Nem Sempre…
Filipe Vaz Correia
Nem sempre consigo encontrar as palavras, aquelas palavras que chegam desnudando, por vezes, destemperando a realidade, tantas vezes somente desencontradas do querer.
Nem sempre...
Nem sempre consigo transpor para palavras essa emoção transbordante, esse transbordar emocionante, esse querer dizer o que realmente significa.
Tantas vírgulas e abreviações, pontos e interrogações, tinta e mais tinta, num rio de letras tão certas e distantes, longínquas e próximas.
Nesse entrelaçar de destinos, curtos e longos caminhos, se aquece a alma, mesmo que despida de sentido.
Nem sempre a conversa flui, a poesia se entrega, o sentido, aquele pedaço que se faz sentir...
E o nexo vira certeza, o desconexo melodiosa canção de Caetano.
Nem sempre...
Quantas vezes vos entrelaçou esse nem sempre?
Esse nem sempre capaz de se tornar presente, outras vezes insistente, tantas e tantas vezes, simplesmente, ausente...
Nem sempre consigo expressar o que grita a dolorida esperança, essa dor que alcança, sem medo de voar.
Mas o que interessa a esperança se nem sempre balança a doce contradição?
Nem sempre...
Filipe Vaz Correia