O Mar Da Foz Do Arelho...
Filipe Vaz Correia
Não tenho visto noticias, não tenho estado atento às quotidianas barbaridades perpetuadas na melodiosa e populista agenda mediática, não tenho tido tempo para nada disso...
Antes pelo contrário, tenho estado submerso no barulho das ondas, no cheiro a maresia que invade esta esplêndida praia da Foz do Arelho.
Aqui estou, como sempre, em Agosto a passar uns dias em casa de minha Tia Ana, Mãe do meu querido Jaime Bessa, escapando ao rebuliço de novos tempos, marcados tempos de pandemia, de perigosos e esquizofrénicos discursos, de incompreensíveis clivagens que nos ameaçam como, há muito, não se via.
Claro está que sentando na varanda de casa, olhando para este bravio e reconfortante mar da Foz me sinto protegido, apenas entregue a esta correnteza que parece arrastar com ela toda a beleza do mundo.
O vai e vem caminhar da espuma deste mar, o sol encoberto e que de repente irrompe, o sal que se esconde em cada pedaço de onda, espalhado violentamente pelo ar em cada rebentamento, tudo isto misturado numa experiência única e que se torna absolutamente preciosa.
O pôr do sol, nas asas do vento, as Berlengas ao longe, espreitando o horizonte, despedaçando a mais emocionante parcela do Ser...
Quem quer perder o seu tempo a escutar as imperfeitas boçalidades que parecem querer sobrevoar tantas mentes por esse mundo a fora?
Será que importará escutar este mar, atentando à sua força, para compreender o quão pequenos somos?
Será que algum dia compreenderemos?
Será?
Se calhar não.
Mas, repetidamente, ouvindo este mar, sentindo esta imensidão onde se perde o meu olhar, torna-se impossível não ter esperança, ou seja, a esperança de um mundo melhor.
Será optimismo?
Nas asas deste mar, atrevo-me a escrever...
Talvez não.
Filipe Vaz Correia