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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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23.04.20

Em tempos de quarentena, servirá o Tinder para estabelecer verdadeiras ligações?


Triptofano!

Sim, é possível encontrar um parceiro a longo prazo no Tinder, mas sejamos honestos, 90% (para não dizer mais) dos usuários que por lá andam só pensam numa coisa: sexo!

Somos todos animais, temos todos os nossos instintos e necessidades básicas, os níveis de hormonas que andam livres no ar que respiramos e nas bolachas Maria também têm muito que se lhe diga, mas o que é que se espera de uma aplicação que é um verdadeiro talho humano? Ou uma banca de vegetais biológicos para os vegetarianos/veganos?

Ainda me lembro de há uns anos existir uma campanha para as pessoas comerem fruta feia, porque muitas vezes é tão ou mais nutricional do que aquelas frutas luzidias, perfeitas, que parecem ter sido criadas pelos Deuses do Olimpo.

Só que ninguém quer comer uma pessoa feia - por mais subjectivo que seja esse conceito - porque e se ocorre uma gravidez? Vamos estar a cruzar os nossos genes XPTO da batata com outros de um ser inferior e criar uma criatura merecedora de menos de 500 likes numa publicação do Instagram?

Ninguém quer correr o risco de perpetuar genes em possíveis combinações não vencedoras a nível físico. Porque o psicológico obviamente que é o que menos interessa - desde que a pessoa tenha os abdominais no sítio e um rabo que tenha um centro de gravidade próprio tudo o resto é acessório. Afinal estamos numa sociedade hipersexualizada e a possibilidade de copular apenas com as nossas ondas cerebrais está a anos luz de distância.

Mas estou-me a afastar do tema deste post que é saber se em tempos de quarentena, servirá o Tinder para estabelecer verdadeiras ligações?

Eu quero acreditar, assim com muita muita força, que as pessoas que continuam a usar a aplicação não se andam a encontrar umas com as outras, a propagar partículas de Covid e talvez algumas DST's. Caso o façam digam-me por favor que serei o primeiro a munir-me de ovos de categoria 0 ou 1 (que eu sou contra a exploração abusiva dos galináceos) e a por-me à janela qual agente de segurança da moral e dos bons costumes.

Ora se quem usa o Tinder não se pode encontrar com outras pessoas para esfregar genitália com genitália, só lhe restam duas opções: mandar fotos descascado ou conversar.

As fotos descascadas tem a sua piada mas até um certo ponto, porque ninguém quer estar sempre a ver comida quando está de dieta.

É o mesmo que ir a um restaurante, ver as fotos fantásticas das sobremesas e o empregado dizer-nos que está tudo esgotado e que se quisermos temos de ir fazer em casa. Além de que à sétima foto de pila ou de yoni extremamente ampliada uma pessoa acaba por já se sentir um misto de médico ginecologista/urologista que está mais interessado naquele pêlo encravado com aspecto manhoso do que na parte sexual da coisa.

Conversar é algo totalmente 1980 mas que pode voltar em força nesta altura de quarentena: como fazer pão em casa e dar cabo do stock de farinha nacional.

E quando falo em conversar não me refiro ao envio de emojis de pêssegos e beringelas e línguas de fora, mas sim de articulações de palavras que façam frases que questionem sobre a verdade da pessoa que está do outro lado do ecrã. Conversas que permitam conhecer, descobrir, sorrir, discutir, questionar, apaixonar-se ou bloquear em fúria o perfil da outra pessoa.

Usar o Tinder para estabelecer verdadeiras ligações pode parecer surreal, principalmente quando vivemos numa época de consumismo desenfreado, mas tal como o pão que fazemos em casa com toda a paciência tem outro sabor, descobrirmos que os outros são mais do que veículos de fluidos corporais faz com que possamos evoluir enquanto pessoas e, talvez, abraçarmos aquela felicidade que tanto ansiamos encontrar mas que tanto medo nos traz.

Para quem tiver tempo e vontade de perder algumas horas com uma experiência social semi-relacionada com este assunto, porque não ver o Too Hot to Handle? Depois digam-me quem era a vossa personagem favorita! 

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