O homem mais mediático de 1995 morreu de cancro.

 Grande parte da América celebra que a justiça finalmente tenha sido feita. Assinalo aqui este acontecimento apenas porque eu, como muitos outros, acompanhei com interesse e estupefacção tudo o que rodeou o brutal assassinato da Nicole Brown Simpson  e do seu amigo Ronald Goldman.

 Todo o circo mediático do 'julgamento do século' a dimensão e o espetáculo americano levados a um extremo nunca antes visto e nunca mais repetido. Tivemos o julgamento mais recente e também em direto do Johnny Depp mas esse comparado com o de OJ foi uma brincadeira de crianças. Ainda não existia reality TV, nem internet tudo era inédito e completamente surreal.

 Formei a minha convicção na altura, OJ era claramente culpado, todas as provas pareciam indicar nesse sentido mas a sua brilhante, descarada, populista e oportunista equipa de super advogados com nomes tão sonantes como Robert Shapiro e Johnnie Cochran conseguiu o impossível. Equipa esta que de alguma forma tornou este caso num acerto de contas racial e uma 'América Branca' contra uma 'América Negra' tornando O.J. numa espécie de encarnação de toda uma etnia que estava mais uma vez a ser perseguida por uma polícia racista e incompetente. Nunca acreditei nessa teoria apesar de, depois de ver a série The People vs OJ Simpson  a minha opinião sobre o julgamento ter mudado bastante. Continuai convencido que OJ era culpado mas devido ao fraco trabalho dos advogados de acusação achei que o júri, em boa fé, dificilmente o poderia considerar culpado. 
 Enfim, a morte de OJ surpreendeu-me, por isso falo nela. Não fico nem contente nem triste por ele, não sei o que se passou e não me parece bom karma festejar o infortúnio dos outros. É mais um dos nomes da minha juventude que parte, mais uma memória que deixa de ser viva e mais uma constatação de que o tempo não pára nem espera por ninguém.

 Bom fim de semana

JB