Habemus Papa
JB
Costuma dizer-se que a Igreja está sempre 100 anos atrás da sociedade. Foi assim em muitos momentos, tanto no campo dos direitos sociais ou das verdades científicas. Hoje em dia não é assim. Hoje, o homem que ocupa o lugar de Santo Padre parece ser um homem moderno e - acima de tudo - humano. É também o Papa com mais oposição interna de sempre. Um Papa que viu ontem a sua popularidade descer entre muitos católicos por causa de uma 'explosiva declaração'.
Um crente homossexual enviou uma carta onde contava ao Santo Padre que estava numa relação e tinha três filhos, que gostaria muito de ir com a família toda à missa, mas que tinha medo que as crianças fossem postas de parte ou mal tratadas de alguma forma por serem filhas de um casal homosexual.
O Papa Francisco declarou publicamente que os casais homossexuais são bem vindos na Igreja e que têm direito a ter uma família. Acrescentou ainda uma frase de absoluta importância, ainda por cima vinda de quem vem: "Quem sou eu para julgar?"
Lá veio o churrilho de insultos:
(tudo lido hoje, escrito pelo mundo fora)
"Está a fazer o trabalho de satanás".
"Deus irá castigá-lo assim que morrer".
"Deus já deixou bem claro o que pensa dos gays, quem é ele para mudar agora?".
Existiram também muitos aplausos a esta aparente banalidade dita pelo Papa. O curioso é que os elogios parecem vir de fora da Igreja enquanto os insultos vêm de dentro.
Tenho fraca impressão de quem ataca uma postura como a do Papa Francisco. Não sou católico mas, apesar disso tive a minha catequese: sei alguma coisa daquilo que é suposto saber sobre a existência e vida de Cristo. Para mim é claro como água qual a atitude que Cristo teria se fosse confrontado com a situação descrita na carta entregue ao Papa. Seria uma mensagem de ...
Se pensou em amor, parabéns: é mesmo essa a resposta certa.
Se pensou em: Discriminação, xenofobia, exclusão, etc etc... errou. Lamento imenso.
Calma! alguém estará a pensar. 'Deus não condena os homossexuais: condena os comportamentos homossexuais. A Igreja pode ajudar a parar e alterar esses comportamentos'. Fico doente! Essa é só mais uma forma de diminuir os outros. E se fosse ao contrário? Se as Igrejas não condenassem os heterossexuais mas condenassem os comportamentos heterossexuais? Iriam haver terapias para a pessoa deixar de ser heterossexual e passar a ter uma relação homossexual plena? Se houvesse, isso faria sentido?
Se fosse crente diria: "Obrigado Papa Francisco pela humanidade e empatia que demonstra e por ter coragem de elevar a Igreja com grande custo pessoal"
Como não sou digo apenas: "Obrigado Papa Francisco por expôr os hipócritas que existem dentro da própria Igreja e que retiram dela apenas um moralismo inútil que só serve para diminuir os outros"
JB