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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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07.05.20

Máscaras e Luvas: As novas armas das Campanhas Eleitorais


Triptofano!

Se antigamente os políticos andavam pela rua a distribuir beijinhos e abraços acompanhados de uma esferográfica e de um boné, hoje em dia são as máscaras e as luvas as novas armas das campanhas eleitorais, já que mudam-se os tempos, mudam-se as necessidades.

Os beijinhos e abraços também foram substituídos, dando lugar a dezenas de fotos, muitas vezes sem grande respeito pelo distanciamento social, que inundam o Facebook, porque todos sabemos que a verdadeira solidariedade só existe se for escarrapachada numa rede social. Dar algo de coração para a protecção dos nossos pares é coisa de um século que já ninguém recorda - afinal não existem almoços grátis e ninguém está aqui para fazer uma dieta hipocalórica.

O engraçado destas novas campanhas é que existem sempre os filhos e os enteados, mesmo que o distanciamento geográfico seja mínimo. Na minha freguesia, distribuem-se uma máscara e duas luvas àqueles que são sinalizados como tendo maiores dificuldades financeiras ou pertencendo a grupos de risco. Na freguesia ao lado tudo e todos são corridos a duas máscaras e a uma caixa de luvas - provavelmente o voto é mais escorregadio por esses lados.

Pessoalmente, enquanto profissional de saúde, faz-me comichão esta entrega ao desbarato de luvas, quando daria muito mais jeito um gel desinfectante ou até mesmo uma viseira (coisa do demónio que eu não consigo usar). É como quando nos comícios distribuem impermeáveis para a chuva em pleno Agosto de 39ºC, com a diferença que o impermeável até pode vir a dar jeito e aqui a luva só vai trazer mais prejuízos do que benefícios.

Mas o mais engraçado de toda esta nova corrente política, é o facto de as máscaras serem usadas como um caminho de duplo sentido, onde o destino final é o mesmo: comprar votos. Porque se uma máscara é entregue ao povo pelo político para angariar votos, uma outra máscara é vendida no supermercado ao povo sendo elogiada pelo político de forma a angariar votos.

Antigamente, quando vendia uma caixa de 50 máscaras a 4 euros, estava longe, muito longe mesmo, de perceber o verdadeiro valor deste pedaço de tecido não tecido. Se tivesse sido um homem de visão tinha-me abastecido até às orelhas e se calhar para o ano era verem-me num cargo político qualquer.

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