho muito mais tempo para lançar as notas, segue assim. O despautério é tanto, este não destoará.
Espero que os dias vos corram melhor do que a mim este postal... Fiquem bem. Com Chico Buarque.