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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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29.01.21

Ironia


JB

 

 
 
 
 


substantivo feminino
  1. 1.
    RETÓRICA (ORATÓRIA)
    figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empr., para definir ou denominar algo [A ironia ressalta do contexto.].
  2. 2.
    m.q. ASTEÍSMO ('uso sutil').

      Não estou a ser irónico quando digo que aprecio muita a ironia. Não há arma contra ela, a não ser mais ironia. Freud disse em tempos que "toda a gente se pode defender de um insulto, mas contra um elogio não há defesa". Acrescentaria que contra um elogio irónico também não. Digo isto porque também aprecio o sarcasmo que afinal não é mais  do que uma ironia cáustica.
    Hoje quero falar das ironias clássicas.
    Para provar que este meu interesse pelas ironias é antigo relembro que em tempos escrevi sobre a manifestação do André Ventura, Maria Vieira e Mário Machado a dizer "Portugal não é racista".     Ainda se lembra da definição? (figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender). Parece-me que encaixa como uma luva. André Ventura sabia bem o que estava a fazer e que estava a passar para os seus seguidores precisamente a mensagem contrária. Neste caso a ironia permitiu-lhe dizer que não é nada racista enquanto manda uma deputada negra para a terra dela e faz a saudação nazi para regojizo dos seus admiradores. Foi uma ironia consciente e bem aplicada (do ponto de vista do André obviamente). Apreciei e desmascarei na devida altura.
    Agora sou confrontado com uma ironia muito mais interessante. Mais interessante porque é involuntária, ao contrário da do André.
      Numa altura em que o Chega de Ventura soma e segue. As pessoas decentes não ignorantes estão preocupadas com cerca de meio milhão seres humanos portugueses que acha boas as políticas do Chega ou, no mínimo acha bem votar nelas. As pessoas decentes não ignorantes de direita ficam ainda mais preocupadas quando olham para Rui Rio e percebem que o 'banho de ética' que ele dizia que ia dar é afinal a mentira do século. Quando olham para o CDS e vêem lá o Chicão a liderar e ... Penso naqueles dias em que uma escola é convidada para ir à AR e os miúdos podem fingir que são deputados. Acho sempre que o Chicão afinal é um chiquinho que fugiu à 'stora'  e vai ser apanhado a qualquer momento. Não há uma solução decente e humana à vista. Ou será que há?
     
      Quando a direita em Portugal está infectada pelo vírus da xenofobia, quando as ideias antigas do  nazismo começam a querer e a conseguir ocupar espaço no panorama político português... Eis que alguém se chega à frente para dizer que não tolera isto, que abdica do conforto para ir para o meio da lama lutar com porcos, que dá esperança a uma direita humana e decente. E digam-me lá se não é deliciosamente irónico, que a nossa esperança seja um político chamado... Adolfo.

      Tenho grande consideração pelo Adolfo Mesquita Nunes e acima de tudo tenho a certeza que Portugal consegue fazer muito melhor do que isto que temos atualmente ao nível da classe política. Espero que o AMN vá para a frente na sua intenção de se candidatar a líder do CDS e que demonstre que existem alternativas à incompetência do Costa e ao populismo de Ventura que, depois do discurso de 'vitória' do Rui Rio nas presidenciais, se tornou no representante oficial da direita nacional. "Se a direita quer governar terá que contar com o Chega" gritou Ventura na noite dos resultados presidenciais, como o menino gordo que recebeu uma bola de futebol no Natal e agora finalmente vai poder ser escolhido para uma equipe porque a bola é dele. Finalmente, e só agora com este político chamado Adolfo, ouviremos alguém a dizer ao André Ventura em voz alta e sem receio: 'Com o Chega, nunca. Temos valores e princípios que não o permitem'. 
    É essa a minha esperança.
    Isn't it ironic?
     
     
    JB
     
     

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