Hoje venho falar de faltas. Falta justificada ou injustificado? Falta de comparência ou de juizo? E isto porque, segundo o DN e a TSF, Luis Montenegro prepara-se para faltar aos debates com a CDU e com o Livre. E justifica-se com dificuldades de agenda e com o exemplo de Pedro Passos Coelho, que foi substituido por Paulo Portas em 2015, e que Jerónimo de Sousa foi substituido pela Heloísa Apolónia.

Começo já pelos argumentos. Estes debates foram marcados há algumas semanas e de acordo com os partidos. Vir agora falar em dificuldades de agenda é, no mínimo, sinal de desorganização. Depois, Paulo Portas não é Nuno Melo, e o peso do CDS/PP em 2015 não é o peso do CDS/PP em 2024. Basta dizer que o CDS/PP não elegeu um deputado nas eleições anteriores. Citar o exemplo da Heloísa Apolónia é só parvo, pois a sua presença foi a reação à substituição de Pedro Passos Coelho. Por último, não é por alguém ter feito anteriormente que torna a ação correta. 

E assim chegamos à ação própriamente dita. E esta não faz sentido. As eleições legislativas elegem os deputados que representarão os eleitores, e desta assembleia de deputados será formado um governo. Todos os partidos candidatos apresentam um "cabeça de cartaz", aquele que será o Primeiro-Ministro, se formarem um Governo. E uma vez que este é o único nome que fará parte do Governo (os outros serão convidados), faz sentido que seja ele a debater com os outros candidatos. Não percebo o que a AD pode ganhar ao enviar Nuno Melo aos debates com a CDU e o Livre. Será que Luis Montenegro está a pensar também em enviar o Gonçalo da Câmara Pereira a algum debate? Ou está apenas a abdicar de tempo de antena para tentar dar um balão de oxigénio ao CDS/PP? Não percebo esta estratégia... Mas Rui Tavares já a desmontou parcialmente quando, gentilmente, se ofereceu para alterar a data, a hora ou o local para permitir a Luis Montenegro estar presente.

Aproveito para deixar uma pequena nota a este formato de debates. Serão 10-15 minutos suficientes para os candidatos apresentarem as suas propostas e debatê-las? Ou acabámos com os grandes debates (em qualidade e em tempo) para ficar com isto?