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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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30.04.25

O lado (quase) luminoso do apagão


Marco

Apagão em supermercado em Portugal — Foto: Reprodução/Redes sociais

Na segunda-feira, Portugal viveu um daqueles momentos à filme apocalíptico de domingo à tarde: um apagão. Luzes apagadas, semáforos mortos, caixas de supermercado em coma profundo. E, claro, o pânico.

Mas sejamos honestos: no meio da escuridão, até houve alguma luz — pelo menos para quem soube rir do caos.

Primeiro, foi fascinante ver como um simples corte de energia fez com que muitos portugueses se lembrassem de que... têm vizinhos. Sim, pessoas bateram à porta para perguntar se “também tinhas ficado sem luz” — e não para pedir sal, como nos velhos tempos.

Depois, veio o espetáculo nos supermercados. Uma verdadeira coreografia de carrinhos a bater uns nos outros, pilhas de papel higiénico a desaparecer (outra vez!), e uma corrida desenfreada por... enlatados. Porque aparentemente, para sobreviver a um apagão, o ser humano moderno precisa de 24 latas de atum e 3 quilos de arroz instantâneo.

Houve também quem comprasse velas como se fosse organizar uma vigília espiritual — ou uma ceia romântica com o micro-ondas desligado. E quem se lembrou de carregar powerbanks… sem energia.

Mas o melhor mesmo foi ver crianças a descobrirem que existe vida para lá do YouTube. Jogaram às escondidas, falaram com os pais (!), e até abriram livros. Sim, livros! Aqueles objetos estranhos com letras que não brilham.

Claro, houve transtornos. O trânsito parecia um jogo de “Quem passa primeiro morre depois”, os elevadores viraram prisões verticais, e muita gente ficou a olhar para a torradeira como quem perdeu um velho amigo.

Mas no fundo, e perdoem o trocadilho, o apagão veio acender algo que andava meio esquecido: a nossa capacidade de parar, rir e improvisar.

No final, quando a luz voltou, muitos suspiraram de alívio. Outros desligaram a televisão e ficaram ali, sentados à vela, só mais um bocadinho… porque afinal, no escuro, também se encontra clareza.

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