Lenços Brancos
Marco
A tristeza pesa sobre mim como um manto. Ontem, assisti ao Sporting, mais uma vez, e mais uma vez senti a frustração, a angústia, o desalento. Cada golo que não conseguimos marcar é como um grito preso na garganta. Cada derrota é uma facada no coração de quem acredita, de quem sonha com um Sporting à altura da sua grandeza.
Abrimos o placar cedo, e por um breve momento, permiti-me acreditar. Geny Catamo fez-me levantar do sofá, e por segundos, a esperança voltou. Mas, como tem acontecido tantas vezes, a alegria foi breve. Um autogolo de Quaresma trouxe a realidade cruel de volta. E quando Casper Nielsen marcou o segundo do Brugge, aos 81 minutos, senti o peso do inevitável. Mais uma derrota, mais um jogo que escapou entre os dedos.
Não sei mais o que dizer ou pensar. A incapacidade de fazer golos, de aproveitar as oportunidades, é um reflexo de algo mais profundo. O que aconteceu ao Sporting que era sinonimo de garra e superação? Não é só azar, não são apenas as lesões. É algo maior, uma falta de confiança, uma desconexão entre o que fomos e o que somos agora.
Ontem, quando o árbitro apitou o fim do jogo, fiquei parado, a olhar para o vazio. Não consegui mudar de canal, não consegui levantar-me. É difícil aceitar que esta é a realidade do clube que amo. Vejo os adeptos a erguerem lenços brancos, e embora compreenda o gesto, não consigo juntar-me a eles. Ainda não. Porque no fundo, lá no fundo, ainda espero. Ainda acredito que este pesadelo pode terminar.
A cada derrota, parece que a luz ao fim do túnel fica mais distante. Mas ser Sporting é também isto: sofrer, resistir, e, acima de tudo, acreditar. Hoje dói, amanhã talvez doa ainda mais. Mas continuarei aqui, à espera de dias melhores, com o meu lenço guardado no bolso, pronto para ser usado apenas na hora de comemorar uma vitória que parece tão distante, mas que nunca deixarei de desejar.