O Homem da Amália
The Travellight World
Foto: Travellight
Há um prazer físico no palco, que não sinto num estúdio de televisão ou a fazer um filme — Virgílio Castelo
As luzes diminuem, as colunas tocam “To dream the impossible dream” e as cortinas abrem. Sinto-me feliz por estar ali de novo, num teatro cheio, a ver Virgílio Castelo.
Está sozinho (a peça é um monólogo), mas enche o palco. Brilha. Representa, dança, hipnotiza-nos com um texto, que ele próprio escreveu durante o segundo confinamento, e leva-nos numa viagem de pouco mais de 1 hora pela vida e pelas memórias de Amália Rodrigues.
Ele é José, um José anónimo, uma mistura entre D. Quixote e stalker que toda a vida “perseguiu” Amália e a amou perdidamente sem que a Diva alguma vez desse por isso, mas é também Ricardo Espírito Santo, Alain Oulman, o escritor Manuel da Fonseca e outros… a certa altura, transforma-se até na própria Amália. São 12 personagens no total.
No decorrer da peça, vemos a fadista através dos olhos de um homem que por ela viveu, e por ela morreu e ficamos a conhecer a Amália que trabalhou nas casas de fado, nos teatros, no cinema, a Amália da família, do êxito internacional e das críticas pós 25 de Abril. Ouvimos as suas músicas, vemos imagens e recordamos coisas que todos já sabíamos e coisas de que poucos tínhamos conhecimento (como o menosprezo da sua mãe pela sua carreira).
O texto é sem dúvida interessante e o cenário muito bem conseguido, mas o que me conquistou e comoveu foi a extraordinária interpretação do Virgílio Castelo que em palco mostra (mais uma vez) toda a sua capacidade e versatilidade como ator.
O Homem da Amália está em cena no Teatro Armando Cortez até 28 de Outubro, mas depois segue para o Cineteatro Anadia (dia 30 de Outubro) e para o Coliseu do Porto (dia 6 de Novembro).
A não perder para quem gosta de bom teatro!