O Poder da Escolha
The Travellight World
Tomamos decisões todos os dias — desde escolhas aparentemente inconsequentes, como decidir que sapatos calçar, até escolhas importantes que podem afetar o curso das nossas vidas, como por exemplo votar.
Dia 30 de Janeiro, novamente, vamos ter a oportunidade de dar o nosso contributo para o funcionamento da democracia, caminhando até uma assembleia de voto e selecionando o nosso candidato.
Não posso dizer que, nos tempos que correm, seja algo fácil para mim. De ano para ano, de eleição para eleição a escolha parece-me mais difícil: candidatos fracos, programas eleitorais maus ou irrealistas, desilusão atrás de desilusão…
E no entanto continuo a achar que vale a pena votar, e votar mesmo. Colocar a cruzinha no boletim e não apenas votar em branco ou votar nulo. Afinal se não deixo que outras pessoas decidam por mim coisas muito mais simples, porque diabo haveria de permitir que decidissem por mim que governo eu quero ter no meu país?
Muitos dizem: “pois e tal, mas o que é que isso adianta, um voto sozinho não faz nada”; “os políticos são todos iguais, votar neste ou naquele é só mais do mesmo”; etc…
Até pode ser, mas que moral teria eu, se nem sequer votasse, para depois vir dizer aquilo que acho que está mal no país?
Sentem que não se identificam com nenhum partido? Isso não é desculpa. Muitos que deixaram de se identificar com as principais forças políticas criaram novos projetos, novos partidos. Estão a lutar por aquilo que acreditam… E aqueles que estão a pensar votar em branco, abster-se ou votar nulo nestas eleições será que o fizeram?
Enquanto não ganharmos a consciência que numa democracia todos temos uma palavra a dizer e que o melhor é mesmo exercer esse direito antes que alguém se lembre de nos tirar, nada pode melhorar. Como dizia Bertholt Brecht, o dramaturgo alemão, “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos eventos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, — o preço do feijão, do peixe, da farinha, da renda de casa, dos sapatos e dos remédios — tudo depende de decisões políticas. O analfabeto político é tão estúpido que se orgulha e incha o peito para dizer que odeia política. O imbecil não sabe que da sua ignorância política nasce a prostituta, a criança abandonada, e o pior ladrão de todos, o mau político, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”
Se as pessoas boas continuarem a evitar a política, as más continuarão a deixar a sua marca, e qualquer chance de um país (ou mundo) melhor, será perdida. Todos, e cada um de nós, pode e deve, tentar fazer a diferença, não permitindo que o analfabetismo político mate a nossa necessidade de questionar e de se revoltar, o nosso julgamento informado e a nossa capacidade crítica.
Isso simplesmente permite que aqueles que estão no poder permaneçam irresponsáveis e continuem a causar danos à nossa sociedade.
Viver na ignorância política, repudiar tudo o que tem a ver com ela ou só lhe apontar falhas e recusar-se a participar no ato democrático de votar, são riscos que podem trazer muito mau resultado.