E Depois Das Eleições... Que Venham As Próximas!
Filipe Vaz Correia
Escrevo aqui, nesta Sardinha, sempre impreterivelmente pelas 9 da manha das Segundas Feiras, no entanto, hoje atrasei-me, propositadamente adiei este texto num misto de estupefacção e tristeza.
O País que sai destas eleições é um País encurralado e confuso, aprisionado neste emaranhado de equívocos em que se parece ter tornado a narrativa política nacional.
Pedro Nuno Santos disse ontem que o milhão de pessoas que votaram no Chega não são todas racistas e xenófobas, o que me parece correcto e bem analisado, no entanto, podemos dizer que no mínimo são pessoas que apesar de não serem racistas, homofóbicos, misóginos, não se importam de votar em alguns que o são em nome de um bem comum para os Portugueses de Bem.
Esta representatividade do Chega assusta-me e preenche em mim a crença profunda de um problema gigantesco que aumenta na Direita Portuguesa e que atirará pessoas como eu para um cenário de centro e centro esquerda fugindo deste tipo de boçalidade encartada.
Montenegro que venceu as eleições com uma vitoria de Pirro teve uma atitude digna, mantendo a sua palavra de que não se coligaria com o Chega e apesar das imensas pressões que deve estar a sentir dentro do partido da parte daquela ala Passista que deverá tudo fazer para o convencer a dar o dito pelo não dito...
Aqui se joga muita da sua espinha dorsal e da sua credibilidade e quero acreditar que não as perderá.
Dos dois vencedores da noite, André Ventura e Rui Tavares, falarei do segundo por uma questão de higiene linguística e textual, sendo assim uma agradável surpresa ver como o Livre foi capaz de capitalizar o seu voto, dinamiza-lo e captar jovens e universitários, assim como a IL, estes são os partidos onde as pessoas com mais instrução acabam por votar.
Quanto ao PCP, paz à sua alma, se é que alguma vez a teve, este partido caminha para o desaparecimento sendo substituído em grande parte do País, como no Ribatejo ou no Alentejo pela transmissão de voto directo para o Chega.
Não que isto me surpreenda, radicais entre radicais.
Por fim, o PS...
Pedro Nuno Santos tem aqui uma derrota de expressão pois tem pior desempenho do que José Sócrates no tempo da Troika, no entanto, atendendo que só foi eleito para a liderança do partido a menos de dois meses do acto eleitoral este resultado não o deverá fragilizar dentro do PS dando-lhe tempo para reconstruir uma alternativa para o País.
Costa veio assumir a responsabilidade por esta derrota dando a Pedro Nuno Santos um respaldo que este deve agradecer, num gesto que registo como nobre e até surpreendente de alguém que um dia disse de um amigo que este estava convencido da sua verdade...
Nunca é tarde para aprender.
Assim tardiamente aqui vos escrevo neste cenário eleitoral que reputo de dantesco e horripilante, vendo o meu Pais com um crescimento de uma extrema direita bacoca, bafienta, quezilenta e xenófoba.
Mas enfim...
O Professor Salazar seria um perigoso esquerdista ao pé destes mal afamados meninos.
Para terminar, não posso deixar de aqui escrever sobre preocupações migratórias num tempo em que este parece ser um tema em cima da mesa, notando apenas o crescimento do voto evangélico, brasileiros de seitas radicais, no Chega, dando um toque Bolsonarista a este movimento, o que não só me parece adequado como até pitorescamente anedótico.
O Presidente da Republica, pois este desastre em quem votei duas vezes, é talvez o principal derrotado da noite, pois com um parlamento de maioria absoluta aceitou atirar o País para umas eleições despoletadas por um caso judicial que cada vez mais, arrisco escrever, me parece ridículo e desastroso.
Quanto à Procuradora Geral da Republica e o respectivo Ministério Publico acredito que caminharão felizes e contentes na sua jornada autista rumo a uma SOLUÇÃO FINAL.
Não sei porquê mas ocorreu-me esta expressão.
Agora é só esperar pelas próximas legislativas...
Devem estar aí em breve.
Filipe Vaz Correia