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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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11.12.20

J’accuse!


JB

   Eduardo Cabrita é (ainda) o ministro da Administração Interna. Ontem, numa conferência de imprensa, abordou o fatídico caso de Ihor Homenyuk sobre o qual escrevi a semana passada. Falou no despedimento da directora do SEF (já vai tarde) e quando lhe pediram satisfações sobre o tempo que demorou a agir ele declarou o seguinte: "Congratulo-me pelo facto de ter estado quase sozinho, perante o desinteresse de todos os comentadores, perante o desinteresse da generalidade da comunicação social, eu congratulo-me que neste momento tantos que não perceberam nada do que foi dito, não ligaram nada àquilo que eu disse em março, em abril, que agora estejam justamente preocupados com esta situação. Bem vindos, bem vindos ao combate pelos direitos humanos".

  Sim, isto foi dito pelo ministro da Administração Interna: alguém que podia ter demitido a diretora do SEF e não o fez, que devia ter-se demitido e não o fez. O primeiro responsável por este caso, a explicar  aos portugueses que a culpa desta vergonha nacional ter chegado a este ponto é dos comentadores e jornalistas, que deviam ter falado há mais tempo; e não dele que é o ministro.

  Antes de começar a descrever o asco que este tipo de gente me provoca é conveniente acrescentar o seguinte: só falamos hoje deste caso, porque houve um médico legista que decidiu não pactuar com este homicídio e revelar as verdadeiras causas da morte. Não só por isto, mas também porque houve uma denúncia anónima e a nossa Polícia Judiciária foi diligente e séria. Senão nunca saberíamos de nada e Ihor Homenyuk não passaria de um anónimo.

   Agora sim, o asco.
  Como é possível fazer uma declaração destas? O quão estupidos aquele Sr. acha que nós somos? Vem fazer-se de vítima? O primeiro responsável? Tem que se demitir imediatamente ou ser demitido, sob pena de a vida pública da política portuguesa se transformar numa palhaçada ainda maior do que já é. 
  Bem sei que as ações falam mais alto que as palavras, mas as palavras contam muito num político. Neste caso nem as ações valem nada, mas (como dizia Jon Snow) "se os líderes começarem a mentir então as palavras deixam de ter importância" ... qualquer coisa assim. 
  Pessoalmente, causa-me repulsa aquele tipo de afirmações e outras; tenho a fantasia que sejam completamente inaceitáveis e que nunca mais diga tal coisa pelo menos enquanto representante da nação. A minha experiência recente com afirmações que me causam repulsa são que estas, para outro tipo de pessoas são fantásticas e grandes verdades. Tenho esperança que não seja o caso.

  O que Eduardo Cabrita fez, foi chamar-nos a todos de burros, inventando uma realidade alternativa, onde o ministro não tem poder e os comentadores e jornalistas é que decidem os cargos do estado. O que ele fez está na moda, (olhó Trump) mas aqui em Portugal, não passa. Não pode passar, por isso digo:

 Demita-se Cabrita.

 

 

JB

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