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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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03.12.20

É Imunidade Diplomática Senhores!


Triptofano!

É imunidade diplomática senhores! - foi o que supostamente disse József Sjájer, eurodeputado húngaro, quando confrontado pela polícia sobre o que levava no regaço. 

Esta poderia ser uma história digna de qualquer propaganda política populista, não fosse József estar nu, a fugir duma orgia de sexo entre homens, com as mãos ensanguentadas pelas manobras acrobáticas com que tentou não ser apanhado com a boca no trombone. Infelizmente, talvez condicionados pela idade, os movimentos dignos do Cirque du Soleil não foram suficientes para que o deputado do partido de extrema-direita se tivesse posto ao fresco a tempo, o que catapultou a sua demissão do Parlamento Europeu.

Não sei se notaram o preciosismo, mas não escrevi orgia gay, nem orgia homossexual, mas sim orgia entre homens, que um militante de extrema direita nunca poderia ser paneleiro nem rabeta. Homem a sério como antigamente, de barba rija e preconceito no discurso, não se mete em mariquices, apenas num convívio entre camaradas, numa salutar reunião entre varões, numa penetrante troca de ideias masculinas que toda a gente sabe fluir melhor quando é feita sem roupa. 

József, cujo partido foi responsável pela revisão constitucional que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Hungria, provavelmente não estava com pretensões de dar o nó quando se despojou de vergonhas no chão daquele bar. É a velha história de alguém servir para dar umas voltas mas não ser suficiente bom para casar, sendo que neste caso, esse alguém nem era suficientemente bom por si só para as cambalhotas, já que teve de ser multiplicado por 25, numa pandemia de pilas e cus sem fim.

Todo este texto serve apenas para mostrar que pessoas bem resolvidas e seguras de si não precisam de destilar ódio sobre o estilo de vida alheio, porque regularmente isso apenas mostra frustração em não ter tomates para assumir aquilo que se é. Sim, porque é preciso ter um grande par de tomates, daqueles coração-de-boi, para mandar as convenções sociais - e as piadas de balneário e as palmadinhas do tempo das cavernas nas costas - para o caixote do lixo, e viver de forma plena, sem máscaras nem mentiras nem tentativas de agradar a quem quer que seja.

Fica apenas uma questão final, algo que apoquenta o meu espírito e certamente o de muitos outros cidadãos por este mundo fora: Estariam os orgiásticos (é assim que se chama quem participa numa orgia?) a usar máscara? É que a distância de segurança certamente não estava a ser cumprida...

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