No Uganda “Ser Ou Não Ser” É Mesmo A Questão…
Filipe Vaz Correia
No Uganda o Governo fez passar uma lei, aprovada por 387 dos 389 deputados, que condena até à pena de morte toda a comunidade LGBT, fazendo abranger esta lei não só o acto como também a própria identidade.
Ou seja, para quem for apanhado em flagrante pena de morte, para os outros, mesmo os "não praticantes", 10 anos de prisão e pasme-se...
Os aliados ou familiares que não denunciem este tipo de pessoas "pecadoras" poderão incorrer numa pena de 5 anos de prisão.
A estupidez é gritante, a ignorância fervorosa ou se preferirem o radicalismo religioso, neste caso católico, mas sinceramente mesmo para o Continente Africano, onde este tipo de discriminação está profundamente enraizada, entrelaçada com crenças primárias e inenarráveis, estamos perante de um absurdo passo rumo ao retrocesso civilizacional.
Agora, nas ruas e casas do Uganda, será permitida a criminalização do sentir, do desejo mais íntimo guardado em nós...
Mata-se quem se atrever amar fora dos conceitos de quem governa mas também aqueles que mesmo não tendo a coragem para se atrever a amar, possam sentir atracção por um género diferente do que está instituído.
E tudo isto em nome de quem?
De Deus e dos bons costumes.
Ai se Deus estiver mesmo à espera de um ajuste de contas, não me admiraria nada de que estes proponentes de leis, estes moralistas bacocos encartados de estadistas, fossem os primeiros a arder num qualquer local preparado para os receber.
Imaginemos um Pai ser obrigado, segundo estas leis, a denunciar um filho que este saiba ser homossexual por contrariar uma certa moral imposta por um grupo de radicais no Governo.
Infelizmente para aqueles que vivem em lugares como este, e mais uma vez digo fruto de uma ignorância atroz, a comunidade que os rodeia, a sociedade onde habitam, não se separa daqueles que governam desta maneira pois este tipo de preconceitos enraizados permanece como pedra basilar no seu modo de viver.
Esperemos que o mundo continue a mudar até conseguirmos chegar em um momento em que seja possível, em toda a parte do nosso planeta, qualquer pessoa poder amar quem quiser sem medo de ser morto ou preso.
Simplesmente isso...
Será pedir muito?
Penso que não.
Filipe Vaz Correia