Depois dos Portugueses de bem, temos a defesa da família tradicional. Tudo bem, sou sempre a favor das tradições. Defendo a sua manutenção, Vivam as tradições. E, como sou pelas tradições, sou também pelas famílias tradicionais. Defendamos as famílias tradicionais. Mas antes de iniciarmos a sua defesa, temos que saber duas coisas. O que estamos a defender, e de quem? Comecemos pelo início. O que é família? Uma rápida pesquisa leva-me ao Ciberdúvidas, do ISCTE, que me explica que família virá do latim familia que significa "o conjunto de escravos da casa; todas as pessoas ligadas a qualquer grande personalidade; casa de família". A Wikipedia remete para famulus, que significa escravo doméstico. Portanto, será este o conceito de família tradicional que se pretende defender? Um conceito ligado à escravatura? Encontrei esta definição numa tese de mestrado "a família é composta por dois ou mais indivíduos, pertencendo ao mesmo ou a diferentes grupos de parentesco, que estão implicados numa adaptação continua à vida, residindo habitualmente na mesma casa, experimentando laços emocionais comuns e partilhando entre si e com as outras certas obrigações.", que me parece bastante interessante. Perceber que uma família se rege por emoções e por partilhas entre indivíduos, e não por laços de sangue e por conceitos jurídicos ou religiosos. Duas pessoas, sem qualquer parentesco podem ser uma família. Casados ou não, com laços de sangue ou não. Do mesmo sexo ou não.

E de quem temos que a defender? Bem, de ninguém. O que temos que defender é que não há verdades dogmáticas e não há donos da verdade. O que temos que defender é a capacidade de compreender que somos diferentes. O que temos que defender é que ninguém tem o direito de impôr a sua vontade e as suas definições e escolhas de vida aos outros...

E de quem temos que a defender? Pelo que percebi, dos que a renegam.