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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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23.06.22

O caos nos aeroportos


The Travellight World

O verão em que as viagens aéreas deveriam voltar ao normal após um vácuo pandémico de dois anos, corre o risco de se transformar no verão em que milhares de pessoas vão ter de esperar, de pé, por horas, num aeroporto sobrelotado e com falta de pessoal.

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A alegria de voltar a voar, está a ser ensombrada por filas monumentais que atormentam os turistas na partida e na chegada aos seus destinos.

A escassez de mão de obra e as greves já causaram distúrbios em aeroportos de cidades como Lisboa, Londres, Dublin, Amesterdão, Paris, Roma, Frankfurt, Tel Aviv e Dubai.
Milhares de passageiros perderam voos nas últimas semanas devido a longas filas nos balcões de segurança e check-in, com alguns passageiros na fila, por horas, apenas para entrar nos edifícios dos terminais. Companhias aéreas como a low cost EasyJet estão a cancelar centenas de voos e novas greves na Bélgica, Espanha, Dinamarca, Suécia e Noruega prometem dificultar ainda mais a vida de quem quer viajar de avião pela Europa.

A indústria da aviação diz que perdeu 2,3 milhões de empregos, globalmente, durante a pandemia, com os postos trabalhos em terra e a segurança a serem os mais atingidos, de acordo com o Air Transport Action Group.

Os principais operadores já anunciaram a abertura de milhares de vagas, mas muitos trabalhadores estão a demorar a voltar, mais atraídos por empregos criados pela economia 'gig’, vista como mais flexível e autónoma ou optando por se reformar mais cedo.

A escassez de pessoal faz com que os funcionários que se mantém em funções fiquem sobrecarregados e com que os passageiros, encalhados em intermináveis filas, se tornem agressivos.
Schiphol, na Holanda e Gatwick, em Londres, foram dois dos aeroportos que já revelaram planos para limitar a capacidade durante o verão, forçando mais cancelamentos de voos à medida que companhias aéreas, aeroportos e políticos discutem sobre de quem é a culpa desta crise.

Luis Felipe de Oliveira, diretor geral da associação global de aeroportos ACI (Airports Council International), disse recentemente à Reuters que os aeroportos estão a ser injustamente culpados pelo problema e que cabia às companhias aéreas trabalhar mais para lidar com as filas e a falta de pessoal.

Willie Walsh, chefe da Associação Internacional de Transporte Aéreo, por sua vez descartou todos os rumores sobre um colapso nas viagens aéreas como "histeria”, culpando antes as ações de "políticos idiotas" em lugares como a Grã-Bretanha — onde mudanças frequentes na política de COVID e o Brexit desencorajaram e dificultaram a contratação — por todo o caos a que se assiste atualmente nos aeroportos.

Em Portugal o “passa-culpas” aponta para o SEF, que também não se deixa ficar, e na voz de Renato Mendonça, presidente do Sindicato dos Inspetores de Investigação e Fiscalização das Fronteiras, descarta-se de responsabilidades e atribui o problema às infraestruturas, dizendo que estão completamente saturadas porque muitos pontos de controlo de passageiros nos aeroportos portugueses foram substituídos por áreas comerciais e sugere eliminar estas áreas para alargar a zona de fronteira e haver um aumento efetivo da capacidade do processamento e de controlo de passageiros.

Provavelmente todos tem razão. Este problema não se deve apenas a uma situação, mas a um conjunto de fatores que juntos criaram “a tempestade perfeita”. A industria da aviação, penso eu, não estava à espera que a demanda por viagens fosse ser tão elevada, tão rapidamente, e não se preparou (ou não teve como se preparar).

Agora resta a quem vai viajar neste verão, ter paciência e aguentar, porque com toda a certeza, atrasos, cancelamentos e longas filas não vão faltar….

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