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sardinhaSemlata

Um espaço de pensamento livre.

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12.04.21

Operação Marquês: “O Circo Mediático”


Filipe Vaz Correia

 

 

 

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Sexta-Feira o País parou...

Saiu o resultado da Instrução do processo Marquês, numa tarde quente, com as claques preparadas, os comentadores a postos, o espectáculo montado...

Tudo isto teria imensa graça, caso não fosse este pequeno pormenor, o por-maior de ser um caso Judicial.

Todos palpitam, resultado de quebras de segredo de justiça, a palavra justiça quase cora,  todos opinam na sua ignorante vontade sobressair.

O processo de Instrução findou e eis que saltaram as virgens ofendidas, os lideres de claques vigilantes, os sebastianistas em dia de neblina preparados para imolar o Juiz que ousou macular o quadro desenhado.

Faço aqui um ponto de ordem:

Considero José  Sócrates um corrupto, essa é a minha convicção, aliás corroborada pelo Juiz Ivo Rosa que até excedendo porventura os seus poderes resolveu deixar sem margem para dúvidas o que considerava sobre o anterior Primeiro-ministro...

Corrupto, mentiroso, alguém que vendeu o cargo que ocupava em favor de interesses.

Queriam mais?

Talvez...

O que não esperavam os acéfalos de plantão era que o dito Juiz cumprisse as regras do Direito, ou seja, aquilo para o qual estudou e que deve reger aqueles que servem de julgadores.

Queriam que este  se tornasse em mais um na roda da CMTV, talvez um Ventura na "Rua Segura", um qualquer opinador sedento de protagonismo cavalgando a onda mediática do populismo.

Não tenho essa ideia de Ivo Rosa...

E felizmente, ele a confirmou.

O que esta decisão nos deve fazer reflectir é sobre a incompetência do nosso Ministério Público, incapaz de pegar no mais corrupto dos corruptos e de o levar a julgamento, em tempo útil, sobre um determinado conjunto de crimes que a todos pareceriam evidentes.

O direito não é populaça, isso é mais pelourinhos e queimadas, inquisição e afins...

Perece-me que o Estado de Direito foi um ganho civilizacional, algo de tamanha importância que não deveremos correr o risco de perder à luz de um conjunto de bacocos populistas capazes de convencer pessoas a assinar uma INCONSTITUCIONAL petição.

Gente pequena.

Alguns queriam que Sócrates fosse condenado pelo simples facto de ser José Sócrates, nessa disputa Esquerda/Direita, deverei incluir aqui a palavra extrema?, outros apenas achavam que sim pelas milhares de horas desse pasquim CM que condena, inocenta, invade...

Gente pequena.

O que para mim desde o início me pareceu fundamental era que este caso fosse irrepreensível, assente no mais rigoroso escrutínio, ao mesmo tempo que desarmava as figuras centrais de tão tenebroso tempo.

Mais do que Sócrates, Salgado, Vara, Bava ou Granadeiro, importava  dar uma imagem da justiça de um garante desse equilíbrio da nossa sociedade,

Desde  a primeira hora que a justiça se portou ao nível dos criminosos, sedentos de circo, de mediatismo...

A questão não é o Juiz Ivo Rosa, mas sim a forma como compactuamos com esta forma de justiça que é tão inquinada como os criminosos que tentam sobreviver através dela.

Gostava de sentir que aprendemos alguma coisa com este caso Marquês...

Mas acho que não.

O direito é tão importante no momento de incriminar como é no momento de inocentar...

E apenas uma coisa importa...

As provas.

Não a  impressão popular ou o instinto de quem julga.

Se cedermos nesse momento voltaremos a séculos  atrás...

E isso se denomina de Retrocesso Civilizacional.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

 

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