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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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25.12.24

O Soldado de Madeira: Um Conto de Natal na Neve


Marco

 

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Era manhã de Natal. A neve caía suavemente sobre os telhados da aldeia, cobrindo tudo com um manto branco e silencioso. Marco, um rapaz de 12 anos, acordou cedo, como fazia todos os anos. Mas este Natal era diferente. Não havia árvore decorada na sala, nem presentes à espera. A crise que afetava a aldeia não permitia luxos.

 

Calçou as suas galochas azuis, vestiu um casaco quente e saiu para explorar os arredores. Marco adorava as manhãs geladas, quando tudo parecia mágico e novo. Na mochila, levava um pedaço de pão endurecido, o restinho de chá morno numa garrafa e um caderninho onde gostava de desenhar.

 

Caminhou até à clareira da floresta, onde costumava brincar antes de tudo mudar. Lá, encontrou o senhor Nicolau, o velho lenhador da aldeia, a cortar madeira.

— Feliz Natal, Marco! — disse Nicolau, com um sorriso caloroso.

Marco sorriu de volta, mas sentiu um aperto no peito. O que havia para celebrar? Este Natal parecia vazio.

— Feliz Natal, senhor Nicolau — respondeu Marco, tentando parecer alegre.

 

Nicolau pousou o machado e sentou-se ao lado do rapaz.

— Sabes, Marco, o Natal não é só sobre presentes ou festas. Às vezes, é nos momentos mais simples que encontramos o verdadeiro espírito natalício.

 

Marco assentiu em silêncio. Não tinha a certeza se compreendia o que Nicolau queria dizer, mas as palavras do lenhador tinham algo de reconfortante.

 

Enquanto conversavam, Nicolau pegou numa pequena caixa de madeira que estava ao seu lado e entregou-a a Marco.

— Toma, fiz isto para ti.

 

Marco abriu a caixa com cuidado. Lá dentro estava um pequeno soldado de madeira, pintado à mão. Era simples, mas perfeitamente detalhado.

— Fui eu que o fiz — explicou Nicolau. — Para alguém especial.

 

Os olhos de Marco encheram-se de lágrimas. Era o primeiro presente de Natal que recebia em anos. Apertou o soldado contra o peito e agradeceu emocionado:

— Obrigado, senhor Nicolau. Nunca vou esquecer isto.

 

Ao regressar a casa, Marco sentiu algo mudar dentro de si. Decidiu que, mesmo sem muito para oferecer, também podia fazer algo especial para os outros. Pegou no seu caderno de desenhos e começou a criar pequenos cartões de Natal para os vizinhos.

Cada cartão tinha um desenho único: árvores de Natal, estrelas brilhantes e mensagens simples, mas sinceras. Quando terminou, saiu pela aldeia a distribuir os cartões. Muitos vizinhos ficaram surpresos e emocionados com o gesto. Mesmo nas dificuldades, Marco trouxe um pouco de luz a este Natal.

Naquela noite, ao voltar para casa, Marco encontrou algo inesperado. À porta da sua casa estava um cesto grande, cheio de frutas, pão fresco, queijo e uma manta de lã. Um bilhete simples estava preso à alça:

"Obrigado por nos lembrares do verdadeiro significado do Natal. Com carinho, os teus vizinhos."

Marco não conseguiu conter o sorriso. Nunca imaginou que um gesto tão simples pudesse ter tanto impacto. Sentou-se à mesa com a mãe e partilhou o que haviam recebido.

— Vês, Marco? — disse a mãe. — O espírito do Natal está em partilhar o pouco que temos e espalhar amor.

 

Naquela noite, Marco adormeceu com o soldado de madeira ao lado da cama. Sentiu-se grato por ter aprendido que o Natal não depende de coisas grandes, mas de pequenos gestos feitos com o coração.

 

E assim, naquela pequena aldeia coberta de neve, Marco trouxe de volta a magia do Natal.

 

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