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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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03.02.22

Guerra Fria


The Travellight World

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A anunciada guerra na Ucrânia pode ainda não ter começado, mas já enche páginas de jornais, telejornais e notícias on-line, preocupando todos que receiam assistir a mais um devastador conflito na Europa.

Moscovo e Washington parecem querer recuperar o velho manual da Guerra Fria e promover os seus interesses nacionais às custas da segurança ucraniana, tratando o país como um mero peão de um novo confronto geopolítico.

A pressão de Putin sobre a Ucrânia e a sua clara oposição à expansão da NATO nas ex-repúblicas soviéticas, levou Joe Biden, a sugerir que a Rússia poderia invadir o país vizinho a qualquer momento, talvez já em meados de fevereiro, e a especulação britânica sobre um plano russo de instalar um governo fantoche em Kiev acrescentou outra reviravolta dramática à crise em evolução, colocando os europeus, ainda que um tanto relutantes, nas fileiras de apoio às posições adotadas pelos EUA.

Vários estados membros da UE, no entanto, incluindo a Alemanha, talvez pela sua dependência do gás russo, parecem desvalorizar ou não querer ver a realidade da política do presidente Vladimir Putin.

A Ucrânia está claramente no centro da estratégia russa para manter a sua esfera de influência. Todas as suas recentes políticas, desde o apoio a Alexander Lukashenko na criação de uma crise de refugiados na fronteira entre a Bielorrússia e a UE até ao reforço militar na fronteira ucraniana e o Nord Stream 2, são testes de stress para os estados membros da UE, que desacreditam a União e mostram a sua incapacidade de agir sozinha, reduzindo-a a um mero figurante do poder global. 

Esforços diplomáticos e ameaças de sanções redundam em nada e a Rússia aumenta a parada, apelando ao homem forte da China — Xi Jinping, para resistir e repelir de vez as pressões ocidentais.

Nos últimos anos, as relações entre a Rússia e a China intensificaram-se, com os lideres dos dois países a realizar conferências regulares e os seus militares a participar em exercícios conjuntos. Os laços entre Moscovo e Pequim estão mais próximos do que nunca, impulsionados pela perceção compartilhada de que os Estados Unidos são o principal desafio à sua política externa.

Ao contrário do que se passou em 2014 aquando da anexação da Crimeia, onde a China se esquivou a tomar uma posição, Pequim pode achar difícil evitar desta vez o seu envolvimento, já que todo o mundo verá a resposta dos EUA a qualquer escalada militar contra a Ucrânia como uma indicação de como a América pode responder a futuras crises no Estreito de Taiwan ou nos Mares do Leste ou do Sul da China.

Xi Jinping tem interesse no sucesso de Moscovo contra Washington na Ucrânia, pois isso abrirá caminho para o seu próprio sucesso contra os EUA, em Taiwan e no resto da Ásia.

Se vai efetivamente haver um conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia, ainda não sabemos, mas entretanto os perigos de uma nova Guerra Fria são reais, ameaçando a estabilidade e a prosperidade mundial e colocando em risco a tão necessária cooperação em desafios globais urgentes, como as mudanças climáticas, pandemias ou a proliferação nuclear.

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