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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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09.04.20

Na violência doméstica não há género nem sexo, há vítimas!


Triptofano!

Podem-me apresentar números, estatísticas, gráficos, percentagens ou outros dados que fiquem maravilhosos numa apresentação PowerPoint. Para mim, uma pessoa é mais que um número, mais que uma percentagem, mais que uma probabilidade. Uma pessoa é uma história, um mundo, um universo, e é essa singularidade para a qual devemos apontar, e não para o sexo ou para o género.

Na violência doméstica não há género nem sexo, há vítimas, mas infelizmente quando se fala desta temática a imagem que se tenta passar é a do homem agressor e da mulher vítima.

De uma forma subliminar continua-se a cimentar a ideia machista de que o papel da mulher é o de submissa, fraca física e psicologicamente, dependente financeiramente, que sofre calada às mãos de um homem (mas e quando sofre às mãos de outra mulher?).

Não só é errado de muitas formas perpetuar essa ideia da mulher como vítima que necessita de ser salva, como coloca numa posição de muito maior fragilidade todos os homens que são vítimas de violência doméstica.

Podem-me dizer que o número de homens vítimas deste crime são uma percentagem ínfima (e lá vem os números outra vez...), mas eu digo-vos que muito não se sabe por vergonha.

Porque um homem não chora. Porque um homem tem de ser forte. Porque um homem tem de resolver os seus problemas sozinhos. E sobretudo porque um homem nunca vai depender de uma mulher - a não ser para lhe lavar a roupa e fazer o jantar - e muito menos ser vítima de agressão por parte de uma. 

Seria ridículo pensar que um homem poderia alguma vez levar porrada de uma mulher. A mulher é a rosa, o homem os espinhos - e é assim que a cultura machista deste país não favorece ninguém: nem mulher, nem homem.

O isolamento social que nos está a ser imposto pode ser uma situação trágica para muitos que tem de conviver ainda mais horas por dia com potenciais ou assumidos agressores, mas está na altura de perceber que temos de apoiar as vítimas, independentemente do seu sexo ou género.

Por isso a todos os que sofram, especialmente os homens vítimas de violência doméstica, já que muitas vezes são invisíveis aos olhos da sociedade, o meu pedido é para contactarem a APAV - Gabinetes de Apoio à Vítima, através do 116 006.

Não tenham vergonha de pedir ajuda! Ninguém nasceu para ser uma ilha nem ninguém tem o dever de ser uma vítima.

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