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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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13.07.20

O Espelho E O Tempo...


Filipe Vaz Correia

 

 

O tempo...

Gostaria de vos pedir uma coisa:

Vão para perto de um espelho e olhem fixamente para ele...

Olhem para essa pessoa que vos aparece reflectida.

Agora...

Fechem os olhos e iniciem a viagem...

Quantas memórias e perdas segredadas?

Quantas paragens para saídas e entradas?

Encontros, reencontros, desencontros...

Ontem soube, por acaso, da morte de alguém que cumpriu comigo, esta viagem, durante os primeiros anos de minha vida.

Um amigo que se perdeu no tempo e que já não via há quase 25 anos.

Nesse misto de sentimentos, olhando para o espelho, fixamente, busquei reencontrar pequenos pedaços de memória que me havia esquecido, que se haviam entrelaçado com o desgaste deste turbulento quotidiano.

E então me apercebi que somos isso, apenas isso...

Uma mistura de tudos e nadas, de agoras e outroras, de vazios que se aglomeram partida após partida, restando apenas pequenas memórias de sentidos momentos que se esfumam nesse tempo intemporal.

Estranha forma de correria esta, numa maratona contra o tempo que nos molda a viagem.

E pensar que nestes 25 anos que se passaram, poucas foram as vezes que busquei tais memórias, sabendo que poderiam, provavelmente, passar outros 25 anos sem que nos voltássemos a encontrar.

Alguém que passou, partiu, mas ficou... 

Mas a tristeza se apodera na mesma, talvez porque diante daquele espelho, desse meu envelhecer, sobra essa triste noticia, a assustadora sensação de sombra e pó.

Quantas pessoas que passaram por mim, me marcaram em determinado momento, desapareceram na injusta fracção de tempo, partiram ou se esfumaram por entre as histórias de vida de cada um?

O espelho...

O tempo...

Até sempre, Bruno.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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