(Des)construção
Ana D.
A propósito do 11 de setembro de 2001, assinalado esta semana, ocorreu-me pensar quantas vezes a história, seja a do mundo ou a nossa, se faz a partir da (des)construção. Uma (des)construção na maior parte das vezes inesperada, adiada e até sobejamente indesejada, que tantas vezes deita por terra tudo o que havia até então.
Uma (des)construção do mundo ou do "nosso mundo" tal como o conhecemos e temos como referencial e que tantas vezes acaba por ser derrubado não só do ponto de vista físico e existencial, mas também do ponto de vista dos paradigmas que lhe estão associados, abalando crenças, certezas, convicções ou perceções e deixando à vista fragilidades, do mundo ou nossas, que nem sempre sabíamos existirem.
Uma (des)construção que nos entra pela vida adentro, evidenciando que nenhuma realidade ou situação, por mais planeada ou controlada que seja, está imune a mudanças pontuadas pelo sentimento, angustiante ou estimulante, da incerteza.
Uma (des)construção transformadora que coloca o mundo e nós, numa posição de humildade, seja para absorver novas informações ou pontos de vista ou mesmo para mesclar diferentes perceções, com vista a (des)construir uma identidade.
Uma (des)contrução como centro dos processos de construção e reconstrução do mundo e de nós próprios, que nos permita (des)construir a sociedade e a individualidade com confiança.
Por tudo isto, vejamos nesta (des)construção a oportunidade, até porque como gosto de acreditar (quando possível), o que não nos mata, torna-nos mais fortes.