Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

21.08.20

Gamers


JB

"High Score", um novo documentário da Netflix saiu esta semana. Conta-nos a história dos videojogos, desde que começaram até aos dias de hoje. 
Para quem gosta do tema, como é o meu caso, é muito interessante e até me deu o mote para o texto de hoje.
De onde vem este fascínio por videojogos, não só meu mas de grande parte do planeta? É uma indústria que continua a crescer e das poucas que ainda terá ganho maior dimensão com a pandemia. Porque é que tanta gente acha fascinante carregar em botões com os dedos e ver pixeis a movimentarem-se num ecrã? 
Por vários motivos, penso. Se tivesse que resumir numa frase, seria esta:

Pelo contraste com a vida real.

Num jogo as regras são iguais para todos. Cada um começa no mesmo ponto de partida, com o mesmo hp (pontos de vida), as mesmas capacidades e os mesmos desafios. Este ponto é crucial para a qualidade de um jogo, apesar disso algumas empresas produtoras de jogos adicionaram opções para alguns jogadores poderem pagar para ter vantagens no jogo em relação a quem compra apenas a versão standard. Esses jogos são rapidamente denunciados pela comunidade de jogadores como 'pay to win'  e por isso são pouco respeitados, sendo a excepção à regra.

Num jogo não existem consequências. Nos primórdios, no tempo dos salões de máquinas de jogos (ponto de encontro mítico da minha juventude) a única consequência era gastar mais uma moeda de 50 escudos; hoje em dia não existem consequências nenhumas, salvo aquelas que possam fazer parte do próprio jogo. Isso torna a 'arena' do jogo um local muito interessante, nela cada jogador é livre para escolher o que realmente quer, sem medo de julgamentos ou censuras. Zlavoj Zizek, um filósofo e psicanalista que aprecio bastante, argumenta que o avatar de cada um (personagem virtual de cada jogador) é uma imagem mais realista de quem o jogador é do que a própria realidade. 

Cada jogador terá depois as suas próprias motivações e gostos particulares; daì haver uma oferta tão variada de jogos mas os pontos que referi são comuns a todos. 

Existem, como em tudo na vida, os detractores dos jogos.  'os jogos tornam as crianças violentas' Esta é a crítica mais engraçada, quanto a mim. Antes de 1960 não havia violência na humanidade? Ficamos mais violentos depois disso? 

A indústria dos jogos tem vindo a prosperar porque tem valor. Ensina a resolver problemas, capacidades de comunicação e nalguns casos até trabalho de equipa. Tem sucesso porque tem gente inteligente a produzir e consumidores exigentes. Hoje em dia existem muitos jogos que são obras de arte, ao nível de grandes filmes de Hollywood. Com a diferença que nesse filme, cada jogador é o protagonista e até pode ter influência no argumento.

Antes dos jogos, cada um tinha uma vida. Agora, podemos dividi-la em pequeninas e incontáveis vidas e em cada uma delas ser astronauta, caçador de monstros , samurai ou até treinador/jogador da nossa equipa de futebol do coração etc etc.

Às vezes oiço "Ah eu, não deixo os meus filhos jogar nada!"...

Até me arrepio.

 

 

JB

6 comentários

Comentar post