Marrocos: Um Alerta Ao Virar Da Esquina
Filipe Vaz Correia
Tenho assistido, incrédulo, às notícias que nos chegam de Marrocos e desse trágico terramoto que sacudiu aquele local.
Sinceramente não consigo ficar indiferente, acho que ninguém fica, ao drama plasmado nos rostos das gentes, amarrado às histórias que nos vão chegando, que nos vão aprisionando nesse misto de solidariedade e angústia.
Mas o que de facto não me sai da cabeça é essa ideia de que a nossa vez estará aí, perto, sem escolher hora nem local...
Marrocos é literalmente ao virar da esquina, tão perto que até parece palpável de um qualquer ponto Algarvio, lá no final do horizonte onde a bruma se esconde e o infinito parece ter fim.
O nosso histórico sísmico é tenebroso, as falhas na bacia do Tejo ou em vários pontos deste nosso Portugal são um pequeno chamariz para a tragédia lusitana que em 1755 teve lugar e que mesmo assim, passados tantos anos, ainda ensombram o olhar de qualquer um preso às ilustrações daquele momento.
Se isso acontecer aqui, e todos os entendidos dizem que irá acontecer, ou seja é uma questão de quando e não de se, como lidaremos nós com tal tragédia, o que sobrará dos escombros de tantos prédios antigos ou mesmo de novos construídos, por entre, fiscais camarários e construtores corruptos, entrelaçados em tantas selvas de pedra às portas de Lisboa.
Espero estar enganado mas creio que teremos desagradáveis surpresas, tristes realidades, infinitas recordações.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac...
O relógio continua a contar e espero que Marrakech não seja hoje uma réplica do que um dia poderá ser uma cidade de Portugal.
Filipe Vaz Correia