Lugar sem nome
Rita PN
Há um lugar sem nome
onde moramos reféns:
Cognome que substitui lugares antigos
e que dilui, em si e no tempo,
as cores e os sabores
de uma identidade vivida
em fotografias antigas,
agora esquecidas entre o pó
de objectos, sem cheiro de amor.
Por temor de recuar no tempo
e voltar a bater à nossa própria porta
… sem ninguém para a abrir.
Somos lugares sem nome
a viver entre flashes,
presos por um fio de redes sociais
e memórias instantâneas,
que depressa se esvai
p’lo buraco negro da solidão
que consome o sofá noturno.
Perdemos momentos,
ocultamos sentimentos,
desatentos à grandiosidade
do pequeno, à riqueza do detalhe
e à pureza do enamoramento da vida
que espreita à janela do coração.
Estendemos a mão
rodamos a chave
abrimos a porta,
mas não estamos lá…
Em nós, são tantas as ruas sem nome que levam os outros a lugar nenhum!
Assim me despeço, em Poesia, deste espaço e de um talentoso cardume que gentilmente me acolheu. Nada mais tendo para vos dar/deixar, além de mim, eis que sair em verso é a escolha mais acertada.
Até já! 🤍